A feliz iniciativa da Assembleia Municipal de São Brás de Alportel, que agora foi tornada pública, de, motivada por um grupo de cidadãos, propor ao Governo a atribuição do nome “Almirante Gago Coutinho” ao Aeroporto Internacional de Faro, constitui motivo do sentimento de satisfação e orgulho que contagia todos algarvios.
Pese embora as tantas glórias que o Almirante Gago Coutinho personificou, ainda não tinha sido cometido este acto, de tão meritória justiça, de atribuir o seu nome a um aeroporto nacional. E ao ser o nosso aeroporto distinguido com tal honraria, proclamamos o quanto nos sensibiliza a distinção a esta relevante figura de ascendência Algarvia.
Este acto vem juntar-se e dar o maior dos relevos às comemorações de âmbito nacional que a Marinha e a Sociedade Geografia de Lisboa vêm desenvolvendo, agora que se celebraram os 150 anos do nascimento de Gago Coutinho.
O Almirante Gago Coutinho, filho de Algarvios (avós de S. Brás de Alportel), figura ilustre de marinheiro, astrónomo, matemático, cartógrafo e historiador, foi um dos precursores da navegação aérea a nível mundial, que muito honrou e prestigiou o nosso país.
Gago Coutinho era uma pessoa simples, de grande valor intelectual e humano. Homem genial, sábio, que, cultivando a modéstia, contribuiu de forma irrepreensível para a cultura científica dos séculos XIX e XX, onde atingiu projeção internacional.
Grande parte da sua carreira naval é dedicada principalmente à função de geógrafo de campo, levando a cabo missões geodésicas e de delimitação de fronteiras nas colónias, onde criou e desenvolveu novos equipamentos e utilizou métodos de exploração nunca antes experimentados.
Foi porém a travessia aérea do Atlântico, a primeira travessia intercontinental ligando a Europa à América do Sul, que projectou o seu nome para a esfera da glória, tornando-o um símbolo que dignificou Portugal.
Ficou a dever-se a Gago Coutinho e a Sacadura Cabral a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada em 1922 entre Lisboa e Rio de Janeiro. Tal só foi realizável por se alicerçar na elevada craveira científica do Almirante que se tornou figura mundialmente reconhecida e considerada como pioneiro da aviação. Gago Coutinho foi o primeiro navegador aéreo no mundo que se orientou, no ar, por navegação astronómica. Para tal criou instrumentos e introduziu modificações no sextante utilizado a bordo de navios, para poder ser utilizado a bordo de aviões, o que ficou a ser mundialmente conhecido como o “Sextante System Admiral Gago Coutinho.”
O seu nome ficou vinculado, de uma forma indelével, não só à Aviação Naval Portuguesa, que muito honrou, mas também à Aviação mundial, por virtude dos seus proficientes estudos e trabalhos sobre Navegação Aérea.
A última fase da vida de Gago Coutinho é dedicada aos estudos históricos da náutica, da cartografia, dos instrumentos de navegação, da arqueologia naval e das técnicas de navegação do período dos Descobrimentos. O seu contributo foi notável, para esclarecimento de algumas matérias que se relacionavam com a navegação à vela nos séculos XV e XVI e no importante capítulo da história dos descobrimentos, onde foi mestre e dos maiores.
O relevo da sua personalidade, enquanto aeronauta, cientista e historiador mereceu a atribuição das mais elevadas condecorações e a sua promoção por distinção a Almirante, em 1958, pela Assembleia Nacional, quando já tinha 89 anos de idade.
O Aeroporto Internacional de Faro, por ser a principal porta de entrada e a nossa sala principal de boas vindas é um dos principais instrumentos de divulgação e promoção do Algarve. Passará agora a estar aberto ao mundo com a honra do nome dum distinto pioneiro da aviação mundial.
Queiram então os decisores (Governo) dar a sua aprovação a tão meritória como justa iniciativa das gentes de S. Brás de Alportel, que tão bem interpretaram um anseio dos Algarvios.
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