Vegan Box é o nome do novo snack-bar totalmente vegan situado em pleno coração da cidade de Faro. O espaço oferece vários menus sem qualquer componente de origem animal a preços bastante acessíveis.
Ana Beatriz Lopes juntamente com a mãe (Ana Lopes) e a irmã (Bruna Lopes) decidiram embarcar nesta aventura. “Eu e a minha irmã deixámos de comer carne há uns anos e, entretanto, deixámos de comer o resto e tornámo-nos vegan”, começa por explicar ao nosso jornal.
“A minha mãe e a minha irmã sempre tiveram um grande gosto pela cozinha e, como tal, criavam receitas diferentes. Com o passar dos anos os nossos amigos e familiares começaram a gabar muito a nossa comida e a pedir-nos para cozinharmos para eles”, recorda.
Ana Beatriz Lopes explicou ao POSTAL que “este ano, após concluirmos os estudos, estávamos mais disponíveis para abrir o espaço e decidimos arriscar”.
Vegan Box é um espaço familiar
“Ao pensarmos nesta ideia, não queríamos um restaurante, queríamos algo mais familiar: um snack-bar que fosse totalmente vegan e que estivesse aberto em horário de café. A ideia era abrir um espaço que não estivesse só a funcionar no horário das refeições. Este é um local onde as pessoas podem vir lanchar, beber um café depois do almoço ou jantar ou até mesmo quando vão sair”, conta.
O snack-bar localiza-se na Rua Cruz das Mestras, número 4, em Faro, e está aberto do meio-dia à meia noite, de segunda a quinta-feira. Ao fim de semana (sexta e sábado) funciona do meio-dia até às 2 horas da manhã. O Vegan Box encerra ao domingo.
A ideia é “ser um espaço onde as pessoas não sintam aquela necessidade de se arranjar para vir ao restaurante. Aqui é como se fosse a casa da avó, onde podem inclusivamente trazer os seus próprios tupperwares. Se não quiserem comer cá, podem enchê-los de comida e ir embora”, realça.
Ana Beatriz explica que “quando começámos a pensar na entidade visual do Vegan Box pensámos muito no ‘pensa fora da caixa‘. Ser vegan é pensar um pouco fora da caixa e fugir da corrente. Ser vegan passa por pensar em novas soluções para mudarmos a nossa rotina, para deixarmos de comer aquilo que comemos a vida inteira e para isso é necessário abrir horizontes”.
E aqui o lema é pensar “fora da caixa” e comer “dentro da caixa”. A parte do comer dentro da caixa é pelo facto “de tudo o que pode ser comido aqui, também pode ser levado “em caixas”. Está tudo incluído no take away”, afirma.
O nome “Vegan Box” vem do facto do espaço ser muito pequeno. “Parecem duas caixinhas, uma em cima da outra” e depois também pela particularidade de “vem pensar dentro da nossa caixa e comer a nossa comida nas nossas caixas. São de todos os tamanhos e feitios. É só escolher”.
Vegan Box disponibiliza a opção take-away
Ana Beatriz Lopes explicou ao POSTAL que “já existem muitas pessoas a ir buscar comida no regime de take-away. Para além disso, iniciámos uma parceria de entregas em casa com a Glovo”.
“No que diz respeito ao espaço, a decoração foi toda feita com móveis e loiças que vêm da nossa família e que estão agora a ser reutilizadas. Eu acho que os clientes entendem isso, que este espaço tem um ambiente mais acolhedor, daí as almofadas, os cortinados e as mantinhas”, afirma.
Ana Beatriz Lopes realça que “queremos que as pessoas se sintam em casa e que venham para cá com a família, com os amigos e fazer os jantares de Natal mas como se fosse mesmo em suas casas”.
Ana Beatriz Lopes salienta que “nós nunca trabalhámos na área da restauração. Tem sido um desafio constante. A minha mãe e a minha irmã gostam muito de cozinhar e de experimentar coisas novas e até de chegar a fórmulas e receitas portuguesas, mas em modo vegan”.
“Nós estamos todos os dias a inovar. Há muita gente que vem cá e já sabe que temos, por exemplo, pastel de nata vegan, salame vegan, salame de oreo, arroz doce e pudim. Já sabem o que temos e também têm consciência de que estamos sempre a criar coisas novas. Há dois dias nasceu a broa de batata-doce e frutos secos e é ótima”, confessa.
A proprietária afirma que “uma das diferenças do nosso espaço é o facto de termos preços acessíveis que se encontram nos cafés, mas que não se encontram nos restaurantes”.
No Vegan Box há comida para todos os gostos. O snack-bar tem sempre rissóis, empadas, croquetes e chamuças vegan. Para além disso, tem ainda quiche, hambúrgueres de feijão, batata-doce, quinoa, seitã e as seitanas (bifanas mas em versão vegan).
O hambúrguer no prato ronda valores que não chegam a seis euros. Por sua vez, um hambúrguer no pão não chega a quatro euros. Já o prato do dia é 7,5 euros.
Há sempre uma variedade enorme de doces: brigadeiro de chocolate, brigadeiros de coco, pastel de nata, salames diversos. Há várias sobremesas, desde pudim, musse e arroz doce.
O snack-bar tem ainda bebidas naturais e chás frios a um euro.
“Eu acho que temos preços muito em conta e mesmo os bolos nós não queremos que, só por serem vegan, sejam mais caros do que o normal e que “as pessoas acreditem que não têm poder de compra”, explica Ana Beatriz Lopes ao POSTAL.
A Vegan Box disponibiliza ainda todos os domingos a ementa semanal (sopa e prato do dia) da semana seguinte.
O espaço aceita ainda encomendas de grupos. “Podem fazer encomendas de Natal. Se não souberem o que fazer para a consoada, liguem-nos e nós damos ideias, sempre 100% vegan”, afirma.
Ana Beatriz Lopes explica a motivação subjacente à abertura do espaço
“Nós abrimos há cerca de um mês totalmente por causa dos animais. Achamos que a indústria não os trata decentemente. A nossa espécie acha que tem um poder e que todo o mundo é deles quando não é e nós acabamos por tratar muito mal as outras espécies. Aqui somos “anti-especistas”.
Ana Beatriz Lopes defende que “para respeitar os animais não os podemos comer, não podemos encurralá-los, nem usar os ovos deles, nem nada do que eles produzem para eles próprios. Acreditamos que abrir o espaço é uma forma de ativismo”.
“Gostávamos que as pessoas entendessem que com alimentos simples podem comer em casa refeições com sabores diferentes e bastante complexas. Não precisam de perder os sabores a que estão habituados e não é caro. Podem levar o nosso exemplo para entenderem isso”, explica.
Quanto a expetativas futuras, Ana Beatriz Lopes é peremptória: as expetativas é que os farenses entendam que comer vegan é fácil, é bom, é barato e que possam vir aqui. Se não vierem aqui, pelo menos que abram negócios vegan porque ser vegan não é uma competição, é um estilo de vida e é bom que surjam mais espaços destes”.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)