Não vou fazer aqui uma dissertação para letrados nesta matéria, mas tão somente dar uma noção de alguns problemas relacionados com a inflação para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se debruçar sobre questões económicas.
A inflação é a subida generalizada e constante dos preços dos bens de consumo constantes num cabaz de compras, se houver descida generalizada e constante dos preços teremos a deflação. Há já alguns anos que não se fala insistentemente da inflação, não é que não exista, existe, mas a um nível baixo.
A inflação é a medida da desvalorização da moeda face aos bens transacionáveis, quer ao nível interno quer ao nível externo.
No princípio da década de 80 a inflação atingiu os trinta por cento em Portugal enquanto os depósitos bancários rondavam os 25%. Como o imposto de capitais era, e é, de 20%, as pessoas depositavam dinheiro porque auferiam ‘bons rendimentos’. Na realidade recebiam cerca de 20% de juros, como a inflação era de 30% perdiam cerca de 10% do seu capital por ano. Era a ilusão monetária, hoje acontece o mesmo, as taxas de juros são inferiores a um por cento e a inflação é de cerca de 2,5%, só que não há corrida aos depósitos porque a taxa de juro ser baixa e não criar uma ilusão monetária que convença as pessoas a fazerem depósitos, desviando o dinheiro para o consumo, que tem como consequência a falta de poupança e reduzida liquidez do sistema bancário o qual vai financiar-se no exterior.
A inflação funciona como um mecanismo de redistribuição de rendimentos. Quem ganha são os detentores de rendimentos variáveis porque os preços sobem diariamente, consequentemente, os lucros sobem também diariamente, enquanto que os perdedores são os detentores de rendimentos fixos, salários, rendas de casas e juros de depósitos, que só sobem anualmente.
Como sabemos, a taxa de juro tem estado a níveis muito baixos e até negativos definidos pelo Banco Central Europeu, com a justificação de incentivar a economia através do embaratecimento do crédito às empresas e paralelamente ao consumo. Contudo, decorridos vários anos, os resultados desta política monetária parece ainda não ter resultados inequivocamente positivos. Esta situação só sofrerá alterações quando os grandes grupos financeiros mundiais vislumbrarem uma oportunidade de aumentar muito os lucros com uma ‘crise monetária’ e inflacionária.
Segundo alguns teóricos, é útil existir uma inflação até 3%, porque permite às empresas terem um lucro acrescido sem penalizar os trabalhadores, supondo que estes são aumentados os mesmos 3% no fim do ano.
A deflação é que é perigosa para a economia dado que os preços baixam constantemente o que leva as empresas a terem prejuízos e a terem que despedir trabalhadores, aumentando o desemprego e diminuindo o consumo, tendo por consequência nova descida de preços, entrando dessa forma num círculo vicioso que pode provocar a recessão económica. Existem alguns exemplos desta situação.
Em Economia nunca são lineares as consequências de algumas políticas preconizadas por pessoas que pensam perceber de economia. Em Portugal há o hábito de todos quererem ser economistas, médicos e treinadores de futebol.
Na actual situação de taxas de juro muito baixas é aconselhável às famílias fazerem investimentos em bens duradouros, embora as famílias devam analisar bem a sua situação a longo prazo por causa da previsível subida dos juros, uma forma expedita é fazerem a simulação dos custos mensais a uma taxa de juro 5% acima da taxa praticada pelos bancos. Nunca devem seguir incondicionalmente todas as recomendações dos funcionários bancários porque estes têm que defender os seus próprios interesses face à entidade bancária para quem trabalham.
As taxas de juro irão subir e as facilidades actuais podem vir a ficar muito caras no futuro.