A idade para se atingir a reforma tem aumentado regularmente, não por prazer de um qualquer governo, mas pela necessidade real de sustentabilidade do sistema actual.
Eu não quis nascer já reformado por isso trabalhei 51 anos e continuaria a trabalhar se não fosse a incompetência e obtusidade de algumas pessoas. Faz-me confusão ouvir por vezes algumas pessoas com menos de 50 anos dizerem que estão fartos de trabalhar e que estão desejando chegar à reforma, estão desejando serem velhos!
Para esclarecer algumas dúvidas, consultei os dados estatísticos sobre a população disponíveis no INE, relativos a 2011. Ao tentar fazer a pirâmide etária obtive um gráfico distante de uma pirâmide etária normal. Depois encontrei na NET um site que fornece essa imagem para qualquer país, com dados atualizados, onde está uma pirâmide semelhante à qual eu tinha chegado em relação a Portugal.
Verifica-se no gráfico que a partir de meados da década de 70 a taxa de natalidade caiu muito rapidamente, são as pessoas que têm hoje cerca de 45 anos, o que está a criar problemas de sustentabilidade da Segurança Social na actualidade.
A acreditar no site: https://www.populationpyramid.net/pt/portugal/2019/, temos duas pirâmides etárias completamente diferentes.
Na pirâmide relativa a Portugal vemos que existem cada vez menos jovens para mais tarde trabalharem e pagarem as reformas dos mais velhos. Na segunda pirâmide, com uma configuração que era habitual, vemos que existem muitos jovens, portanto as reformas dos mais velhos estarão garantidas no futuro.
Todos os países da europa têm pirâmides etárias que são autênticos “bonecos barrigudos” que jamais voltarão a ser como há algumas décadas atrás, é uma tendência ao nível mundial. É este o problema!
Nos países mais desenvolvidos do mundo, as mulheres têm cada vez menos filhos e cada vez mais tarde, é frequente terem o primeiro filho aos 40 anos, enquanto que antigamente tinham entre os 15 e os 20 anos, independentemente do que pensemos agora a esse respeito, foi assim durante milénios.
Por outro lado, a assistência na doença tem melhorado e permite que as pessoas vivam mais anos. Estes dois fatores têm contribuído para o pré descalabro dos sistemas de segurança social.
Se não existirem jovens para trabalharem e descontarem para a segurança social, como é que vamos manter um sistema de saúde universal? Como é que vão ser pagas as reformas? Como é que se vão garantir todos os benefícios sociais?
Quanto a mim passa por uma reforma profunda da mentalidade e da estrutura da sociedade. Pode passar por aumentar os impostos e o dinheiro sair do Orçamento do Estado. Pode passar por seguros de saúde e reforma privados HONESTOS. Pode passar por serem também os robôs a ‘descontarem’ para a segurança social como se fossem pessoas a trabalhar. Pode passar por reformas menores e com apenas dois ou três níveis, como já existem em alguns países.
Mais tarde ou mais cedo uma ou várias destas medidas têm de ser aplicadas.
Em Portugal já está a passar por continuar a aumentar a idade de reforma. É necessário aumentar a idade de reforma apesar de ser um contrassenso com a necessidade de emprego para os jovens e a utilização de robôs nas fábricas.
Esta é uma discussão que tem de ser feita com honestidade intelectual e sem cores partidárias. O dinheiro não surge por obra e graça de algum ser sobrenatural, é preciso produzir riqueza para depois distribuir criteriosamente.
Ninguém precisa de reformas de 150.000€ por mês, mas elas existem. Contudo, com a incompetência e corrupção da classe política, com os interesses pessoais e com o favorecimento dos amigos e familiares, não me parece que se tomem decisões a curto ou médio prazo.