Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia já daqui a duas semanas, o que obriga o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge.
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que já está mais próxima da zona de risco com transmissão mais elevado.
O número de internados nos cuidados intensivos também tem estado a subir, sobretudo no continente, com os hospitais de Lisboa a puderem esgotar a sua capacidade de resposta nas próximas semanas.
Com o crescimento do número de casos detetados da variante Delta do coronavírus, esta variante pode vir a tornar-se dominante nas próximas semanas em Portugal.
Até à quarta-feira passada tinham sido identificados 92 casos. As autoridades de saúde contactaram os infetados, um a um, à procura das cadeias de transmissão, mas em muitas situações não encontraram ligação com nenhum caso conhecido de covid-19. Ou seja, foram infetados na comunidade.
A variante Delta foi detetada na Índia e já é predominante no Reino Unido.
Os dados oficiais mais recentes desta sexta-feira confirmaram que a variante Delta é 60% mais transmissível.
Um estudo publicado ontem pela direção geral de Saúde de Inglaterra (Public Health England, PHE) indica que a estimativa é superior à anterior, referida pelo ministro da Saúde, Matt Hancock, no início da semana, de ser 40% mais contagiosa em comparação com a variante Alpha, ela própria mais transmissível do que as variantes iniciais do novo coronavírus.
De acordo com a PHE, foram identificados 42.323 casos desta variante identificada primeiro na Índia, contra 29.892 há uma semana atrás, representando mais de 90% do total de infeções no país.
A subida do índice de transmissibilidade (Rt) entre 1,2 e 1,4 em Inglaterra reflete o impacto da variante Delta no país, que vinha a registar um declínio no número de casos desde janeiro.
Nos últimos sete dias, entre 05 e 11 de junho, a média diária foi de nove mortes e 6.556 casos, o que corresponde a uma subida de 10,9% no número de mortes e de 58,1% no número de infeções relativamente aos sete dias anteriores.
O Presidente da República afasta a hipótese de recuos no desconfinamento a nível nacional e diz que os hospitais ainda estão longe de uma pressão igual à de janeiro.
Marcelo Rebelo de Sousa explica que o país terá de se habituar ao aparecimento de novas variantes e que a vacinação periódica poderá ser uma realidade.
Mas Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia já daqui a duas semanas, o que pode obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge.
Sesimbra pede ajuda ao Governo
Em Sesimbra, o número de casos de covid-19 mais que duplicou nas últimas duas semanas. O concelho tem hoje 301 casos por 100 mil habitantes.
A autarquia já pediu ajuda ao Governo para dar um passo atrás no desconfinamento e controlar o número de infeções.
O presidente da câmara de Sesimbra diz que também que já foi feito um pedido aos ministérios da Administração Interna e da Defesa para reforçar o número de efetivos da GNR nas ruas e nas praias.
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