As crianças vão regressar já na próxima segunda-feira às escolas, creches e pré-escolares, mas há ainda dúvidas quanto à utilização de máscaras pelos alunos do primeiro ciclo. Segundo o “Público”, a Associação Nacional de Diretores de Escolas (ANDE) defende que a medida é mais uma proteção, enquanto do lado dos pais, pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), não é vista grande vantagem.
A utilização de máscara não é obrigatória para crianças com menos de dez anos, mas o Ministério da Educação deu, na semana passada, indicação às escolas para avançarem com a compra de um kit de três máscaras comunitárias para cada aluno do primeiro ciclo. Esta utilização é, no entanto, “voluntária”, apontou a tutela, acrescentando que existem “razões de prudência, cabendo aos respetivos encarregados de educação a decisão sobre a sua utilização”. Manuel Pereira, da ANDE, diz que as escolas estão a trabalhar “para ter a colaboração dos encarregados de educação nesse sentido” e sublinha que estas medidas “dão confiança”.
Para a Confap, explica Jorge Ascensão, o cenário é diferente: “Não temos, neste momento, dados científicos objetivos que nos digam que o uso de máscara nestas idades é mais vantajoso”. Ainda assim, se a Direção-Geral da Saúde der indicações para o uso de máscara, os pais “terão de aceitar” a decisão, acrescentou Jorge Ascensão.
Já em relação ao regresso às aulas, os diretores de escolas mostram-se confiantes e garantem que as escolas estão preparadas para receber, novamente, os alunos, à semelhança daquilo que aconteceu em setembro. À Lusa, Manuel Pereira recordou que há muito que toda a comunidade educativa deseja regressar ao regime presencial e considerou que começar pelos mais novos é muito positivo. Também Filinto Lima, presidente Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) elogiou a decisão, apontando que os mais novos “são aqueles que poderão pagar a maior fatura deste ensino a distância”.
Filinto Lima explicou que as escolas serão mais rigorosas no cumprimento das regras e deixou um apelo aos encarregados de educação: “Pedíamos aos pais que quando fossem à escola, deixassem os seus filhos e saíssem imediatamente. Era importante que dessem esse exemplo e não ficassem muitas vezes fora da escola em ajuntamentos”.
Este regresso gradual foi igualmente elogiado pelos diretores escolares, que já o previam, mas o presidente da ANDE admitiu que pode colocar um problema às escolas com professores que partilham ensino básico e ensino secundário. “Pode ser uma grande complicação termos professores nas escolas a dar aulas presenciais e a terem, simultaneamente, de dar aulas à distância”, explicou, apesar de acabar por ver o copo meio cheio, afirmando que “é uma situação que só terá de acontecer durante duas semanas”.
Depois dos mais novos, o calendário de reabertura das escolas do plano de desconfinamento prevê que os restantes alunos regressem após as férias da Páscoa. A 5 de abril voltam ao ensino presencial os cerca de 530 mil alunos do 2.º e 3.º ciclos, que voltam a ter também abertos os AT. Os alunos do ensino secundário e do ensino superior só voltam a ter aulas presenciais em 19 de abril, anunciou António Costa.
Neste regresso, as escolas contarão com uma medida de segurança adicional, com a realização de rastreios laboratoriais para a SARS-Cov-2 previstas para o reinício das atividades presenciais. No entanto, os presidentes das duas associações não têm ainda o calendário para esses rastreios, que já estão a decorrer nas escolas de referência para acolhimento, e Filinto Lima diz ainda que nem todos os profissionais terão realizado um teste à covid-19 até segunda-feira.
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