Disfunção erétil, insuficiência cardíaca e acidentes vasculares cerebrais são apenas algumas das graves consequências da hipertensão arterial. Esta doença, frequentemente assintomática, exige deteção precoce para prevenir complicações severas.
No Dia Mundial da Hipertensão Arterial, a especialista em Medicina Interna e secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Heloísa Ribeiro, esclarece, em declarações ao Viral, como se diagnostica a hipertensão e quais os sinais a que se deve estar atento.
“A hipertensão arterial é uma doença silenciosa”, começa por destacar Heloísa Ribeiro. Este problema de saúde pode ser um fator de risco para diversas condições, mas é, acima de tudo, uma doença por si só. Por isso, a especialista adverte: valores elevados de pressão arterial não devem ser desvalorizados, mesmo que a pessoa se sinta bem e sem sintomas aparentes.
“É importante termos em mente que, se temos um valor alto numa medição, devemos ter atenção, voltar a medir, e verificar se temos ou não hipertensão”, alerta a médica. Isto porque, como salienta, “a hipertensão arterial é uma doença silenciosa”, e “quando dá sintomas, na maior parte das vezes, quer dizer que já há dano de órgãos”.
Ainda assim, é crucial estar atento a possíveis sintomas, como “uma dor de cabeça com sinais de alarme”. Estes sinais podem incluir “uma dor diferente da habitual, dor com alteração da visão ou com outro défice neurológico, dor com náuseas ou com vómitos intensos”.
O diagnóstico de hipertensão é confirmado quando, após várias medições, os valores da pressão arterial ultrapassam os limites considerados normais. Heloísa Ribeiro explica: “falamos de hipertensão quando temos valores superiores a 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio) em pelo menos duas a três consultas com uma a quatro semanas de intervalo entre elas”. Isto significa que a pressão sistólica (máxima) excede 140 mmHg e a pressão diastólica (mínima) supera 90 mmHg.
Contudo, o diagnóstico pode ser imediato se os valores forem superiores a 180/110 mmHg ou se houver já “lesão de órgão associada à hipertensão”.
A medição da pressão arterial em casa pode complementar as medições em consultório. Existem duas formas principais de realizar estas medições domiciliares: a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e a automonitorização da pressão arterial (AMPA).
Na MAPA, o paciente usa um aparelho durante 24 horas, que recolhe dados contínuos da pressão arterial. “Coloca o aparelho num dia de manhã, faz um dia normal e dorme com ele”, explica a especialista. Já na AMPA, “o próprio doente (ou um cuidador) mede a sua pressão arterial duas vezes de manhã e duas vezes à noite, idealmente, durante sete dias”.
Estas medições são particularmente úteis para confirmar o diagnóstico em duas situações: quando o paciente apresenta “tensões altas em consultório, mas normais em casa” (hipertensão de bata branca) ou quando “o doente tem valores normais em consultório, mas em casa tem valores elevados” (hipertensão mascarada).
Para a automonitorização, é essencial utilizar dispositivos validados para garantir a precisão das medições. A lista de aparelhos validados está disponível no site da organização científica Stride BP.
A hipertensão arterial, apesar de muitas vezes silenciosa, é um sério problema de saúde que pode levar a complicações graves se não for diagnosticada e tratada a tempo. Manter um acompanhamento regular da pressão arterial e estar atento aos sinais de alerta são medidas fundamentais para uma vida mais saudável e livre de riscos desnecessários.
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