Portugal está prestes a dar mais um passo importante no caminho para a normalidade, sem pandemia. “Estamos a trabalhar numa proposta para levantar restrições”, adianta Raquel Duarte, coordenadora do grupo de peritos que tem aconselhado o Governo sobre a estratégia contra o vírus. Para a pneumologista, “temos uma situação favorável e é altura de mudar o paradigma, com cautela”. Uma nova reunião de peritos no Infarmed é expectável nos próximos dias.
Sem revelar quais vão ser as restrições com fim à vista, Raquel Duarte explica, ainda assim, que “devemos planear o caminho da normalidade a começar pela testagem, por exemplo, limitando-a à proteção dos mais vulneráveis e a situações de maior risco”. A médica sublinha que todos os passos têm de continuar a obedecer a “critérios cautelosos e prudentes”, pelo que “a máscara deve manter-se no espaço interior e nos locais de maior risco”.
“Não podemos ser surpreendidos e, por isso, temos ainda de ter um sistema sentinela sensível, mas que não tem de ser tão apertado como agora.” E, acrescenta: “Dentro em breve, com o tempo mais quente, vamos poder ter um alívio, por exemplo na utilização de máscaras, que terá, no entanto, de ser reduzido no inverno.”
O matemático do grupo, Óscar Felgueiras, acrescenta outra alteração nas restrições: “Ainda temos muitos isolados sem sintomas e é natural que na atual situação de melhoria significativa haja uma alteração das regras.” E, acrescenta: “Daqui em diante, teremos todas as condições para levantar mais medidas”.
Óscar Gaspar é taxativo: “Temos, de facto, uma situação em que o risco de sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde é muito reduzido e não se vislumbra que essa situação se altere.” E justifica: “O RT volta a estar abaixo de 1 e a linha vermelha nos cuidados intensivos não foi atingida. A incidência perdeu importância. Já estamos na fase descendente e mesmo que ainda houvesse um risco residual não se iria, nem irá, seguramente ultrapassar a fasquia de segurança definida para os internamentos críticos.” O matemático já tem o resultado da operação: “O número de novos casos está a baixar e relativamente rápido. A curto prazo vamos ter uma melhoria muito visível.”
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL