O consórcio Algarve Medical Center (ABC) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão a trabalhar num projeto-piloto que visa formar pessoas para prestar assistência com desfibrilhadores a doentes cardíacos antes da emergência pré-hospitalar, foi esta quinta-feira anunciado.
Em declarações à Lusa, o presidente do ABC adiantou que o projeto-piloto será implementado inicialmente em Loulé, contando já com 1.700 pessoas formadas para “utilizarem desfibrilhadores automáticos externos e fazerem de forma adequada as manobras de suporte básico de vida a pessoas da população”.
O objetivo é permitir que o INEM, através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e de uma aplicação e plataforma digital criadas para o efeito, tenha acesso à geolocalização das pessoas formadas e dos desfibrilhadores e “ativar quem está mais perto” para prestar assistência, destacou Nuno Marques.
A assinatura do acordo entre o INEM e o consórcio que junta Universidade do Algarve e o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) acontece na sexta-feira, em Loulé, no âmbito de um outro protocolo que INEM e ABC já têm em curso para a implementação do projeto “Algarve Coração Seguro”.
O projeto, esclareceu, visa criar uma zona piloto para um sistema de ativação da assistência a doentes cardíacos ainda anterior ao nível pré-hospitalar, tendo em conta que o INEM presta a assistência pré-hospitalar, ativada pelo CODU cada vez que há uma ocorrência na população.
“O que estamos a fazer no município de Loulé, com o apoio da Câmara, é treinar pessoas para a utilização de desfibrilhadores automáticos externos e para poderem fazer de forma adequada as manobras de suporte básico de vida a pessoas da população”, explicou Nuno Marques.
Segundo o presidente do ABC, com este trabalho, o INEM e o CODU “ativam sempre a pessoa que está mais perto” e garantem que há “um socorro à vítima o mais rapidamente possível, porque em casos de paragem cardíaca sabe-se que os minutos iniciais são chave”, sublinhou.
“Em termos de impacto, há 1.500 ocorrências de morte súbita por ano, isto quer dizer que, se conseguirmos com um processo destes, uma taxa de sucesso de 10%, são 150 pessoas salvas por ano e, se conseguirmos 20%, são 300 pessoas salvas”, quantificou.
Nuno Marques adiantou também que, “neste momento, há já cerca de 1.700 pessoas formadas só no concelho de Loulé para poderem utilizar estes desfibrilhadores e prestar este socorro”, enquanto o grupo que trabalha na implementação do projeto “identifica os lugares chave, muitos deles do interior do concelho e da serra algarvia, onde as viaturas do INEM demorarão mais tempo a chegar” para aí colocar os desfibrilhadores.
O ABC foi quem “formou as pessoas e está a desenvolver a ‘app’ e plataforma para fazer a ligação entre as várias partes” e o projeto vai ser “otimizado” nas próximas semanas, criando uma resposta “completamente inovadora” e que “nunca foi feita no mundo”, sublinhou.
“No concelho de Loulé é esperado que, no máximo, dentro de dois meses, isto esteja a funcionar em pleno”, estimou Nuno Marques, adiantando que a ideia é “estender a zona piloto ao Algarve todo” e “mais tarde, o INEM ver também como, em termos nacionais, pode ser implementado” um apoio deste tipo.
Atualmente, segundo o presidente do ABC, “em Loulé há já 56 desfibrilhadores operacionais no programa e espera-se que este ano ainda seja adquiridos e juntos ao processo mais 70”, enquanto o número de pessoas formadas deverá passar das 1.700 para as 5.000, aproximando o Algarve de ser “uma das regiões mais seguras em termos europeus” em caso de crises cardíacas.
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