A mãe, Andreia Estrela, residente em Olhão, conta, ao POSTAL, a sua revolta com a alegada negligência feita ao filho Rodrigo, de sete anos, por um médico do hospital de Faro.
Andreia conta como tudo aconteceu: “o meu filho sofreu um acidente a fazer desporto no dia 28 de abril. Foi transportado pelo INEM para o hospital de Faro (CHUA) onde foi visto na triagem por um médico pediatra e de seguida encaminhado para a ortopedia. Tivemos a sorte de ‘apanhar’ um médico que estava de banco e que seguiu o meu filho até ser operado a uma fratura supracondiliana de nível 3”, explica.
A mãe continua, “no dia seguinte, na parte da tarde, o meu filho foi acompanhado no bloco operatório pelo médico ortopedista que nos seguiu desde que demos entrada no hospital. A operação correu muito bem. No dia 30 de abril o meu filho teve alta e o médico fez notar que no período máximo de 10 dias iríamos ter consulta para fazer Raio-X de controlo”.
No dia 3 de maio, recebeu uma carta do hospital para comparecer a uma consulta externa, no dia 11, às 9:15.
Chegado o dia 11 e já na consulta, a mãe conta que “o médico mandou o meu filho para a sala de enfermagem, foi então retirada a tala de gesso, daí seguimos para realizar Raio-X já sem a tala e nada a segurar o braço. Depois de realizado o Raio-X voltámos ao gabinete do médico”.
Os pais ficaram “espantados” quando o médico transferiu a criança novamente para a sala de enfermagem e mandou Rodrigo deitar numa cama, Andreia pediu justificação, “o médico pediu-me um aperto de mão e convidou-me a sair porque ‘estava muito nervosa’. É normal, mãe é mãe. Colocou-me fora da sala e só ficou o meu esposo com o nosso filho e médico”.
A mãe conta que “é aí que oiço o meu filho gritar. Não hesitei e entrei. Fiquei espantada quando vi que o médico tinha ‘retirado os ferros’ ao meu filho após 11 dias de operação e o suposto era ser entre três a quatro semanas depois, segundo regras de protocolo e indicações do médico que o operou. O tal médico virou-se para o Rodrigo e disse-lhe para ‘deixar cair o braço e voltar a fazer a vida dele normal, como dantes'”.
Os pais não se conformaram com o que tinha acontecido, “eu e o meu marido achámos tudo muito estranho. Fomos ao gabinete do médico perguntar-lhe se ele [médico] não ia fazer nenhum Raio-X, após a retirada dos ferros, e se nos podia prestar esclarecimento, dar algum papel ou se o Rodrigo tinha que fazer fisioterapia. A resposta do médico foi que não era preciso nada disso porque estava tudo bem, mas deu-nos um papel ‘para o caso de alguma correr mal puderem vir ter comigo’. Esta ‘consulta’ não durou mais de dois minutos”.
A família foi para casa, mas sempre reticentes que algo não estava bem. O Rodrigo não conseguia mover o braço, e a zona onde teve a fratura estava inchada e apresentava uma cor escura. A mãe decidiu esperar quatro dias para ver se havia melhoras, o que não veio a acontecer.
“Dia 16 de maio fui com o meu filho para as urgências do hospital particular do Algarve. Lá, fomos vistos na triagem por um médico pediatra e encaminhados para o serviço de ortopedia, onde o Rodrigo foi visto por um ortopedista que lhe fez um Raio-X e viu que o braço estava fraturado, fratura essa que com a retirada dos ferros antes do tempo levou a que o meu filho tivesse que ser novamente operado com urgência”, revela.
Andreia explica os contornos da segunda operação e finaliza pedindo justiça, “o Rodrigo foi operado na passada quinta-feira. O braço teve que ser aberto, tiveram que ‘partir osso’ para voltarem a colocar tudo no devido sítio, o que vai levar a cicatrizes e recuperações mais demoradas. Todo este processo podia ter sido evitado. Peço que se faça justiça pelo sofrimento físico e psicológico que esta criança e nós pais temos enfrentado”.