O último relatório, divulgado em 2020 pelo Comité Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV), apontava para a existência de 9000 vírus, agrupados em 189 famílias, mas esses são apenas aqueles que estão devidamente identificados, estudados e nomeados. No entanto, uma equipa de investigadores acaba de descobrir, de uma vez só, mais 132 mil novas espécies de vírus, entre os quais estão nove coronavírus que a ciência desconhecia.
A descoberta só foi possível graças a um supercomputador, chamado Serratus, que examinou 10 milhões de gigabytes de dados relativos a quase seis milhões de amostras biológicas, escreve o “El País”.
Os 132 mil vírus revelados são de RNA – tal como o SARS-CoV-2 -, ou seja, os que mais afetam animais, plantas e fungos.
Todavia, ainda não é possível determinar que espécies podem ser infetadas por estes novos vírus descobertos. “Temos muita informação, mas determinar o hospedeiro é complicado”, admite Marcos de la Peña, virologista espanhol e coautor do trabalho publicado na revista “Nature”.
“Em mais de um século só tínhamos identificado 15 mil vírus RNA. Não fazemos praticamente ideia do que há aí fora. Com um único trabalho multiplicamos por dez a quantidade de espécies de vírus RNA conhecidas. E isto é só o princípio”
Marco de la Peña, virologista
A investigação arrancou no início em maio de 2020, tendo como objetivo desenvolver uma plataforma gratuita para encontrar urgentemente novos vírus. “Não se pode lutar contra o que não se conhece”, sintetiza De la Peña,
O surgimento de novos vírus, explica o especialista, pode ser explicado pelo facto de que “a população humana não pára de crescer e de invadir novos ecossistemas”.
Isso, sustenta, “faz com que haja mais interações estranhas com animais e com todo o tipo de seres vivos, que têm os seus próprios vírus”, o que “incrementa as probabilidades de novos saltos de vírus para os humanos”.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL