A hipnose é, nos dias de hoje, uma poderosa ferramenta que tem resultados garantidos por experiências realizadas um pouco por todo o mundo, quer como terapia isolada, na abordagem de problemas de várias índoles, quer como terapia auxiliar das mais variadas áreas da saúde.
São vários os casos de sucesso na utilização da hipnose e o percurso trilhado fazem desta terapia uma arma de peso no que toca à resolução de problemas com o recurso a uma ferramenta sem efeitos secundários.
Como se processa a terapia
Na hipnose, o hipnoterapeuta, um profissional treinado e com formação para a aplicação desta terapia, induz a pessoa ao transe hipnótico e cria sugestões para provocar mudanças ao nível do pensamento, sentimento e comportamento.
Para tanto, a pessoa sujeita à terapia é levada a um estado, designado de transe hipnótico ou simplesmente de transe, em que a sua atenção está especialmente focada. Este estádio psíquico pode ser gerado por factores externos ou pelo direccionamento do hipnoterapeuta, através da comunicação mantida com o paciente.
Atingido o transe, o hipnoterapeuta cria imaginações ou sugestões no paciente com vista a provocar mudanças a nível do pensamento, sentimento e comportamento, atingindo determinados objectivos, como o aumento da auto-estima, redução da dor ou a eliminação de vícios e a correcção de fobias.
“Neste estado, as sugestões hipnóticas são facilmente aceites e mais efectivas, porque no nosso sistema límbico (grupo de estruturas neurológicas) a parte emocional do cérebro está mais activa do que a parte racional”, refere Cláudia Brito, que é responsável pelas sessões de hipnoterapia na Associação Semear Saúde.
Aplicada a terapia de forma a que o paciente interiorize de forma duradoura e definitiva a sugestão psico-comportamental adequada ao seu problema e à respectiva solução, as manifestações de hipnose ocorrem na vida diária da pessoa sem que se aperceba do que está a acontecer.
Um exemplo simples dessas manifestações é quando a nossa atenção está focada nas cenas (sugestões visuais, verbais, extra-verbais e subliminares) de um filme e respondemos a esses estímulos através de riso, choro, alegria ou tristeza.
Cláudia Brito, hipnoterapeuta e presidente da Associação Semear Saúde, considera a hipnose “uma ferramenta poderosa, eficaz e sem efeitos secundários, que pode e deve ser, cada vez mais aplicada às diversas áreas da saúde como terapia complementar”.
A especialista realça que “actualmente a hipnoterapia é já um instrumento psicológico validado pela neurociência e pela BEM (Medicina Baseada em Evidências) e que está, infelizmente, subutilizada em Portugal”.
Há áreas pouco exploradas onde a hipnose pode ser um sucesso
“A hipnose pode ser aplicada a quase todas as especialidades da medicina, psicologia, odontologia, fisioterapia, oncologia, cirurgia, dermatologia e muitas mais”, mas só agora começa a fundir-se com outras áreas de conhecimento.
“Já podemos falar em hipnoncologia ou hipno-dermatologia mas há todo um mundo novo por desbravar com áreas pouco exploradas”, refere Cláudia Brito, que acredita que, “quando forem superadas as barreiras culturais e a maioria da comunidade médica a integrar nos tratamentos, a hipnose terá muito sucesso”.
Actualmente, realça a especialista, “há ainda muita confusão, as pessoas ainda não distinguem hipnotismo de hipnose clínica. Felizmente, muitos programas de televisão em Portugal, especialmente nos últimos tempos, têm contribuído positivamente para desmistificar o processo”.
Tanto na Europa como no resto do mundo, já existem países que exploram bem a hipnose mas “Portugal tem poucos estudos de investigação na área. A maior parte dos que conheço são produzidos lá fora, sobretudo no âmbito da oncologia, refere.
Aplicação de hipnose justifica-se quando há benefícios para os utentes
“A aplicação da hipnose justifica-se sempre que haja benefícios para os pacientes”. Um exemplo disso foi o da aplicação de hipnose na unidade de queimaduras graves do Chuv de Lausanne (Suíça), em doentes queimados. O processo teve um baixo investimento e reduziu o tempo de tratamento dos doentes em terapia intensiva, poupando cerca de 19 mil francos suíços por paciente. “Foi um sucesso e a instituição suíça deseja expandir a aplicação de hipnose a outros departamentos do hospital”, explica Cláudia Brito.
A hipnose na oncologia e noutras áreas da saúde
“Na oncologia, que é a minha área de estudo de mestrado, a hipnose tem o potencial de reduzir as náuseas, vómitos ou fadiga induzidos pelos tratamentos convencionais, e pode ser utilizada para aumentar a auto-estima, eliminar ou reduzir a dor e fortalecer o sistema imunológico, aumentando a qualidade de vida dos utentes”, destaca a presidente da Semear Saúde.
No caso de um trauma, a pessoa pode regredir e reviver o trauma sem o espírito critico, permitindo alterar e dar novos significados às experiências cognitivas para aumentar o conforto do paciente face a uma situação que lhe causa dificuldades.
A hipnose permite também, recorda Cláudia Brito, “desenvolver outros fenómenos como a capacidade de lembrar detalhes, de percepção dos sentidos, de distorção do tempo, de induzir a analgesia e anestesia, etc.”.
Já “no tratamento da depressão, o paciente é conduzido a experiências positivas e agradáveis com o objectivo de produzir um hormônio: a serotonina, que tem um papel fulcral no domínio das situações depressivas”, explica a hipnoterapeuta, que acrescenta que “ao longo da vida o nosso subconsciente vai coleccionando frustrações, insucessos, ressentimentos, paixões recalcadas e outras situações que é preciso ‘limpar’ e ‘arrumar’. É no subconsciente que nascem e são gerados, na sua maioria, os impulsos que determinam ou inibem as nossas acções e a hipnose actua exactamente neste campo, criando condições para a superação das situações negativas que afectam cada paciente”.
Cláudia Brito esclarece que o uso da hipnose é versátil e adaptável a cada paciente, “por exemplo na psicoterapia, a hipnose ajuda no tratamento de fobias e traumas, enquanto que na fisioterapia ajuda a controlar a dor, facilitando a realização de movimentos e na odontologia pode ser utilizada para o bruxismo, como anestesia para diminuir a produção de saliva e sangramento durante os tratamentos”.
Sessões de hipnose são adaptadas a cada pessoa
O processo de hipnose não é igual para todos, realça a especialista, “cada ser humano é único e como tal precisa de um tratamento adaptado a si. O número de sessões varia de pessoa para pessoa mas podemos falar de uma média de seis a oito sessões”.
Reportando-se aos tratamentos disponíveis na Associação Semear Saúde, Cláudia Brito explica que “na primeira sessão é feita uma anamnese e desenhado o plano para as sessões seguintes, que depois vai sendo ajustado consoante a evolução do paciente”.
“Logo na primeira sessão é feita uma terapia para que a pessoa saia mais aliviada e tranquila. As sessões seguintes processam-se de acordo com as necessidades de cada pessoa, com terapias e técnicas adaptadas a cada uma”.
“A hipnose é uma valiosíssima ferramenta para incluir em tratamentos de depressão, ansiedade, stress, luto, baixa auto-estima, cessação tabágica, fobias, medos, emagrecimento, entre outros e os benefícios são imensos”, sublinha.
Para marcar consulta na Associação Semear Saúde pode ligar para o número 281 320 902 ou enviar e-mail para [email protected].