O Eurogrupo vai reunir-se na próxima semana para “reforçar a resposta” da União Europeia (UE) à crise gerada pela pandemia, respondendo ao apelo dos líderes europeus, que deram duas semanas àquela estrutura para apresentar propostas, foi hoje anunciado.
“O Eurogrupo vai reunir-se em 7 de abril para atuar mediante o mandato atribuído pelos lideres do Conselho Europeu e apresentará propostas para reforçar a nossa resposta, em termos de políticas a adotar na UE, à covid-19”, anunciou o presidente do Eurogrupo, o português Mário Centeno.
Depois de ter, na passada quinta-feira, anunciado uma reunião para esta semana, Mário Centeno vem agora indicar que o encontro só se realizará no dia 7 de abril, pelas 14 horas de Lisboa, e decorre por videoconferência.
Numa declaração em vídeo divulgada nesse dia, Mário Centeno referiu que os ministros das Finanças da zona euro vão “considerar políticas para adotar ao nível da UE para apoiar a recuperação” económica, e deixou garantias da “preparação do Eurogrupo para concluir este trabalho e procurar outras soluções inovadoras com todas as instituições”.
Tais declarações foram divulgadas no final de um Conselho Europeu por videoconferência, após o qual os chefes de Estado e de Governo da UE “convidaram” o Eurogrupo a apresentar dentro de duas semanas (a contar daquela data) propostas que tenham em conta os “choques socioeconómicos sem precedentes” causados pela pandemia de covid-19.
Antes, no início da semana passada, os ministros das Finanças da zona euro tinham privilegiado como solução o recurso a uma linha de crédito com condicionalidades do MEE, solução que não agrada a um conjunto de países, entre os quais Itália, Portugal e Espanha, que, juntamente com outros países, reclamaram antes a emissão de dívida conjunta europeia (‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’).
A cimeira de quinta-feira – a terceira no espaço de três semanas para tentar encontrar uma resposta comum europeia à pandemia de covid-19 – foi inconclusiva.
A tímida declaração foi o resultado possível ao fim de cerca de seis horas de discussões, durante as quais alguns países mostraram grande resistência à ideia defendida por nove países – entre os quais Itália, Portugal e Espanha – de um instrumento comum de emissão de dívida, havendo antes mais recetividade à solução de recorrer a uma linha de crédito com condicionalidades do MEE.
No final da cimeira, o primeiro-ministro, António Costa, qualificou de “repugnante” e contrária ao espírito da UE uma declaração do ministro das Finanças holandês, Wopke Hoekstra, pedindo que Espanha seja investigada por não ter capacidade orçamental para fazer face à pandemia.
Wopke Hoekstra afirmou, nessa videoconferência com homólogos dos 27, que a Comissão Europeia devia investigar países como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos, segundo fontes europeias citadas na imprensa europeia.