Os alunos do 6.º ano foram os mais prejudicados com o ensino à distância provocado pela pandemia de covid-19, que afetou menos os estudantes mais novos que contaram com o apoio familiar, revela estudo nacional.
Estes são alguns dos resultados preliminares do estudo diagnóstico realizado pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) divulgado hoje e que tinha como objetivo avaliar o impacto da suspensão das atividades presenciais nas escolas a 16 de março do ano passado entre os alunos do ensino básico.
Em janeiro, mais de 23 mil alunos (23.340 alunos) do 3.º, 6.º e 9.º ano realizaram um conjunto de tarefas para perceber o estado das aprendizagens em três áreas: literacia matemática; literacia científica e literacia de leitura e informação.
Os resultados mostram que os alunos que agora estão no 6.º ano foram os mais afetados pelo ensino à distância enquanto os mais novos (do 3.º ano) tiveram mais facilidades em continuar a aprender em casa.
O presidente do IAVE, Luís Santos, acredita que esta superação dos mais novos poderá estar relacionada com o facto de “terem tido mais apoio dos pais”.
“O 6.º ano tem sistematicamente resultados mais baixos do que o 3.º e o 9.º ano”, disse o presidente do IAVE, durante a apresentação dos resultados, admitindo que se estava “à espera de resultados mais baixos”.
Nesta bateria de testes, o IAVE considerou que seria considerado positivo se os alunos respondessem a pelo menos dois terços das tarefas (66,6%), sendo que havia quatro níveis de perguntas, desde questões mais simples (nível 1) às mais complexas (nível 4).
Mais de metade dos alunos do 6.º e 9.º anos não conseguiu atingir os níveis esperados em conhecimentos alimentares nas diversas áreas, resultados que o secretário de Estado Adjunto da Educação, João Costa, disse que não poderiam ser ignorados.
Outra das conclusões do estudo é que a disciplina de Matemática continua a ser a grande dor de cabeça do ensino.
“Continuamos a ter um grande problema nesta disciplina e continuamos a ter os alunos do 6.º ano com os resultados mais baixos”, lamentou Luís Santos.
Segundo os dados hoje divulgados, apenas 39,5% dos alunos do 9.º ano conseguiram ter “positiva” (dois terços das perguntas respondidas corretamente) no nível 1, mas depois mais de metade teve “positiva” no nível 2.
Entre os estudantes do 6.º ano, 44,4% tiveram positiva no nível 1 e nos níveis seguintes os resultados foram ainda mais baixos.
Já entre os alunos do 3.º ano, a maioria (62%) teve positiva no nível mais fácil.
Também na literacia científica, Luís Santos apontou o “resultado interessante dos alunos do 3.º ano”. Os números mostram que 62,3% responderam corretamente no nível 1 e nos restantes níveis a média rondou os 50%.
A nível científico há “percentagens relativamente baixas de alunos que conseguiram resolver dois terços dos itens de nível 4 e uma taxa de resposta maior para o nível 1”, resumiu Luís Santos.
Na literacia da leitura e informação, o 9.º ano tem melhores resultados e o 6.º ano piores.
Apesar de alunos do 3.º ano “ainda estarem numa fase de consolidação dos processos de leitura e escrita, mostraram um resultado muito aceitável, que mostra alguma resiliência”, o que Luís Santos relaciona “com o apoio em casa” que tiveram durante o ensino à distância.
A pandemia de covid-19 provocou a suspensão das atividades presenciais nas escolas a 16 de março de 2020, obrigando à implementação de soluções variadas de ensino a distância.
Responderam a este estudo 23.340 alunos de 313 escolas (agrupadas e não agrupadas), num total de 1.338 turmas.
Neste processo houve muitos alunos que acabaram por não realizar as provas devido à pandemia, que provocou variadas situações, como o isolamento profilático de turmas.
No entanto, Luís Santos garantiu que não ficou em causa a representatividade da amostra. No total, estão atualmente naqueles três níveis de escolaridade cerca de 336 mil alunos.