Tipicamente, qualquer vacina composta por duas doses não mistura marcas. Os fármacos já aprovados contra a covid-19 não são exceção.
São administradas duas doses da Pfizer, duas doses da Moderna ou duas doses da AstraZeneca. Mas desde fevereiro que investigadores britânicos estão a tentar perceber até que ponto misturar duas vacinas com fórmulas diferentes pode potenciar uma resposta imunitária mais robusta.
Nas experiências feitas com ratos, uma dose de uma vacina que usa a técnica de mRNA — como a da Pfizer ou da Moderna — e outra dose que usa genes inativados de adenovírus, a combinação melhorou a resposta imunitária.
Ensaios clínicos estão agora a ser feitos em humanos por investigadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, ao mesmo tempo que outros estudos ocorrem. Também em fevereiro, a Universidade de Oxford, em Inglaterra, deu início a um ensaio clínico no qual 830 voluntários são vacinados com a vacina da Pfizer/BioNTech e também com a da AstraZeneca.
Autoridades de saúde francesas e alemãs já começaram a encorajar pessoas inoculadas com a vacina da AstraZeneca a tomarem uma segunda dose da Pfizer ou da Moderna, depois de a EMA (Agência Europeia do Medicamento) ter confirmado, em abril, a possibilidade de uma ligação entre a vacina da AstraZeneca e um pequeno número de coágulos sanguíneos — e também após vários países terem anunciado a suspensão temporária da administração desta vacina por precaução.
Se todas as vacinas tentam mostrar ao organismo um agente patogénico, simulando que está a invadi-lo, para que aprenda a defender-se dele, no caso da chamada “vacinação heterogénea” a vantagem está em mostrar ao sistema imunitário duas “fotografias” diferentes do mesmo vírus.
Uma imagem de perfil e outra de frente ajudá-lo-á a reconhecer melhor o SARS-CoV-2 e, portanto, a defender-se dele.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso