O Reino Unido está a enfrentar tempos de interrupção no abastecimento de comida a supermercados, recolha de lixo ou transportes, por haver equipas inteiras a cumprir auto-isolamento devido à nova variante Delta de covid-19, segundo noticia este sábado o The Guardian.
Empresas britânicas de distribuição alimentar estão a alertar que a economia no país possa paralisar ainda mais. E receiam que venha a ser adiada a data de 16 de agosto para suspender as quarentenas obrigatórias no caso de pessoas que tenham tomado as duas doses completas de vacina à covid.
As empresas alimentares estão a apelar ao Governo de Boris Johnson para que os seus trabalhadores essenciais possam fazer testes diários em vez de se terem de se isolar por 10 dias, advertindo para os efeitos nefastos que estão a ser criados com a chamada “pingdemia” (rastreamento de pessoas que têm contacto com suspeitos, obrigando a que fiquem em isolamento).
Não há consenso claro sobre o assunto dentro do Governo britânico, havendo ministros que inicialmente disseram que haveria permissão limitada aos trabalhadores essenciais (cerca de 10 mil em 500 locais de distribuição de alimentos) de não terem de fazer quarentenas, optando em alternativa por testes rápidos.
A British Meat Processors Association defende que o governo inglês precisa de forma urgente de publicar mais informações e dar “uma orientação clara e inequívoca” sobre os locais e os cargos onde pode haver lugar a isenção de quarententenas e como as novas regras podem ser aplicadas.
“O nosso receio é que, se as infecções continuarem à taxa atual, haverá tantos trabalhadores não isentos retirados do sistema que, independentemente desses ‘locais-chave’ protegidos, o resto da cadeia de abastecimento ao redor começará a falhar”, salientou Richard Harrow, presidente-executivo da British Frozen Food Federation, citado pelo The Guardian, descrevendo a confusão atual de regras como “pior do que inútil”.
ESCÓCIA ANUNCIA UM ESQUEMA PRÓPRIO PARA EVITAR A FALTA DE TRABALHADORES
No Reino Unido, várias empresas relatam que 15% a 20% dos seus funcionários estão ausentes porque estão obrigados a isolar-se por 10 dias devido a terem tido um contacto próximo com um caso confirmado de covid-19.
No país houve na semana passada – precisamente quando Boris Johnson oficializava o “Dia da Libertação”, com o fim de várias restrições no país – mais de 800 mil infeções, e um volume superior a 600 mil pessoas em Inglaterra e no País de Gales tiveram de entrar em quarentena, por terem sido rastreadas através do aplicativo oficial.
A Escócia anunciou esta sexta-feira o seu próprio esquema, que abre a possibilidade às empresas de solicitar permissão a que os seus trabalhadores-chave em áreas críticas não tenham de se auto-isolar, no objetivo da falta de pessoal não prejudicar serviços essenciais.
A falta de trabalhadores nas empresas, por terem de cumprir quarentenas devido a contacto com suspeitos, sente-se também ao nível em serviços como polícia, redes de metro, comboios ou outros transportes.
No metro de Londres, as linhas Hammersmith e a City estão este fim de semana fechadas, porque mais de 300 funcionários estão sob a obrigação de cumprir quarentena. Empresas ferroviárias também já alertaram que o corte de serviços se pode agravar nas próximas semanas.
O ‘mayor’ (presidente da câmara) de Londres, Sadiq Khan, juntamente com vários líderes empresariais, instaram no final da semana passada o Governo britânico a acabar de forma imediata com o auto-isolamento obrigatório por dez dias no caso de pessoas totalmente vacinadas.
A interrupção de serviços com a chamada ‘pingdemia’ está a alargar-se de forma crescente no Reino Unido a bibliotecas, manutenção de parques e outras áreas além da alimentação e da saude, prevendo-se que venha a agravar-se nas próximas três semanas.
O Governo britânico está de momento a ser alvo de fortes críticas devido à questão das quarentenas. Luke Pollard, ministro-sombra do Ambiente da oposição, enfatiza que as prateleiras vazias nos supermercados “mostram que o sistema está a falhar”, e que foi “o governo causou esse caos ao liberar de forma imprudente todas as restrições, pisando no acelerador enquanto soltava o cinto de segurança”.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso