“De uma forma geral, a situação está estabilizada. [Há duas semanas], tivemos um acréscimo substancial de encomendas, mas agora não há grandes variações”, indicou, à Lusa, o presidente da AlgarOrange, José Oliveira.
Os produtores permanecem assim expectantes quanto à evolução do mercado, antecipando alguma diminuição do poder de compra.
Já a nível da logística, o impacto do novo coronavírus já se faz notar, sobretudo, no que se refere ao transporte internacional de frutas.
Até então, por exemplo, numa exportação para a Alemanha, os produtores portugueses pagavam à transportadora a viagem de ida, enquanto, no regresso, seria uma empresa diferente, neste caso, a operar naquele país, a assegurar os custos associados ao transporte de outros bens para Portugal.
Agora, quando as empresas portugueses querem expedir uma carga para outro país, na maioria dos casos, têm que assegurar os custos de ida e volta.
“Se pedirmos a uma transportadora para levar uma carga de laranjas, dificilmente esta arranja mercadoria para trazer para cá. A única possibilidade que vejo são os produtos farmacêuticos”, apontou José Oliveira.
De acordo com o responsável da associação que agrega nove produtores de citrinos do Algarve, esta é uma tendência que, cada vez mais, também se vai aplicar no mercado nacional.
“Normalmente, uma empresa que transportava [laranjas] do Algarve para Lisboa ou para Porto, funcionava também mediante ter outra carga [com destino para o Algarve]. Agora isso está a ficar mais difícil”, referiu.
Questionado sobre a possibilidade de os apoios do Governo poderem ajudar o setor a colmatar este impacto provocado pela covid-19, José Oliveira considerou que estes são positivos, embora defenda a necessidade de outras medidas adicionais, como as recentemente apontadas pela Portugal Fresh, onde se inclui a eliminação da Taxa Social Única (TSU) por seis meses e o cancelamento do Pagamento Especial por Conta.