Os serviços de entrega de refeições ao domicílio tornaram-se uma opção prática e popular, mas podem representar riscos para a saúde se os alimentos não forem mantidos à temperatura correta. Segundo especialistas em segurança alimentar, consumir comida que chega morna pode aumentar o risco de contaminação bacteriana, tornando essencial o seu reaquecimento antes do consumo.
O perigo das temperaturas inadequadas
De acordo com Bryan Quoc Le, consultor em ciência alimentar, citado pelo Huffington Post, os alimentos mantidos entre 4ºC e 60ºC encontram-se na chamada “zona de perigo”, onde bactérias podem proliferar rapidamente.
“Dentro desta faixa, alguns microrganismos podem duplicar a cada 20 minutos”, alerta o especialista. Para evitar contaminações, a comida não deve permanecer nesta temperatura por mais de duas horas.
A situação agrava-se em períodos de calor intenso. Segundo Matt Taylor, gestor global de consultoria alimentar na NSF, “num dia quente de 32ºC, o tempo seguro para consumo reduz-se de duas horas para apenas uma”.
Quanto maior for o tempo que a comida passa nesta zona de temperatura crítica, maior é o risco para a saúde.
Especialistas evitam serviços de entrega
Darin Detwiler, antigo consultor da FDA e do Departamento de Agricultura dos EUA, afirma ser cético em relação aos serviços de entrega.
“Eu não encomendo comida através de plataformas de terceiros. A entrega demora mais tempo e, provavelmente, a comida não é mantida à temperatura correta”, declarou.
Para quem opta por este serviço, os especialistas recomendam medidas para reduzir os riscos.
Como garantir a segurança alimentar das suas encomendas
1. Utilize um termómetro alimentar
A única forma de garantir que a comida está segura para consumo é medir a sua temperatura com um termómetro. Caso esteja na “zona de perigo”, morna, a comida deve ser reaquecida antes de ingerida.
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2. Evite encomendar em horários de pico
Os tempos de espera são mais longos em períodos de maior afluência, aumentando a possibilidade de os alimentos permanecerem demasiado tempo a uma temperatura insegura.
3. Escolha cuidadosamente os pratos que encomenda
Alguns alimentos são mais suscetíveis a contaminação. Bryan Quoc Le afirma que evita pratos como arroz frito e saladas, que são mais propensos ao crescimento bacteriano.
4. Retire a comida da embalagem assim que chegar
Nunca deixe a refeição entregue na porta ou na portaria por muito tempo. Deve ser colocada no frigorífico ou reaquecida de imediato.
5. Higienize as mãos e superfícies
Lavar as mãos antes de tocar na comida e garantir que as superfícies onde será colocada estão limpas reduz o risco de contaminação.
6. Verifique o estado dos alimentos
Antes de consumir, certifique-se de que os alimentos quentes ainda estão quentes e os frios permanecem frios. Caso apresentem cheiro ou aspeto duvidoso, devem ser descartados.
7. Consuma rapidamente ou refrigere os restos
As sobras devem ser refrigeradas imediatamente para evitar a proliferação de bactérias.
A importância de reaquecê-la antes de consumir
Dennis D’Amico, professor da Universidade de Connecticut, defende que a melhor forma de garantir a segurança alimentar é reaquecer a comida antes de consumi-la.
“Prefiro sempre reaquecer os alimentos cozinhados”, afirma. Recomenda que carnes e aves sejam reaquecidas até atingirem uma temperatura interna de 74ºC e que sopas e molhos sejam levados a ferver.
No forno, a temperatura deve ser de pelo menos 163ºC, enquanto no micro-ondas a comida deve ser coberta e mexida a meio do aquecimento para garantir um reaquecimento uniforme.
Segundo os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, citado pela Executive Digest, cerca de 48 milhões de americanos contraem doenças de origem alimentar anualmente, resultando em 128 mil hospitalizações e 3 mil mortes. Entre as infeções mais comuns estão salmonela, listeria, E. coli e norovírus.
Garantir que comida encomendada chegam à temperatura correta e que são reaquecidos, quando estiver morna, pode evitar riscos desnecessários para a saúde.
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