A APATRIS 21 está a promover um Verão repleto de actividades, onde a diversão e o ensino deram as mãos à interacção e à integração com vista a cativar e motivar os mais jovens para encararem as suas dificuldades e as dos outros de forma natural.
Um pouco por todo o Algarve a associação – que tem um longo histórico de acção junto de crianças e jovens com deficiências, em particular os portadores de trissomia 21 -, assume o desafio de levar jovens portadores de deficiências ou não à praia, à piscina, ao cinema e ao teatro, e a participarem em actividades como passeios aquáticos ou o ‘footgolf’.
Sara Maximiano, psicóloga clínica da APATRIS, garante ao POSTAL que os jovens com deficiências, mais ou menos profundas, “se chateiam se as actividades não forem diversificadas, como acontece com qualquer miúdo”. Neste caso, refere, “ainda mais porque eles precisam de ser sempre estimulados”.
“Estes jovens têm capacidade de aprender mas tem de ser de uma forma muito didáctica, todas as tarefas que para nós são rotina para eles têm de ser trabalhadas, mas isso não invalida que acabem até por ser divertidas quando associadas à praia, à piscina ou a algum desporto”, diz Sara Maximiano, que sublinha que “Quanto mais diversificada for a proposta, mais motivados eles ficam para fazer as coisas”.
A primeira noite fora de casa
Este ano, relata ao POSTAL a psicóloga, houve pela primeira vez uma actividade de pernoitar, que teve lugar no Centre Algarve, em Moncarapacho, com o apoio muito importante do pai de um dos jovens. “Alguns deles nunca tinham passado a noite fora de casa e foi engraçado ver a autonomia deles sem os pais”.
A aposta na normalidade que para o comum dos jovens é um dado adquirido ganha nestes casos uma dimensão de momento único e irrepetível não raras vezes, reforçando factores decisivos no crescimento e desenvolvimento destes jovens, que vão para além da autonomia e se alargam à autoconfiança, à auto-estima e à compreensão de realidades sociais que enformam a personalidade de cada um.
Muitas crianças não portadoras de deficiência participaram nas actividades
Sara Maximiano destaca “a participação nas actividades de muitas crianças não portadoras de deficiência neste ano”. “Infelizmente, no mundo em que vivemos, só se associa a uma causa destas quem tem ou conhece alguém com algum caso de deficiência e a maior parte dos pais que estão connosco estão mesmo ligados a essa causa”, afirma.
Para alcançar esta que é uma participação fundamental no que toca ao processo de integração dos portadores de deficiências, a psicóloga conta com a actividade da APATRIS 21 junto da comunidade em geral. “Como temos actividades e projectos para a comunidade em geral, conseguimos trazer alguns miúdos que não têm problemas nenhuns e cujos pais têm interesse em que eles conheçam e convivam com a diferença para que isso se torne mais normal na vida deles”.
Uma interacção saudável que se torna cada vez mais natural à medida que o tempo passa. Inicialmente, as crianças sem deficiência sentem-se um pouco constrangidas quando confrontadas com outro tipo de realidade, mas depressa se adaptam e percebem que a diferença das outras crianças não impede as brincadeiras normais.
As crianças não normativas têm uma capacidade tremenda de interagir facilmente com toda a gente e divertem-se sempre muito. Neste tipo de actividades, “eles até acabam por ser uma ajuda para nós porque estão sempre atentos e às vezes deixam mesmo de se divertir para tomar conta dos outros”.
Existem cada vez menos crianças ou jovens portadores de Trissomia 21
A Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, criada por um grupo de pais e profissionais de educação com vista a informar e dar apoio às famílias com indivíduos portadores de Trissomia 21, na região algarvia. Com a evolução da ciência, existem cada vez menos crianças ou jovens portadores de trissomia 21 e por isso a instituição abrange hoje em dia outros tipos de deficiências, “trabalhamos com trissomia 21, autismo, proactividade, défices cognitivos, hiperactividade, entre outros”.
Estas acções pretendem complementar o horário escolar das crianças de forma a que elas tenham mais actividades de desenvolvimento. “Não queremos que as crianças fiquem aqui como se isto fosse um lar ou um ATL”.[td_smart_list_end][td_smart_list_end]
Além da ocupação dos tempos livres das crianças e jovens, a APATRIS promove actualmente outros tipos de actividades como: o projecto ‘Emprego Apoiado’ onde procura competências para o mercado de trabalho, desenvolvendo parcerias com entidades, de forma a que os jovens consigam colocações com estágios ou protocolos, dependendo das competências de cada um; e o ‘Atelier de Competências’, durante o percurso escolar, onde é feito um trabalho de desenvolvimento a nível motor, adequação ao meio aquático, actividades com cavalos, música, dança e muito mais.
Para mais informações sobre a APATRIS pode visitar o site http://www.apatris21.org.
O que é a trissomia 21
Trissomia 21, também conhecida por Mongolismo e Síndrome de Down é uma doença genética que resulta da presença de um cromossoma 21 supranumerário (três cromossomas em vez de dois habituais). Esta doença é sempre caracterizada pela deficiência mental, à qual podem estar associadas outras anomalias, designadamente do foro cardiológico, oftalmológico, otorrinolaringológico, estomatológico e outras. A intervenção na deficiência mental assenta essencialmente na prestação de cuidados médicos, educativos e sociais numa perspectiva interdisciplinar, incluindo sempre a participação da família. No entanto, o grau de deficiência mental é variável de indivíduo para indivíduo, podendo desempenhar alguma actividade profissional na idade adulta.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)