A dieta mediterrânica é apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos pilares fundamentais do combate ao excesso de peso e à obesidade.
Os hábitos alimentares típicos dos países de influência mediterrâncida respondem largamente às necessidades de uma alimentação saudável, equilibrada, variada e adaptada a cada época do ano e nessa medida Portugal deveria ser um exemplo já que a tradição gastronómica portuguesa tem uma elevada influência mediterrânica.
Não obstante, os dados estatísticos do Inquérito Alimentar Nacional e de Actividade Física revelam que no que toca à adesão elevada ao padrão alimentar mediterrânico pela população o Algarve apresenta uma prevalência de apenas 24,5%, a segunda mais baixa do país apenas atrás de Lisboa e Vale do Tejo (23,6%).
O mesmo é dizer que é a segunda região do país com menos pessoas a aderirem de forma relevante ao padrão de alimentação da dieta mediterrânica.
Estes dados nadas positivos agravam-se no panorama nacional quando se apura que são as camadas mais jovens que menos têm uma elevada adesão à dieta mediterrânica.
Apenas 17,2% das crianças até 9 anos aderem à dieta mediterrânica
A prevalência de elevada adesão à dieta mediterrânica é no país apenas de 17,2% entre os três e os nove anos, um valor muito baixo, que pouco cresce entre os 10 e os 17 anos para uns parcos 8,6% e para os 27,4 % na faixa etária entre os 18 e os 64 anos.
É na camada mais idosa da população que o país assiste a uma adesão relevante à dieta mediterrância com a prevalência a atingir os 43,7%.
Esta é uma situação preocupante e que importa abordar de forma a gerar uma inversão comportamental capaz de determinar que estes números, uma das mais relevantes variáveis em termos de análise de comportamentos alimentares ‘anti-obesidade’, se invertam no futuro e passem a contribuir de forma cada vez mais significativa para o combate ao excesso de peso.
Bons sinais na região ao nível do consumo de fruta
Por outro lado, o mesmo estudo revela que no que respeita ao consumo de fruta a região do Algarve é a que apresenta uma menor prevalência de população que consome menos de 400 grama/dia.
No Algarve 47,1% da população consome menos de 400 grama/dia de fruta o que é um número em si mesmo negativo, mas não deixa de ser o melhor a nível nacional. Nesta matéria os Açores apresentam o pior resultado com uma prevalência de 69,3% de pessoas que consomem menos do que 400 grama/dia de fruta.
Ingestão de calorias diárias no Algarve
Na região do Algarve, finalmente, a ingestão diária de calorias cifra-se em média nas 1.969 calorias.
O valor, analisado comparativamente com a média nacional, coloca o Algarve entre as regiões com menor desvio face à média do país que se situa nas 1.912 calorias/dia.
As estatísticas, apesar de serem apenas indicadores, são na realidade o melhor instrumento de avaliação da realidade nacional nesta matéria e, atentos os resultados, ainda há muito para fazer de forma a melhor responder aos desafios colocados pela obesidade enquanto epidemia do século XXI.