A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou recentemente as recomendações para a redução do consumo de sal, alertando para os impactos negativos do excesso de sódio na saúde. De acordo com a entidade, o consumo elevado deste mineral está associado ao aumento do risco de hipertensão arterial, uma condição que pode levar a doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e problemas renais.
Excesso de sódio e os riscos para a saúde
Atualmente, a ingestão média de sódio da população mundial é de aproximadamente 4,3 gramas por dia, mais do dobro do recomendado pela OMS, que estabelece um limite máximo de 2 gramas diários. Segundo a organização, o consumo excessivo de sal contribui anualmente para cerca de 1,9 milhões de mortes em todo o mundo, tornando a redução deste hábito alimentar uma prioridade de saúde pública.
Para enfrentar este problema, a OMS tem incentivado os governos a adotarem medidas para reduzir o teor de sódio nos alimentos processados e a sensibilizar os consumidores para a necessidade de diminuir o consumo de sal na alimentação diária. No entanto, a mudança de hábitos tem sido um desafio, uma vez que muitas pessoas estão habituadas ao sabor salgado dos alimentos e resistem a alternativas com menor teor de sódio.
Sal enriquecido com potássio: uma alternativa mais saudável?
Uma das soluções propostas passa pela substituição do sal tradicional por versões enriquecidas com potássio. Estes produtos, designados como sal de potássio, sal mineral ou sal com baixo teor de sódio, são formulados com cloreto de potássio, substituindo parte do cloreto de sódio presente no sal comum.
O potássio é um mineral essencial para o funcionamento do organismo e desempenha um papel fundamental na regulação da pressão arterial. Estudos indicam que, além de reduzir a ingestão de sódio, o aumento da quantidade de potássio na dieta pode ajudar a prevenir doenças cardiovasculares e melhorar a saúde geral da população.
Impacto comprovado na saúde pública
Investigadores têm vindo a demonstrar que a substituição do sal comum por sal enriquecido com potássio pode ter um impacto significativo na redução dos casos de hipertensão e de doenças associadas. Modelos epidemiológicos sugerem que a adoção generalizada desta alternativa poderia evitar centenas de milhares de mortes por doenças cardiovasculares todos os anos, especialmente em países com elevados índices de consumo de sal, como a China e a Índia.
Num dos maiores estudos realizados até ao momento, mais de 90% dos participantes continuaram a utilizar o sal enriquecido com potássio ao fim de cinco anos, sem relatarem diferenças significativas no sabor dos alimentos.
Obstáculos à implementação e contraindicações
Apesar dos benefícios identificados, a adoção generalizada do sal enriquecido com potássio enfrenta alguns desafios. O principal entrave está no custo de produção, que é mais elevado do que o do sal comum, tornando-o menos acessível para grande parte da população. Atualmente, este tipo de produto ainda é vendido sobretudo como um item de nicho no mercado da alimentação saudável, com um preço superior ao do sal tradicional.
Além disso, o consumo de sal enriquecido com potássio não é recomendado para todas as pessoas. Indivíduos com doenças renais avançadas podem ter dificuldades na eliminação do potássio em excesso, o que pode levar a complicações graves. Por este motivo, a OMS recomenda que os produtos à base de potássio sejam devidamente rotulados com avisos adequados para evitar riscos à saúde de grupos vulneráveis.
O futuro da redução do consumo de sal
A implementação de políticas públicas que incentivem a redução do consumo de sódio e a promoção de alternativas mais saudáveis poderá representar um avanço significativo na prevenção de doenças crónicas. A OMS continua a reforçar a necessidade de sensibilizar a população para os riscos associados ao consumo excessivo de sal e para os benefícios de optar por substitutos mais equilibrados nutricionalmente.
Ainda que a mudança de hábitos alimentares seja um processo gradual, as evidências científicas apontam para um impacto positivo na saúde pública a longo prazo. A recomendação principal mantém-se: reduzir o consumo de sal sempre que possível e, quando necessário, optar por alternativas enriquecidas com potássio para minimizar os riscos à saúde.
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