Sem nunca apontar partidos ou líderes partidários, Francisco Rodrigues dos Santos apresenta os convidados da consoada de Natal da “família centro-direita” portuguesa. Na mesa com quatro lugares postos, onde o líder do CDS se senta no topo, há pratos colocados à direita – um para a “prima modernaça” e outro para o “primo sem maneiras” -, e há mais um à esquerda que é “para o irmão desaparecido em combate”.
É num vídeo divulgado nesta véspera de Natal que o CDS deixa a sua mensagem para as festas dos próximos dias, afirmando-se como a única opção na direita portuguesa. “Aqui à nossa esquerda senta-se, ou melhor, sentava-se o nosso irmão”, diz Rodrigues dos Santos. Este convidado que “é mais liberal nos costumes e cada vez mais socialista na economia” não está presente porque “este ano de repente decidiu ir passar o Natal com a família de esquerda.”
Este ano há um ausente, alguém que se quer ver pelas costas e um outro que nada tem que ver com com os centristas
Antes, já o presidente do CDS tinha apresentado os outros membros da família. Começou pela prima “ateia, que é uma profissional liberal de sucesso”. A mesma prima tem “um problema”: “vive em Campo de Ourique e trabalha nas Amoreiras” e “conhece melhor Londres e Paris do que o resto do país”. “O pior desta prima é que, por ter sucesso, acha que o Estado não deve gastar recursos com aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades”, diz. “É uma prima pela qual temos estima mas que se encontra muito longe dos nossos valores sociais e cristãos.”
Logo depois, veio o “primo sem maneiras”, também apresentado como “o mais novo e que tem umas ideias um bocado tontinhas”. Descreve-o como alguém que se “exalta regularmente nas discussões mesmo sem motivo aparente ”. “Diz-se anti-sistema mas vem do sistema. Diz-se pela vida mas tem uma posição dúbia sobre o aborto. Diz-se seguidor dos valores cristãos mas quer castrar pessoas e equaciona condená-las à pena de morte. e desconfio também que não morre de amores pela Democracia.” Ou seja, concluiu Rodrigues dos Santos, é o primo que querem “ver pelas costas porque não tem modos à mesa”.
A mensagem de Natal centrista tem três minutos e 46 segundos e foi divulgada nas redes sociais do partido. Se deixa críticas ao PSD, Iniciativa Liberal e Chega, também quer passar a imagem de que só há uma opção viável à direita. Uma ideia que os centristas reforçam fechando o vídeo com Rodrigues dos Santos, sentado entre a árvore de Natal e o presépio, a elencar os ideais do CDS e apelar a que se fique “com a família de sempre”.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL