O Presidente da República afirmou hoje que “não há condições” para adiar as eleições presidenciais de 24 de janeiro, o que implicaria uma revisão constitucional, depois de ter questionado os partidos com representação parlamentar sobre essa possibilidade.
“Eu hoje, ao ouvir os partidos telefonicamente acerca da renovação do estado de emergência, coloquei outra vez a questão da revisão constitucional, e ouvi a posição de todos os partidos sobre isso, e não houve nenhum partido que tivesse defendido a ideia de uma revisão constitucional, e portanto a possibilidade do adiamento”, declarou o chefe de Estado durante o debate televisivo na RTP que decorre esta noite com todos os candidatos.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, que já tinha consultado os partidos sobre a possibilidade do adiamento antes de marcar a data das eleições, “nenhum deles, por causa do estado de emergência, por causa da unanimidade necessária para encurtar prazos, por causa da situação vivida, nenhum admitiu tomar a iniciativa ou vir a eventualmente formar uma maioria de revisão constitucional”.
“E, portanto, percebendo as razões que já ouvi hoje e ouvi ao longo das últimas semanas apresentar sobre esta matéria, cheguei à conclusão de que não há condições para a Assembleia da República, que é quem, e só ela, pode rever a Constituição, avançar para uma revisão que permitisse o adiamento” das eleições presidenciais, marcadas a 24 de janeiro, salientou.
Questionado sobre um possível aumento da abstenção, o Presidente e candidato defendeu que “todos” têm um papel para que tal não aconteça, e assinalou que os portugueses “têm de perceber” que “o que interessa é que votem” e que “não percam a oportunidade de participar num momento fundamental em plena pandemia e em plena crise económica e social”.
Os sete candidatos presidenciais participam hoje num debate entre todos, que está a ser transmitido na RTP e RTP3 a partir do Pátio da Galé, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa, candidato a um segundo mandato em Belém, participa à distância, a partir da sua residência, depois de ter testado positivo ao novo coronavírus.
Acompanhe por aqui o debate que junta todos os candidatos a Belém
O derradeiro debate das Presidenciais vai juntar esta noite seis dos sete candidatos a Belém no Pátio da Galé, em Lisboa, e ainda o Presidente-candidato por videoconferência a partir de casa.
Durante cerca de duas horas, Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes, Marisa Matias, João Ferreira, Tiago Mayan Gonçalves, André Ventura e Vitorino Silva vão apresentar os seus argumentos na RTP1, numa altura em que os debates televisivos ganham ainda mais relevância face a uma campanha condicionada pela pandemia.
Depois de ter realizado o terceiro teste à covid-19, que deu negativo, o chefe de Estado previa marcar presença física no debate televisivo, mas por indicação da Direção-Geral da Saúde (DGS) mudou de ideia ao final da tarde. O organismo liderado por Graça Freitas considera que Marcelo deverá ter contactos reduzidos nos próximos dias, devido a um primeiro teste positivo e ao contacto que teve há dias com um elemento da Casa Civil infetado com o novo coronavírus.
Ventura quer ser presidente de “metade” dos portugueses
Líder do Chega fecha a participação no debate com a ideia que tem repetido à saciedade. Não quer ser o Presidente da República de todos os portugueses, mas apenas da “metade que trabalha”. E não da outra “metade”, aquela que na sua ótica, “vive à conta do trabalho dos outros”.
Os desejos de Ferreira e Marcelo para “cumprir Portugal”
Os objetivos de João Ferreira para Portugal: esperança, trabalho com direitos, igualdade, realização para jovens, cultura, ambiente. “Fazer cumprir o Portugal inscrito nas páginas na Constituição, que tem sido esquecido”, remata.
E Marcelo? “Que os portugueses gostem ainda mais de Portugal e de ser portugueses”.
Marisa visa Marcelo e Ventura na mensagem final
Candidata do BE quer um país que se orgulha de quem aqui “trabalha”, com justiça social e económica e que “não fica no passado”. Recados a Marcelo Rebelo de Sousa e a André Ventura.
Tino diz que se for eleito “o povo vai ser mais feliz”, Mayan espera corresponder a “ambições de todos os portugueses”
Vitorino Silva diz que se for eleito Presidente da República haverá “mais luz, brilho e o povo vai ser mais feliz”, enquanto Tiago Mayan Gonçalves afirma que terá que ser o chefe de Estado d”os 10 milhões de visões, desejos, anseios e ambições de todos os portugueses e dos que cá viverem”.
Marcelo: vai ser preciso “recriar o país em termos estruturais” no próximo mandato presidencial
Marcelo lembra que quanto mais tempo durar a pandemia, mais durará a crise. A “prioridade” é, assim, ultrapassar a pandemia, ainda que com “apoios económicos e sociais” para que a economia “não morra” e as desigualdades não se tornem “ainda mais insuportáveis”.
“É uma realidade que vai ocupar os próximos longos meses”, afirma, dizendo que não se pode acreditar numa “bazuca europeia milagrosa”, que será melhor que venha mais cedo e não “às pinguinhas, de forma esporádica”.
Depois, será preciso que o tecido social “não deslace”, que os pequenos e médios empresários e os trabalhadores “possam retomar condições” para dinamizar a economia – importantes o mercado interno e a exportação – e esses são desafios para a utilização dos fundos europeus, diz. Será também preciso “recriar o país em termos estruturais” em várias áreas, das forças armadas à administração pública, neste mandato do próximo presidente.
Mayan apresenta um conceito alternativo de desigualdade
O candidato liberal pega no raciocínio de Marisa Matias e diz que “desigualdade” é “morrer em listas de espera”, pôr um filho “numa escola sem meios e sem motivação de professores” ou até haver 35 horas para os trabalhadores do Estado (enquanto os do privado trabalham 40 horas por semana).
Por isso, Tiago Mayan Gonçalves repete a máxima da IL: “Não é o Estado que faz crescimento económico.” E, além disso, considera uma “loucura” supor que a repetição das “mesmas receitas” dos últimos 40 anos possa ter como resultado algo diferente do que Portugal na cauda da Europa em termos de riqueza.
João Ferreira diz não desvalorizar a bazuca europeia
João Ferreira nega que esteja a desvalorizar a bazuca europeia, mas sublinha que basta olhar para últimos orçamentos da UE e para os quadros do Banco de Portugal (BdP) para perceber que o saldo já foi altamente ultrapassado “por juros, lucros e dividendos distribuídos”.
O candidato comunista concorda ainda com Ana Gomes relativamente à saída de capitais do país, que é “permitida por regras da União Europeia”, defendendo que é vital o combate à fraude e evasão fiscal.
Ventura fala de “sufoco” e “cancro” dos impostos e diz que geringonça “perdeu a cabeça”
André Ventura fala das empresas “sufocadas” em taxas e dos impostos altos em Portugal, “um cancro em que vivemos”. “Quem quer criar e investir não consegue, porque está amarrado”. No ambiente há mais de 600 taxas, frisa, culpando também Marcelo por isto.
O caminho que Portugal fez “é todo errado”, conclui, quando fala dos baixos salários praticados no país. “Esta geringonça perdeu a cabeça em matéria de despesa. Para qualquer problema, é nacionalizar”.
João Ferreira quer aproveitar pandemia para substituir importações por produção nacional
Candidato comunista salienta que a crise pandémica veio somar-se a “problemas estruturais que o país arrasta há décadas” – da injusta distribuição da riqueza à degradação do aparelho produtivo, passando pelo enfraquecimento de serviços públicos em todo o território.
“Termos de elevar os salários”, sustenta João Ferreira, que justifica a proposta também como alavanca para a dinamização da atividade económica. Sobretudo, nota o candidato, no atual quadro de exceção e de crise sanitária, “substituindo importações por produção nacional”.
Ventura fala de “sufoco” e “cancro” dos impostos e diz que geringonça “perdeu a cabeça”
André Ventura fala das empresas “sufocadas” em taxas e dos impostos altos em Portugal, “um cancro em que vivemos”. “Quem quer criar e investir não consegue, porque está amarrado”. No ambiente há mais de 600 taxas, frisa, culpando também Marcelo por isto.
O caminho que Portugal fez “é todo errado”, conclui, quando fala dos baixos salários praticados no país. “Esta geringonça perdeu a cabeça em matéria de despesa. Para qualquer problema, é nacionalizar”.
Presidente “não cria crises onde já há crises” nem “vazios onde não há alternativas”
Marcelo junta todas as críticas que ouviu e devolve numa só resposta. Evita individualizar e dar destaque a qualquer um dos adversários. “Uns e outros”, diz, “queriam um PR mais alinhado à direita ou mais alinhado à esquerda”.
No entanto, explica, “o papel do Presidente é ser fator de integração, de unidade”, de “estabilidade” e de “compromisso” para que as instituições possam funcionar. “Prometi isso há cinco anos e cumpri. Ninguém foi de alguma maneira defraudado porque estava lá tudo o que iria fazer”, reforça.
Recordando as várias crises que enfrentou durante o primeiro mandato (até o surgimento de novas forças inorgânicas com as quais os partidos e os parceiros sociais tiveram “dificuldade de enfrentar), Marcelo realça que tudo “aconselhava a um presidente que não fosse de facção”. Pelo meio, uma alfinetada à oposição: o Presidente “não cria crises onde já há crises, não cria vazios onde não há alternativas”.
“O sistema, para não ficar coxo, precisa de uma esquerda forte e de uma direita forte”, atira ainda.
Ana Gomes: “Se o PR fosse reeleito iria trabalhar para trazer de volta a direita”
Ana Gomes diz que um Presidente da República deve ser o garante da estabilidade, mas “não da estabilidade dos interesses do bloco central”, dirigindo críticas a Marcelo Rebelo de Sousa.
“Não tenhamos ilusões, se o PR fosse reeleito iria trabalhar para trazer de volta a direita neo-liberal”, afirma a candidata apoiada pelo PAN e Livre, lamentando que o fim da antiga geringonça.
“Sou apoiante da geringonça e uma crítica que faço ao PR é não ter criado condições para se manter a geringonça para se empreenderem as reformas de fundo que o país precisa”, prossegue.
João Ferreira: “Os afetos de Marcelo são como a riqueza nacional: existem mas estão muito mal distribuídos”
João Ferreira faz referência ao fecho da refinaria da Galp em Matosinhos. “Estes trabalhadores mereciam uma referência do presidente. Os afetos de Marcelo são como a riqueza nacional: existem mas estão muito mal distribuídos”, critica.
O candidato apoiado pelo PCP lembra os caminhos apontados pela Constituição a nível laboral, incluindo na proteção dos jovens. “O presidente deve ser um mobilizador de todas estas questões e não foi, em alguns momentos fez o contrário, garante, lembrando os problemas da precariedade e dos baixos salários. Mas alarga os temas ao ambiente, à cultura ou à saúde, todos temas que não podem ser “letra morta” na Constituição.
João Ferreira diz que faz a avaliação de Marcelo de acordo com os poderes que a Constituição lhe dá, deixando sem resposta a questão sobre se Marcelo foi demasiado cooperante com o Governo.
Ventura usa incêndios, Tancos, PGR e TdC para colar Marcelo ao Governo
“Não há ninguém à direita que possa votar em Marcelo Rebelo de Sousa”, diz André Ventura, que explora as declarações de um dirigente do PSD/Beja para validar a sua tese. “Aquele senhor [Marcelo] tem o apoio do PS e compreende-se”; reforça.
“Quem olha para Marcelo, percebe porque é que o PS não apoia nenhum candidato”, acrescenta o líder do Chega, que puxa os trunfos que tem vindo a usar para colar Marcelo ao Governo: a não recondução da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, que “levou à detenção de José Sócrates” e também de Vítor Caldeira no Tribunal de Contas.
Para futuro, Ventura garante ainda, que com ele em Belém, não deixaria a legislatura chegasse ao fim com tragédias como a dos fogos de 2017 ou casos como o do assalto a Tancos.
Vitorino Silva: “Marcelo e Costa embalaram-se um ao outro, porque dava jeito”
O candidato Vitorino Silva acusa o Presidente da República e o primeiro-ministro de “cumplicidade” e critica ainda o pré-anúncio da recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa por António Costa durante uma visita à Autoeuropa.”Pela minha cabeça ninguém fala e Costa na altura não tinha uma procuração de Marcelo”, ironiza.
“Parceria” Governo/Marcelo gerou “bloqueios em respostas a problemas estruturais”, diz Marisa
Marisa Matias ainda se ri, ironizando com a referência de Mayan à “concorrência” entre público e privado na Saúde.
Sobre a relação de Marcelo com o Governo, a candidata acredita que foi institucionalmente “correta”, exceto em momentos como a audição do diretor da PSP, depois da polémica com o homicídio no SEF.
Mas a “parceria” entre Governo e presidente acabou por gerar “bloqueios nas respostas a problemas estruturais”, fosse na Saúde, nas leis laborais, etc. Um último remate para lembrar algumas das suas bandeiras: a agenda climática e para a igualdade.
“Entre Marcelo e Costa, já não se sabe onde acaba um e começa o outro”, diz Mayan
Tiago Mayan Gonçalves volta a criticar o excesso de proximidade entre o Presidente da República e o Governo. “Entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, já não se sabe onde acaba um e começa o outro”, ironiza o liberal.
O candidato apoiado pela IL realça que a Constituição fala três vezes em estabilidade e nenhuma delas diz respeito à estabilidade do executivo. Por isso, faz questão de traçar outra linha entre si mesmo e o atual chefe de Estado. Se fosse o inquilino de Belém, garante, teria exigido papéis assinados à atual maioria parlamentar que suporta o executivo. Como, de resto, Cavaco Silva fez em 2015 com a geringonça.
Vitorino Silva diz que a “Saúde não tem preço”
Vitorino Silva começa por destacar o elevado número de jovens licenciados, que “dão cartas no estrangeiro” e dá como exemplo o recente caso do enfermeiro que esteve ao lado de Boris Johnson, em Londres, durante o seu internamento devido à covid-19.
Sobre o recurso aos privados, o ex-militante socialista é perentório ao afirmar que a “saúde não tem preço” e que o sector deve ajudar o público quando é necessário. “Se estivesse a morrer não ia escolher onde ser tratado”, nota.
“Uma vida de uma pessoa não tem preço e há muita gente que pensa que a saúde tem preço. Prefiro ser tratado no público, onde está o meu povo, mas se for preciso vou para o privado”, acrescenta.
Candidatos fazem intervalo
Aos 45 minutos de debate, é altura de intervalo. Nesta primeira parte, os sete candidatos pronunciaram-se sobre as eleições (todos contra o adiamento, menos Tino de Rans) e o papel do Estado e dos privados na Saúde (com as diferenças já conhecidas entre a esquerda e a direita).
Marisa acusa Marcelo de ter exercido “influência” a favor dos privados. “O SNS custa menos e é mais eficiente”
Marisa Matias deixa primeiro um “reconhecimento” ao SNS e aos profissionais que “nos seguram”, mesmo com poucos meios. “Se havia alguma dúvida sobre o papel do SNS, ela terá ficado desfeita. Tem sido mal tratado, particularmente durante o Governo de direita PSD/CDS”.
E interpela André Ventura, a quem chama apenas “o candidato da extrema-direita”, para defender a Lei de Bases da Saúde. Contra Marcelo, atira que “influenciou” para “manter os privados e as parcerias público-privadas”.
“O mito de que o SNS é mais caro é um mito mesmo”, garante, lembrando a “ineficiência” da gestão privada no Hospital de Braga, que até 2019 foi uma PPP. “O SNS custa menos aos portugueses e é mais eficiente”.
“Vejo com muito bons olhos recorrer ao privado. Numa situação pandémica precisamos de todos os recursos disponíveis, mas sob orientação do SNS”.
Ventura diz que os privados são “discriminados, humilhados e ofendidos”
Candidato do Chega volta a dizer que teria vetado a nova Lei de Bases da Saúde, justamente, explica, por não ter um bom “equilíbrio” entre o SNS e a operação dos privados. André Ventura afirma que temos “problemas enormes” no SNS – com as “piores condições da Europa” para enfermeiros – e que por “preconceito ideológico” não se abre a porta aos prestadores privados.
Apontando quatro exemplos de unidades privadas, o deputado lamenta que os privados estejam a ser “discriminados, humilhados e ofendidos” por alguns dos candidatos de esquerda, que os acusam de estarem “a fugir” às responsabilidades em tempos de pandemia.
“É uma vergonha”, atira a propósito da perspetiva da esquerda acerca dos privados, voltando à expressão que o tem celebrizado.
Marcelo pede mais investimento no sector da saúde
O Presidente da República defende que o “SNS é a coluna vertebral” da Saúde, mas é necessário mais investimento no sector. “Há margem para gastar mais, já estava previsto no OE2020 e volta a estar previsto no OE2021”, declara Marcelo Rebelo de Sousa, apontando também para a importância do sector social.
“Tem um papel fundamental de proximidade às populações, mas é preciso que haja entrosamento entre a Segurança Social e a Saúde”, insiste.
E admite que quando o sector público da Saúde não consegue dar resposta é preciso recorrer ao sector social e frisa o acordo que está a ser feito para a “transferência de doentes em situação de emergência para unidades privadas”. Marcelo apela ainda à necessidade de se apostar mais na rede de cuidados continuados a nível nacional.
Ana Gomes defende requisição na Saúde e acusa Marcelo de dar “a mão e o palco” aos privados
Ana Gomes defende um maior investimento no SNS – 41% do investimento foi, em 2019, para os grupos privados. “Um grande negócio”, critica. Embora também reserve críticas à gestão e falta de articulação na Saúde, “o problema é de falta de recursos”, garante, recusando “a fantasia neoliberal” aplicada à Saúde.
“Eu aqui quero fazer a diferença. O interesse público tem estado muito desequilibrado porque Marcelo tem dado a mão e o palco aos privados”, frisa, defendendo que o acordo com os privados deve ser feito a um “preço justo”: “O Governo tem de avançar para a requisição civil”.
“E eu não tenho nada contra os privados…”, remata.
Saúde. Mayan ataca os que “há uns meses diziam” que os privados e o social não eram necessários
O candidato liberal critica o “preconceito ideológico” e a “total incongruência” dos responsáveis políticos que “há uns meses” diziam que os privados e o setor social da saúde não eram necessários, “mas agora clamam por eles”.
Tiago Mayan Gonçalves insiste, por isso, os estímulos no SNS devem seguir os “princípios de boa gestão” dos privados e realça que continuará a bater-se por um sistema concorrencial que garanta “acesso universal” à saúde com “liberdade de escolha” para os utentes.
João Ferreira: “Foi e é com o SNS que contamos”
João Ferreira defende que há uma lição que devemos retirar desta pandemia:”Foi e é que com o SNS que contamos”, diz perentório o candidato comunista, acusado os grupos privados da saúde de terem desertado assim que surgiu a covid-19 no país.
“Tiveram as portas fechadas, porque fecham sempre quando não existe uma perspetiva de lucro”, frisa João Ferreira, considerando ainda que nas situações complicadas só o SNS é capaz de dar resposta.
O candidato apoiado pelo PCP critica ainda o desinvestimento no SNS nos últimos anos, que na sua opinião, levou ao crescimento do negócio dos privados e lembra que a Constituição prevê o direito à proteção da saúde através do SNS.
Marisa: “Não é o nosso papel desvalorizar o direito das pessoas de votar”
A candidata apoiada pelo BE começa por pedir “humildade” para que se reconheça que ainda “não sabemos tudo” acerca da pandemia e que as circunstâncias podem mudar com rapidez. Quanto às presidenciais propriamente ditas, Marisa Matias realça que é “obrigação” dos candidatos “fazer a melhor campanha”, dentro das restrições existentes, “para esclarecer as pessoas”.
Mesmo perante a “situação muito dramática” que o país enfrenta, a bloquista vinca que a vida das pessoas tem de continuar, tal como a democracia. “Não é o nosso papel desvalorizar a democracia nem o direito das pessoas de votar”, afirma, destacando o número de pessoas que se registaram para votar antecipadamente como exemplo da vontade popular de participar no sufrágio de dia 24.
Tino diz que teria “vergonha” de ser eleito com mais de 50% de abstenção
“Eu queria chegar aqui hoje e não ter razão”, começa Vitorino da Silva, que lembra que já tinha previsto um pico de casos para janeiro quando lançou a candidatura, em setembro. Com base em quê? “Trabalho e sei que em janeiro às vezes estão graus negativos. O tempo é diferente. Para políticos não: de janeiro a dezembro, estão sempre nos vinte graus, com ar condicionado”.
É um dos soundbites preferidos de ‘Tino de Rans’: a rua é o seu “gabinete”. E acrescenta que teria “vergonha” de ser eleito se houvesse mais de 50% de abstenção: “Não havia legitimidade”.
Tiago Mayan: “Estamos num ponto de não retorno”
Tiago Mayan Gonçalves insiste nas críticas ao Governo pela gestão da pandemia, lamentando que não tenha sido preparada a segunda vaga no verão.
“O Governo trouxe-nos a um ponto de não retorno. Daqui a cinco dias vamos ter pessoas a votar. É impossível, mas vamos ter que fazer com as condições que temos”, afirma o candidato liberal
Sublinha que há mais de 10 meses que começou a pandemia e que se antecipava já um cenário de segunda vaga, pelo que cabia ao Executivo preparar esta fase. “Tudo isto já sabemos, há muitos meses e nada disto foi ponderado”, insiste
Marcelo: “Não há condições para rever Constituição e adiar eleições”. Nenhum partido o defendeu
Marcelo entra agora no debate, a partir de casa e de máscara posta. O presidente e candidato diz que voltou hoje a perguntar aos partidos pela hipotética revisão constitucional – “não houve nenhum que tivesse defendido a ideia da revisão constitucional e portanto do adiamento”. “Nenhum admitiu tomar a iniciativa nem vir a formar uma maioria”, alegando motivos como o consenso que seria necessário e a alteração dos prazos.
“Não há condições para a Assembleia avançar para uma revisão que permitisse um adiamento”, conclui.
Sobre a ameaça da abstenção, Marcelo defende que “todos” os candidatos têm de lutar contra isso. “O que interessa é que votem e não percam a oportunidade, em plena pandemia e crise”, frisa.
“Os candidatos não devem contribuir para o sentimento de alarmismo”, diz João Ferreira
O candidato apoiado pelo PCP começa por sublinhar que “é uma evidência que vamos ter eleições” e diz que “seria útil” que as diversas candidaturas se focassem no que podem fazer para esclarecer os eleitores.
“Os candidatos não devem contribuir para i sentimento de alarmismo”, diz João Ferreira, que nota ainda que nenhum interveniente (político ou especialista em saúde pública) falou esta manhã, na reunião do Infarmed, “na possibilidade de adiamento” das presidenciais.
O comunista vinca ainda que seria bom “da parte das autoridades e do Governo” dar o sinal de que “tudo está a ser feito para que as pessoas se sintam seguras para ir votar” a 24 de janeiro.
Ana Gomes sobre adiamento das eleições: “Quando há vontade política, há soluções”
Ana Gomes diz que não pediu o adiamento das eleições, mas apenas que esse cenário fosse ponderado pelo Presidente da República e pelo Parlamento face aos dados avançados hoje pelos especialistas na reunião do Infarmed.
Em causa está a possibilidade de se “triplicarem os casos de infeções até ao final do mês” e de a participação eleitoral poder ser reduzida face ao atual contexto.
A candidata apoiada pelo PAN e Livre considera que quando “há vontade política, há soluções”, alegando que ainda há tempo para adiar o sufrágio. E critica o facto de não estar disponível o voto por correspondência para os eleitores portugueses residentes no estrangeiro.
Ventura acusa Governo de não ter “preparado devidamente” as eleições. Mas adiamento não é possível
A primeira pergunta é para André Ventura, sobre a realização das eleições, que acusa o Governo de não ter “preparado devidamente” e de ter feito uma “trapalhada” nas explicações ao eleitorado. Sabendo que aconteceriam num “contexto de inverno”, deveria ter havido uma maior multiplicação de secções de voto e, em caso de adiamento, teria sido preciso fazer uma revisão constitucional, frisa (não pode acontecer durante o estado de emergência) – e aproveita para recordar que o Chega tem um projeto de revisão da Constituição apresentado.
Por isso, apesar da tal “trapalhada”, Ventura garante que não é possível alterar a data das eleições e que não é essa a sua interpretação, nem a de Marcelo.
Marcelo fala a partir de casa. Microfones serão cortados se ruído for demais
Começa agora o debate, com a explicação sobre a ausência de Marcelo Rebelo de Sousa, que fará o debate a partir de casa, e a garantia sobre o distanciamento de dois metros entre o restantes candidatos. Carlos Daniel avisa desde já que se houver “ruído além do admissível” admite cortar o som aos microfones.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso