Os partidos da oposição acusaram esta quarta-feira o primeiro-ministro de estar em campanha eleitoral e consideraram que faltaram medidas estruturais, especialmente para a saúde, no discurso da ‘rentrée’ política do PSD.
Em declarações aos jornalistas no parlamento após o discurso de Luís Montenegro na Festa do Pontal, no Algarve, PS, Chega, IL, BE e Livre apontaram críticas ao primeiro-ministro, tendo o Governo sido defendido apenas pelo CDS-PP, que integra a coligação que suporta o executivo.
A líder parlamentar do PS defendeu que o discurso de Montenegro “visa apenas desviar a atenção de todos de uma situação de quase descalabro no SNS”, considerando que os números desmentem a ideia do primeiro-ministro sobre a situação na saúde uma vez que houve mais 40% urgências obstétricas encerradas do que no ano passado”, o que traz “muito mais imprevisibilidade”.
“Não estamos melhor, estamos muito pior”, acusou Alexandra Leitão, considerando que o Governo está num “estado de negação” sobre a saúde.
A socialista lamentou que as medidas anunciadas sejam “puramente conjunturais”, dando como exemplo o suplemento extraordinário para pensões mais baixas quando aquilo que é “preciso é valorizar as pensões de forma estrutural”.
“É verdade que este foi um discurso de um Governo que está mais preocupado em fazer campanha eleitoral do que em governar”, criticou.
Pelo Chega, Patrícia Carvalho considerou que o discurso no Pontal foi “muito pouco ambicioso, que mais parece de campanha eleitoral”.
“O primeiro-ministro continua sem reconhecer a sua responsabilidade naquilo que é a instabilidade política que vivemos e talvez seja por isso que não tenha tido uma palavra sobre o Orçamento do Estado”, lamentou, considerando que Luís Montenegro “vive um pouco alheado da realidade”.
Concretamente sobre o passe ferroviário, a deputada do Chega considerou ser “ótima ideia”, mas questionou onde “estão os comboios”.
Pela IL, a líder parlamentar rejeitou a ideia defendida por Montenegro de que a saúde está melhor, uma “afirmação manifestamente errada” já que há menos previsibilidade para as grávidas e o plano do Governo “está a falhar”.
Para Mariana Leitão, seria “importante que houvesse medidas concretas para saúde”.
Sobre o passe para os comboios, a liberal considerou que se está a estimular a procura, “mas do lado da oferta não há nada”.
O líder parlamentar do BE viu um primeiro-ministro “deslumbrado por si próprio” e um “Governo que ignora os problemas do país”.
Lamentando um dos piores verões do SNS por falta de “diálogo, estratégia e planeamento”, Fabian Figueiredo acusou o Governo de ter “optado pelo caos” e considerou ser sua “responsabilidade exclusiva” o facto de a resposta na saúde ter piorado.
“Não faltou ‘spin’, avisos à comunicação social, mas não houve nenhuma medida estrutural”, condenou o bloquista.
Criticando o facto de o suplemento para as pensões ser apenas um apoio temporário, Fabian Figueiredo disse ver “um Governo do privilégio que entrou em modo de campanha eleitoral”.
Pelo Livre, Jorge Pinto apontou os “grande anúncios e muita pompa” do Governo, mas criticou o facto de “falhar na resposta aos problemas concretos dos portugueses”, considerando que uma das áreas em que o executivo tem falhado é na saúde, cujos problemas diz ser da responsabilidade do Governo de Montenegro.
“É hoje inegável que o setor da saúde está muito pior hoje do que estava quando o Governo tomou posse”, lamentou, criticando a falta de medidas nesta área.
Sobre o passe ferroviário, o deputado referiu que este já existe por iniciativa do Livre.
Pelo CDS-PP, Paulo Núncio considerou que “em quatro meses é difícil pedir mais a um Governo” que “está a resolver problemas herdados de oito anos” de governação do PS.
Para o centrista, Montenegro lidera um Governo “com provas dadas” e cujo balanço é “francamente positivo”, saudando as medidas esta quarta-feira anunciadas.
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