O ministro da Administração Interna negou hoje ter dado instruções à PSP para ser branda com os adeptos ingleses durante a final da Liga dos Campeões de futebol, no Porto, e lamentou “o estado desesperante” em que se encontra o PSD.
“A PSP adotou a resposta adequada, e é uma infâmia ser porta-voz da mentira, de que o ministro [da Administração Interna] dá instruções sobre como esta força deve intervir”, disse Eduardo Cabrita no parlamento, em resposta ao deputado do PSD Carlos Peixoto.
O ministro, que está ser ouvido na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, sublinhou que dar instruções à PSP “violaria toda a autonomia técnico-operacional” e seria “uma falta de respeito de uma força que é conhecida a nível europeu pela sua capacidade de intervenção neste domínio.
“Naturalmente que me preocupa quando há grandes ajuntamentos, não são bons sejam no Bairro Alto, Albufeira ou sejam no Porto, não são bom exemplo de saúde publica. As forças de segurança lá estão para dar a resposta adequada contribuindo para a solução”, disse o governante.
Na sua intervenção inicial, o ministro destacou os dados alcançados em Portugal ao nível da criminalidade, segurança rodoviária e incêndios, bem como os números de óbitos por covid-19 no mês de maio, em que não se registou qualquer vítima mortal em sete dias.
O deputado do PSD Carlos Peixoto considerou absurdo que o ministro apresente dados da sinistralidade quando “os carros estiveram encerrados nas garagens” devido à pandemia e que tenha avançado com os números da criminalidade quando as pessoas não saíam à rua.
“Não há mesmo volta a dar, o senhor ministro não dá sossego aos portugueses ou tem um azar patológico ou é um masoquista ou tem um jeito enorme para estar na berlinda geralmente por más razões. Se acha que aquilo que se passou no fim de semana no Porto nada teve a ver consigo porque houve outros colegas do Governo que lhe aliviaram a carga está enganado”, sustentou Carlos Peixoto.
O deputado do PSD criticou o Governo pelo que aconteceu no Porto durante a final da Liga dos Campeões de futebol ao se ter discriminado os portugueses relativamente aos estrangeiros e ao se ter tratado de forma desigual evento idênticos.
“O Governo convida os ingleses para uma festa de arromba e depois querem que eles se comportem como se estivesse numa missa. O mais grave é que já havia uma antecedência e o Ministério da Administração Interna não apreendeu com ele”, frisou, referindo-se aos festejos dos adeptos do Sporting em Lisboa.
Carlos Peixoto criticou também o Governo por “interferir nos planos traçados pela PSP” e de ter anunciado um inquérito à atuação desta força de segurança “quando a pressão pública aumentou”, referindo-se aos festejos do Sporting.
“É de facto desesperante o estado em que se encontra o PSD face aos melhores resultados de sempre em matéria de segurança interna, quer na área da criminalidade, incêndios rurais, segurança rodoviária, matéria sanitária. É lamentável a desvalorização que faz dos resultados em matéria de segurança interna que não foram assim em outras países”, afirmou Eduardo Cabrita, depois da intervenção do deputado do PSD.
O ministro disse ainda que o PSD demonstra “uma falta de respeito” pelas forças de segurança “ao desvalorizar aquilo que são resultados objetivos”.
Por sua vez, o deputado do PS José Magalhães acusou o PSD de se ter convertido “ao estilo de gritaria” e questionou os deputados social-democratas sobre o que fariam com os adeptos ingleses que estiveram no Porto.
“Repetia o episódio dos secos e molhados, a cena do bloqueio da ponte 25 de Abril ou proibia a entrada em Portugal dos adeptos”, questionou.