O presidente do PSD acusou esta terça-feira o Chega de “falar muito e fazer pouco” em matéria de imigração e chorar “lágrimas de crocodilo”, pedindo em Albufeira que não acreditem num candidato que andou “a saltar de sítio em sítio”.
Luís Montenegro falava num jantar-comício em Albufeira, no distrito de Faro, de apoio a José Carlos Rolo, que concorre a um segundo mandato à presidência da Câmara numa coligação PSD/CDS-PP, onde os temas fortes foram a segurança e imigração.
Tal como já tinha feito em Quarteira, à tarde, o também primeiro-ministro voltou a responsabilizar Chega e PS por não haver mecanismos rápidos de afastamento de imigrantes em situação ilegal, por terem ‘chumbado’ no ano passado uma iniciativa legislativa do Governo com esse objetivo.
Em particular, visou o líder do Chega, André Ventura, que disse que a libertação dos cidadãos marroquinos intercetados em agosto no Algarve por ter sido ultrapassado o prazo máximo de detenção “envergonha o país”.
“Quando vemos a indignação, só podemos acreditar que se trata de lágrimas de crocodilo, de quem fala muito, mas resolve pouco ou nada”, criticou Montenegro.
O líder do PSD já tinha deixado uma crítica semelhante ao candidato do Chega à Câmara de Albufeira, o deputado Rui Cristina, que se desfiliou do PSD em janeiro de 2024.
“Sobre aqueles que se pré anunciam como capazes de resolver tudo, eu acho que é justo dizer que não se lhes conhece nenhuma resolução de nada em concreto, com exceção de uma: a capacidade de saltarem de sítio em sítio”, disse.
“Em três ou quatro anos saltar quatro ou cinco vezes são, de facto, demonstrações de um espírito de resolver muito apurado”, ironizou, sem nunca dizer o nome de Rui Cristina, que já foi deputado por Faro, Évora e Beja.
No dia em que comemorou 25 anos de casado – talvez por isso o jantar teve direito a dois pratos -, e com a mulher ao lado, o também primeiro-ministro focou-se igualmente nas questões da segurança.
“É necessário que haja mais policiamento, mais visibilidade, mais prevenção e uma adequação entre decisões que são municipais com decisões que são nacionais”, defendeu.
Como exemplo, apontou a realização de operações especiais no verão passado em Albufeira, “para que se crie uma perceção assente na realidade de que as Forças de Segurança e os poderes públicos não estão distraídos.”
José Carlos Rolo Tem como adversários na corrida à Câmara de Albufeira o deputado Rui Cristina (Chega), Victor Ferraz (PS/BE/L/PAN), Miguel Matias (IL) e Manuela Vardasta (CDU, coligação PCP/PEV).

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Montenegro diz-se “revoltado” e fala em “pouca vergonha” com teor das notícias sobre Spinumviva
O primeiro-ministro disse hoje estar “estupefacto e revoltado” com o teor das notícias hoje divulgadas sobre o caso Spinumviva e falou mesmo “em pouca vergonha”, dizendo aguardar a “análise e o juízo do Ministério Público”.
Luís Montenegro fez uma declaração à comunicação social, sem responder a perguntas, à entrada para uma iniciativa de campanha autárquica em Albufeira (distrito de Faro), na sequência da notícia avançada pela CNN Portugal de que os procuradores responsáveis pela averiguação preventiva sobre a Spinumviva consideram que deve ser aberto um inquérito-crime ao primeiro-ministro, que será decidido pelo procurador-geral da República.
“Estou completamente tranquilo, embora absolutamente estupefacto e mesmo revoltado com o teor das notícias, que a virem de alguém ligado ao processo configuram uma situação que é uma pouca vergonha, de uma deslealdade processual, democrática, que é intolerável e que eu não aceito de maneira nenhuma”, disse.
O líder do Governo assegurou que estas notícias “não o intimidam” e pediu aos portugueses que “não se deixem levar por manobras” – que classificou como obscuras – “a três ou quatro dias do encerramento de uma campanha eleitoral e de uma escolha que devem fazer em total liberdade”.
“Não sei qual é a fonte desta notícia, o que posso garantir é que todos os esclarecimentos que me têm sido pedidos são facultados e eu aguardarei a sua análise e o juízo do Ministério Público. O resto é simplesmente uma pouca-vergonha, eu vou repetir: é uma pouca-vergonha”, afirmou.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu hoje que a averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva está em curso e o Ministério Público aguarda ainda documentação, pelo que a averiguação continua.
“Não há, assim, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio”, refere um comunicado da PGR.
Montenegro disse que não será ele “a quebrar a relação de lealdade entre todos os intervenientes processuais”, mantendo-se disponível “para prestar todos os esclarecimentos”.
“É mesmo muito revoltante que se lancem mais uma vez insinuações, suspeitas, absolutamente infundadas”, disse, dando como exemplo as referências às suas férias no Brasil com a sua família.
Sobre este tema, o líder do executivo PSD/CDS-PP afirmou que “não foi recebido um cêntimo de ninguém” que não fosse do seu bolso e da sua mulher, que o acompanhou neste dia de campanha.
“Era o que me faltava que, por alguma razão, se estivesse a lançar esta nuvem”, disse.
Luís Montenegro disse assistir a “manobras obscuras” sem “perceber de onde vêm”, mas com a convicção de que haverá um momento “em que tudo poderá ser clarificado”-
“Todos iremos concluir que a democracia tem vulnerabilidades, tem fragilidades, e esta é uma delas, a de se lançarem atoardas, suspeitas, insinuações, não identificadas”, afirmou, dizendo referir-se quer às que originam os processos em curso no Ministério Público, quer as “passadas à imprensa”.
Montenegro terminou a sua declaração – sem responder às perguntas que os jornalistas ainda colocaram – com uma mensagem “às portuguesas e aos portugueses”.
“Não me intimidam, continuarei a fazer o meu trabalho como presidente de um partido, como primeiro-ministro, a olhar para o futuro de todos nós”, afirmou.
No final de setembro, o Procurador-geral da República (PGR) afirmou que o Ministério Público pediu mais documentação ao primeiro-ministro para poder finalizar a averiguação preventiva sobre os negócios da sua empresa familiar Spinumviva, caso na origem da demissão do primeiro executivo que liderou, em março do ano passado.
Montenegro diz que municípios não fazem “aproveitamento total” dos programas de financiamento
O presidente do PSD afirmou hoje que muitas autarquias “não fazem um aproveitamento total” dos programas de apoio e de financiamento que têm à sua disposição, designadamente na habitação, educação e setor social.
“Sinceramente, em muitos territórios, em muitas terras, não há um aproveitamento total daquilo que está à disposição das autarquias. Hoje temos programas de apoio e financiamento muito interessantes para termos a requalificação das escolas e darmos ambições para que os mais jovens possam qualificar-se”, disse Luís Montenegro, em Silves, no Algarve.
Ao discursar numa iniciativa de campanha autárquica de apoio ao candidato à Câmara de Silves, Montenegro disse haver condições para, em colaboração com os municípios, com as instituições particulares de solidariedade social, “ter oferta para que haja creches e jardins de infância para todos”.
O líder social-democrata enumerou também “os programas para investir na habitação pública para arrendamento a custos acessíveis”, existindo ainda “um programa que os municípios devem aproveitar com simplificação de procedimentos, para facilitar a vida aos cidadãos e aos empreendedores”.
“Temos um conjunto muito significativo de incentivos à atividade económica, de apoio à instalação de empresas, sobretudo aos territórios de baixa densidade, com aproveitamento de fundos que estão disponíveis, devendo as autarquias ser um intermediário entre os empreendedores e os vários órgãos da administração pública”, notou.
Questionando pelos jornalistas sobre a informação de que os procuradores do Ministério Público consideram que deve ser aberto um inquérito-crime à atividade da empresa Spinumviva, Luís Montenegro escusou-se a fazer qualquer comentário.
Além de Silves, o líder do PSD participou hoje em várias ações de campanha autárquica nos concelhos de Faro e Loulé, terminando o dia com um jantar-comício em Albufeira.