Com a pandemia a bater recordes, especialistas dão como inevitáveis mais duas semanas de escalada dos números. Serão necessárias 8 semanas para que os novos casos por dia voltem aos 3500, valor registado antes do Natal.
Tiago Mayan responsabiliza Governo por “descontrolo total” da pandemia
O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal (IL) considera que a reunião no Infarmed desta terça-feira foi “pouco esclarecedora” e lamenta que o país tenha chegado a uma situação de “descontrolo total” da pandemia.
“Há aqui desde logo uma responsabilidade a assacar ao Governo nessa matéria. A verdade é que chegámos a um ponto na saúde em que poderemos enfrentar um colapso. Estamos realmente numa situação que é entre a espada e a parede e o termos chegado a este ponto é preocupante”, afirmou Tiago Mayan Gonçalves em declarações aos jornalistas após a reunião no Infarmed.
Sem saber ainda que medidas serão definidas neste novo confinamento que deverá durar um mês, Tiago Mayan disse esperar que todas as dúvidas possam ser esclarecidas em breve, nomeadamente os sectores que serão mais afetados, assim como as “formas de compensação imediata” e “sem burocracias” disponíveis para essas atividades.
Em relação à campanha, o candidato liberal revelou que está ainda analisar com o seu staff de que forma poderá ser realizada num quadro de confinamento, estando apenas previsto para amanhã uma audiência com Rui Moreira, na Câmara do Porto.
“Como disse ontem, a campanha será sempre adaptada à realidade do momento e respeitadora das regras e das orientações definidas pelas autoridades de saúde”, concluiu.
Marisa com teste negativo. Campanhã é retomada na quarta-feira
Marisa Matias já recebeu os resultados do seu último teste à Covid-19, que deu negativo. A candidata presidencial apoiada pelo BE, que também já tinha recorrido à linha SNS24, tem assim luz verde para retomar a volta nacional e, conforme tinha previsto, vai estar na Madeira e nos Açores já na quarta-feira. E está disponível também para participar no debate a sete marcado para esta noite.
Num vídeo enviado aos jornalistas, a bloquista assinala que está em condições de voltar à atividade política, depois de a ter deixado em stand-by por ter estado próxima de Marcelo Rebelo de Sousa (no frente-a-frente de dia 2).
“Tive indicações de poder continuar a minha vida normal, obviamente cumprindo todas as normas sanitárias, como tenho cumprido até agora”, sublinha Marisa Matias, que acompanhou à distância a reunião com os especialistas em saúde pública, realizada no Infarmed.
“É com muita preocupação que vejo a evolução dos números e a forma como está a ser difícil gerirmos esta pandemia e, por isso, penso que não temos alternativa senão continuarmos a seguir as indicações das autoridades de saúde”, acrescentou a candidata a Belém, que defendeu ainda a urgência de “proteger o SNS”, mobilizando “todos os meios que estão à nossa disposição”.
Quanto ao confinamento que o Governo já antecipou, Marisa Matias apelou a que se salvaguardem os “rendimentos das famílias e os meios de apoio às empresas”. “As pessoas têm de ter condições para responder a este novo confinamento”, rematou.
IL contra limitação “leviana” de direitos, mas espera para ver decreto
João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, diz à saída da reunião no Infarmed que aguarda para ver o decreto do estado de emergência antes de decidir se continua a votar contra o estado de exceção. Ainda assim, recorda que a recusa em limitar excessivamente e de forma “leviana” liberdades e direitos, em passar cheques em branco ao Governo e em tomar medidas sem justificação científica se mantêm.
O deputado liberal acusa o Governo de mostrar uma “incapacidade” para “prever” e para “explicar” as medidas, falando ainda da falta de dados sobre se se deve ou não encerrar as escolas e sobre a perigosidade da nova estirpe do vírus.
A “surpresa” com a evolução da pandemia mostra, assim, a tal “incapacidade” do Executivo e uma situação dramática que precisará de medidas de contenção que provocará graves efeitos económicos. O partido pede ao Governo que seja agora “claro” nos apoios que dará desta vez.
“Continuamos à deriva”, lamenta o Chega
Nuno Afonso, chefe de gabinete de André Ventura no Parlamento, diz que “passou quase um ano” desde o início da pandemia e que “continuamos à deriva”. Para o dirigente do Chega, que substitui o líder por este se encontrar em isolamento profilático, durante os meses de verão “o Governo aproveitou para ir de férias” e não acautelou a segunda e terceira vagas.
Ainda sem saber ao certo as medidas que vão ser tomadas pelo executivo, Nuno Afonso concorda com a manutenção das escolas abertas, mas alerta para o risco económico e social do encerramento de vários setores e até de serviços públicos.
Pelo caminho, lamenta ainda o “mediatismo” que os testes a Marcelo Rebelo de Sousa estão a ter. Essa profusão de notícias com resultados contraditórios, explica, “descredibiliza a testagem”.
PAN fala em “tsunami sanitário” e pede mais medidas de apoio económico e social
A líder parlamentar do PAN, Inês de Sousa Real, afirma que a reunião no Infarmed revelou que o país está perante um “tsunami sanitário” e lamenta que o Governo não se tenha preparado para esta vaga.
“Os dados são bastante claros, estamos perante um tsunami sanitário, sendo que esta situação pode atingir-nos de forma muito expressiva. Apesar de haver um plano de vacinação que nos dá esperança, temos que continuar a manter as medidas de prevenção para que possamos todos ultrapassar esta crise e não sobrecarregar o SNS”, declarou.
Para a dirigente do PAN, a atual “situação complexa” da pandemia exige “respostas mais cabais” do Governo à crise económica e social, que devem ser reforçadas a curto prazo. “O confinamento não deve ser isolado de outras medidas socais e económicas. O PAN tem defendido sempre que a necessidade de se responder ao impacto económico e social, assim como às desigualdades sociais que tendem a agudizar- se com a crise da covid-19”, sustentou.
Em relação às escolas que deverão continuar abertas, Inês de Sousa Real defendeu a necessidade de se efetuarem mais testes a professores e funcionários numa altura em que a situação da covid-19 se encontra numa fase crítica.
Depois das abstenções, CDS volta a votar a favor do estado de emergência
Francisco Rodrigues dos Santos critica o Governo pela “resposta errática”, pelo “mau planeamento” e pela “incapacidade de previsão” que diz estar a pautar a gestão da pandemia. “Já atravessamos a terceira vaga e continuamos a cometer os mesmos erros. A situação está descontrolada. Quando as autoridades relaxam, os resultados são a fatura que estamos a pagar”, atira o presidente do CDS.
Para o líder dos democratas-cristãos, o executivo socialista “podia ter prevenido mortes” se tivesse mobilizado toda a capacidade clínica instalada – pública e privada, leia-se -, até porque, explica, os doentes não convid “estão numa situação de abandono”.
Depois de se ter abstido nas últimas votações do estado de emergência, a bancada centrista vai desta feita ajudar a viabilizar o quadro de exceção. “Desta vez é diferente, está em causa um novo confinamento. O CDS, querendo salvar vidas e sabendo qual é o plano, votará favoravelmente o estado de emergência”, revela Rodrigues dos Santos.
Nas declarações à saída da reunião com os especialistas em saúde, chama ainda a atenção para o risco de “400 mil idosos” não terem sido incluídos na primeira fase de vacinação, assinalando que a taxa de mortalidade entre as pessoas com mais de 80 anos ronda os 20%.
Questionado acerca das prioridades do plano – num dia em que se debate a inclusão ou não dos principais titulares de cargos públicos na primeira fase -, Rodrigues dos Santos é categórico: “Cedo a minha vacina aos mais idosos.”
PCP pede apoios económicos e sociais e defende escolas abertas contra “confinamento absoluto”
A reunião foi “meritória e importante”, diz Jerónimo de Sousa, à saída, embora frisando as muitas incertezas e até opiniões “contraditórias” que se registaram. É o caso do encerramento ou não das escolas – os comunistas consideram que “é importante” que estejam abertas, lembrando que a escola em si não é um grande fator de agravamento (mas a circulação para lá entrar e sair, lembrava António Costa há momentos, sim).
A situação foi “agravada” e são “precisas medidas de emergência”, assume o secretário-geral do PCP, mas pede que não sejam apenas medidas “restritivas” e sim de apoio económico e social, incluindo a proteção específica dos lares, dos trabalhadores e dos pequenos empresários que estão com a “corda na garganta”.
O Orçamento para este ano, que foi viabilizado com a abstenção do PCP, prevê um reforço do SNS, frisa Jerónimo, pedindo que se executem essas verbas.
Tentar impor o estado de emergência como “o alfa e o ómega” da questão é “o caminho mais errado”, conclui o líder do PCP. O “confinamento absoluto” significa que “deixa de haver vida”, garante, apelando a que sejam encontradas soluções para que a população se sinta “preocupada mas confiante”, em vez de assustada.
Bloco pede medidas concretas de apoio. “Governo tem dado prioridade à contenção do défice”
Perante uma “incidência histórica de novos casos” e uma “disseminação comunitária, de norte a sul”, o deputado Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, considerou que “um confinamento urgente é a resposta, também para preservar o SNS”. Trata-se de uma “situação insuportável para qualquer serviço de saúde”, acrescentou.
No entanto, um novo confinamento não pode ser “uma medida isolada”, nem representar “um fardo” para quem já perdeu tudo ou poderá perder tudo agora. O deputado pede, por isso, medidas associadas de “proteção do emprego e proibição de despedimentos em empresas com lucro”, algo em que o Bloco tem insistido mas o Governo resiste, acusou.
Sectores de atividade como a cultura e a restauração “estão fartos de muitos anúncios e poucas concretizações”, bem como os trabalhadores informais e os recibos verdes, refere ainda Moisés Ferreira, que considera “intolerável” que em dezembro ainda houvesse milhares de recibos verdes à espera de ajuda.
Além disso, todas as famílias têm de ter acesso a bens e direitos essenciais, como eletricidade e gás, sobretudo quando se atravessa uma vaga de frio, declarou. Esses apoios sociais e económicos, “se preciso”, devem ser “suportados pelo Estado”.
Hoje é “mais evidente do que nunca” que a requisição civil é “urgente”, mas “nada indica que isso vá avançar”, lamentou. O dinheiro terá de sair da Segurança Social e, se preciso, do Orçamento do Estado, sugeriu, referindo que “Portugal é dos países europeus que menos estão a gastar” com medidas de apoio em contexto de pandemia.
“O Governo tem dado prioridade à contenção do défice”, desguarnecendo o apoio a quem dele precisa, acusou, frisando que “a prioridade é a população, não são as regras de Bruxelas”.
Quanto à vacinação dos políticos, estes devem ser vacinados “segundo os critérios definidos, como a idade e as comorbilidades”, não devendo, por isso, aqueles “passar à frente e cumprir os critérios definidos para a restante população”, concluiu.
PSD avisa que sem mudança de estratégia os casos voltam a aumentar após o confinamento
À saída da reunião no Infarmed, Ricardo Baptista Leite alerta que o país não pode estar pemanentemente “a confinar e a desconfinar” e vinca que Portugal enfrenta “o pior momento da resposta à pandemia”. Para fazer face a esta terceira vaga, o deputado do PSD diz: “Não podemos continuar a combater a pandemia em 2021 com as receitas de 2020.”
Com os números fornecidos pelos especialistas bem presentes – salienta o facto de 60% das camas das unidades de cuidados intensivos estarem ocupadas por doentes Covid -, Baptista Leite realça que “a situação é verdadeiramente dramática”, até porque os médicos já estão a ser confrontados com a circunstância de terem de escolher a que doentes acodem.
Se não houver uma “mudança radical na abordagem” à Covid-19, “se não mudarmos de estratégia, depois de levantarmos o confinamento”, corremos o risco de voltar a ter um novo aumento de pessoas infetadas.
“Falhou-se na preparação do Inverno e no alívio das medidas do Natal”, critica o social-democrata, antecipando ainda que o PSD estará outra vez “do lado das soluções, procurando apoiar o estado de emergência” que esta quarta-feira será votado na Assembleia da República.
“Há mortes que são evitáveis, podemos prevenir essas mortes”, prossegue o parlamentar, que pede ao Governo que não desperdice os contributos da ciência nas restrições que venham a ser implementadas.
PS diz que especialistas deram razão ao Governo
O secretário-geral adjunto do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, diz que a reunião no Infarmed comprovou a necessidade de se iniciar um novo confinamento para travar o crescente número de infeções. E insiste que os especialistas deram razão ao Governo para não encerrar as escolas para crianças.
“Nada justifica o encerramento das escolas até aos 12 anos. A dúvida está na faixa dos alunos com mais de 12 anos”, afirma José Luís Carneiro em declarações aos jornalistas à saída da reunião no Infarmed.
Considerando que a situação atual da pandemia aconselha a que as medidas sejam “tomadas rapidamente”, o dirigente socialista explica que dificilmente poderão ser encerrados os estabelecimentos do Ensino Superior, uma vez que está a decorrer a fase de exames.
“Face ao aumento da procura dos cuidados hospitalares, intensivos e o número de mortos não prevalecem quaisquer dúvidas sobre a necessidade de adotarem medidas mais restritivas de confinamento”, reitera José Luís Carneiro.
Questionado sobre o plano de vacinação, o secretário-geral adjunto do PS afirma que “está a correr bem” face ao cenário de outros países europeus e que entre o final de março e o princípio de abril deve estar concluída a primeira fase.
“A responsabilidade nunca é dos cientistas, é dos políticos”
António Costa defendeu ao longo da conversa com os jornalistas que tem tentado decidir com o apoio dos especialistas, mas que quando estes têm opiniões diversas, é o poder político que decide. “Saio daqui com mais informação, mesmo quando é contraditória. A responsabilidade nunca é dos cientistas, é dos políticos”, frisou.
“Temos de adotar todas as medidas para controlar a pandemia”
Questionado sobre o problema que um novo confinamento trará para a economia, costa lembrou que há “vasos comunicantes” e que sempre que se abrem atividades, “melhora a economia e piora a pandemia” e o contrário também acontece. Contudo, perante a situação atual, “temos de adotar todas as medidas necessárias para controlar a pandemia”, disse.
Para isso, garante que o Governo irá procurar “apoiar o rendimento das famílias manutenção do emprego e empresas e setores económicos que mais serão atingidos com o encerramento de atividades”.
Costa apela ao cumprimento das medidas de prevenção
António Costa indica que a redução do uso de máscara no período de Natal poderá ter potenciado o aumento das infeções pelo novo coronavírus.
“Recomenda-se toda a cautela: isso implica confinamento e também por a máscara e manter a disciplina muito grande”, diz o primeiro-ministro, considerando que a máscara é uma “arma imprescindível” para travar a covid-19.
“Não é pelo facto de haver vacina que estamos já protegidos. O período de vacinação vai ser muito longo, não podemos desvalorizar a doença”, acrescenta, apontando para a necessidade também do respeito da distância e da etiqueta respiratória face à nova variante do Reino Unido.
“Não é a escola em si o foco de infecção”, diz o primeiro-ministro
O primeiro-ministro diz que no que toca aos alunos acima dos 12 anos, houve divergências e que será o Governo a tomar uma decisão política. “Temos feito todos um esforço grande para tomar decisões no melhor conhecimento cientifico possível e nem sempre os especialistas convergem nas suas posições.
Quando convergem, é um grande conforto”, diz. Ora tal não acontece relativamente ao secundário. “Ouvimos os argumentos e temos a nossa própria inteligência”, disse.
Informou ainda que tem havido diálogo com a confederação das associações de pais e com os diretores de escolas para “garantir as melhores condições”.
“Não é a escola em si que é foco de infeção e perturbação, mas é mais um fator de movimentação e dessa movimentação resulta maior risco de contaminação”, diz.
Governo nada pode fazer quanto à campanha, diz Costa. Cabe ao “bom senso” dos candidatos
Sobre a campanha eleitoral, diz António Costa que a “própria lei do estado de emergência não permite qualquer intromissão das medidas do estado de emergência no funcionamento da campanha eleitoral. Será deixada ao bom senso dos candidatos”, disse.
Medidas devem ser anunciadas em breve
Primeiro-ministro insiste que as medidas mais restritivas a adotar pelo Governo deverão vigorar durante um mês e serão anunciadas o mais rapidamente possível respeitando o “quadro constitucional”.
“Se as coisas correrem bem, pode ser que na segunda quinzena seja aligeirado mas, caso contrário, teremos que adotar medidas ainda mais rigorosas”, alerta.
De acordo com o chefe do Governo, o Presidente da República terá hoje à tarde audições com os diferentes partidos e será dado um parecer ao decreto do PR. “O Conselho de Ministros tomará amanhã uma decisão”, acrescenta.
14h22
Escolas dos mais pequenos não fecham. Avaliações do superior continuam. Dúvida está no secundário
O primeiro-ministro informou no final que perante o que foi dito pelos especialistas está “fora de causa interromper atividades de avaliação” nomeadamente no ensino superior e que houve um consenso entre os especialistas que para as “crianças mais pequenas, nada justificaria o encerramento das escolas”.
A “dúvida” existe na “faixa intermédia”, ou seja, no secundário. “As divergências entre os especialistas foram muito grandes” e por isso haverá uma ponderação política.
Costa diz que confinamento deverá durar um mês
O primeiro-ministro fala no final da reunião do Infarmed e diz que há um “consenso muito generalizado perante o que são os números verificados” e que as medidas será pensadas no “horizonte de um mês” semelhantes às de Março.
65,8% dos portugueses querem tomar a vacina logo que seja possível
Dois em cada três portugueses querem tomar a vacina logo que esteja disponível, sendo essa disponibilidade de quase 100% entre as pessoas mais velhas, conclui o barómetro covid-19 da Escola Nacional de Saúde Pública. “Há um padrão muito claro” de aumento desta intenção, salientou Carla Nunes.
O nível de confiança na vacina também tem vindo a aumentar, “com um padrão muito forte na redução do pouco ou nada confiantes que são agora 15,9%”.
Nível de confiança da população na resposta dos serviços de saúde tem diminuído
Segundo o barómetro covid-19 da Escola Nacional de Saúde Pública, o nível de confiança da população na capacidade de resposta dos serviços de saúde tem vindo a diminuir. É esse um dos alertas dados por Carla Nunes, diretora da instituição.
Um quarto dos doentes mantêm sintomas após 8 meses da infeção
O acompanhamento de quase dois mil doentes com covid-19 que passaram desde o início da pandemia pelo Centro Hospitalar de São João, no Porto, permite concluir que estas infeções acabam por tornar-se em muitos casos uma doença crónica, pela persistência de sintomas que perduram ao longo de meses e pelo impacto que têm nas pessoas, sublinha o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Henrique de Barros, que apresentou vários números:
► entre os doentes sintomáticos, 25% a 30% disseram manter alguns sintomas da doença após 8 a 9 meses após a infeção;
► 60% dos doentes que responderam ao inquérito da equipa do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto admitiram sentirem-se afetados pela doença após a alta clínica. Depressão, cefaleias, tonturas e perda de olfato e paladar durante longos períodos de tempo foram alguns dos problemas mais referidos.
Portugal já recebeu cerca de 160 mil doses da vacina
O coordenador da task force de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, diz que o país já recebeu cerca de 160 mil doses da vacina da Pfizer, tendo sido distribuídas mais de 67 mil e reservadas outras 72 mil para a segunda dose.
“O número superior de reserva é propositado para não haver sobressaltos”, observou Francisco Ramos, acrescentando que nas próximas semanas continuará a ser dada prioridade aos idosos e à rede de cuidados continuados.
Projeções apontam para 150 óbitos por dia antes do fim do mês
As projeções dos internamentos são “mais difíceis de fazer” do que as de novos casos, mas dão uma ideia “para onde vamos”, alerta Manuel Carmo Gomes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Mas acho que dificilmente conseguimos evitar os 700 internados em cuidados intensivos e vamos ultrapassar essa linha”, afirmou, referindo também 4400 hospitalizações a 24 de janeiro.
Já os óbitos, “com tendência ascendente”, poderão chegar a cerca de 150 por dia na mesma altura. Se evoluírem consoante estas projeções, o número total de óbitos atingirá os aproximadamente 12 mil a 9 de fevereiro, “um valor muito preocupante”, conclui Carmo Gomes.
Casos acima dos 80 anos com números preocupantes
Só neste mês de janeiro, registaram-se três mil casos de infeção em pessoas com mais de 80 anos, o que vai gerar cerca de 600 óbitos por covid-19, lembra Henrique de Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde.
A letalidade nestas idades aproxima-se dos 20% e é “muito importante prevenir estas infeções e estas mortes”, apela.
Especialista estima 14 mil casos daqui a duas semanas
Mesmo que se entre em confinamento total e isso signifique uma desaceleração da epidemia, Manuel Carmo Gomes estima que dificilmente se consiga evitar uma média de 14 mil novos casos daqui a duas semanas. “E teremos de descer a partir daí porque 14 mil casos por dia não é aceitável”, avisa o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “Temos pela frente as semanas mais difíceis da epidemia”, conclui Carmo Gomes.
Assumindo que houvesse agora a mesma desaceleração registada entre 16 e 28 de março, na primeira onda, em resultado de um confinamento total, “projetamos que dificilmente evitaremos já os 14 mil casos por dia que ocorreria daqui a aproximadamente duas semanas”.
Para reduzir desses 14 mil casos para metade (7 mil por dia), e assumindo uma descida semelhante à de março, “levaríamos três semanas”. E mais outras três semanas para diminuir para 3500 novos casos por dia, o nível em que o país estava no período anterior ao Natal.
Medidas de confinamento ao fim de semana têm dado resultados
De acordo com os cálculos de Baltazar Nunes, a imposição de restrições ao fim de semana tem gerado impactos positivos quer na evolução de casos, levando mesmo a uma diminuição, quer no índice de transmissibilidade (RT de 1,13 para 0,78).
As mesmas projeções indicam que caso o país avance durante um mês para um confinamento semelhante ao de março/abril – em que houve por exemplo, o encerramento de todo o comércio não essencial, bem como restaurantes ou ginásios – mas mantendo todas as escolas em regime presencial, o R pode cair para 0,73.
Já num cenário em que fecham as escolas apenas do ensino secundário, mantendo-se os alunos maiores de 15 anos com aulas online, o R pode cair para 0,68. Se se avançasse para um modelo de ensino totalmente à distância para todos os alunos esse valor poderá diminuir para 0,63.
Cerca de 5 mil casos “escaparam” à testagem no Natal
Na descrição detalhada sobre a evolução da epidemia, Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, alerta para o facto de cerca de 5 mil casos positivos, sejam sintomáticas, pré-sintomáticas e assintomáticas”, escaparam ao sistema de testagem no período do Natal. E essa pode, acrescenta o especialista, ser uma explicação para a subida acentuada de casos.
“No pico de testes a 24 de dezembro com 57 mil testes, apenas 8% eram positivos, uma taxa relativamente baixa, tendo em atenção o que já sabíamos sobre o possível aumento de contactos que aconteceu antes do natal”, aponta. “Houve muitas pessoas que se testaram, mas “muitos sem critério epidemiológico”. Ou seja, foram pessoas que por sua iniciativa se testam.
Peso da nova variante do Reino Unido é ainda “modesto” em Portugal
João Paulo Gomes, investigador no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), diz que a nova variante do Reino Unido parece estar associada a uma “maior carga viral até 32 vezes”, o que poderá explicar a maior transmissão do SARS-CoV-2 entre a população. Garante ainda que “não há evidência” de que a variante britânica afete mais as crianças e jovens, ao contrário do que foi avançado inicialmente.
Por cá, o especialista explica que o Instituto Dr. Ricardo Jorge em conjunto com a Gulbenkian estão a concentrar todos os esforços na sequenciação do vírus, mas sublinha que por enquanto o peso relativo desta nova variante britânica é “modesto”, ainda que seja preciso ter “cautela”.
“É expectável, sim, surpreendente, não”, afirma João Paulo Gomes, apontando para o significativo número de turistas britânicos que o país recebe.
O investigador recorda que Portugal também já teve a sua variante associada a um ou dois voos que vieram de Milão em meados de fevereiro do ano passado, que originou a disseminação dessa variante genética do novo coronavírus no norte e centro do país.
Na altura, sublinha, “um em cada quatro casos de covid-19” eram causados por essa variante, mas graças às medidas de confinamento foi possível “estrangular” a disseminação do vírus.
É possível reduzir o R abaixo de 1 mantendo escolas abertas e fechando outros setores de atividade
Sobre a questão do impacto de num possível encerramento de escolas, Baltazar Nunes, do Instituto Ricardo Jorge, explicou que as projeções feitas com bases em vários cenários – desde a manutenção das escolas abertas até ao fecho para alguns níveis de ensino – indicam que é possível baixar o índice de transmissibilidade para valores inferiores a 1 (reduzindo o aumento de novos casos) desde que se fechem outros sectores de atividade, tal como se fez nos períodos de março e abril.
O especialista lembra, no entanto, que a redução do R será naturalmente mais pronunciada se se fecharem os estabelecimentos de ensino.
O que não pode acontecer, frisa ainda o especialista, é não se fazer nada. Se assim for, o número de hospitalizações e de casos aumenta de forma exponencial com o valor atual de R.
Com um confinamento por duas semanas, tudo indica que o R volta a aproximar-se de 1. “Se for durante um mês, a redução é mais generalizada”.
Índice de transmissibilidade está em 1,2
Se durante os meses de outubro, novembro e dezembro o índice de transmissibilidade desceu de forma constante, bastaram seis dias, entre o período de Natal e Ano Novo, para o valor disparar, passando de 0,98 a 25 de dezembro para 1,2 no dia 30 de dezembro, descreveu Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde.
Este crescimento verificou-se em todo o país, sendo a região Norte a que tem o valor mais baixo: 1,18.
Subida de casos na região de Lisboa começou logo a seguir ao Natal
A subida de novos casos na região de Lisboa “inicia-se logo a seguir imediatamente ao Natal, a 27 e 28 de dezembro”, segundo Duarte Tavares, do departamento de Saúde Pública da ARSLVT, admitindo ser antes do que antecipavam no departamento de saúde pública.
Segundo o responsável, há cada vez mais casos em jovens entre os 20 e os 29 anos, em comparação com períodos anteriores. E em relação à percentagem de casos positivos nos lares era de 5,5% em julho, baixando para 2,3% em agosto, “e que voltou a subir, atingindo máximos a meio de novembro de 12,41%. “Daí em diante teve tendência decrescente, situando-se agora em janeiro à volta dos 10%.”
Duarte Tavares refere ainda que o número de casos entrados através do aeroporto nos primeiros 11 dias de janeiro (53 casos) “foi bastante semelhante” ao registado durante todo o mês de novembro (58 casos). “Em média, por dia, mais de 100 cidadãos portugueses ou com residência em Portugal, à chegada a Lisboa, recusam fazer teste ou não trazem teste feito.”
Região Norte com crescimento acelerado de casos
Depois da descida da incidência de casos que se iniciou no final de novembro na região Norte, o Natal marcou o início de uma nova curva ascendente de contágios, descreve o matemático da Universidade do Porto, Óscar Felgueiras. “
Até ao dia 26 de dezembro apenas 9% da população da região norte encontrava-se em municípios de maior incidência. Na última semana saltou de repente para 40% esta incidência de novos casos a 14 dias.”
Atualmente toda a região norte está com níveis de crescimentos alto (superiores a 30% em grande parte do território) e de forma acelerada.
Portugal tem agora 871 novos casos por 100 mil habitantes
Segundo os dados apresentados por André Peralta Santos, responsável pelo departamento de estatística da Direção-Geral da Saúde, Portugal tem agora 871 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias.
É um “máximo histórico” desde o início da epidemia de covid-19 no país, já acima dos 765 novos por casos por 100 mil habitantes registados por volta de 25 de novembro, no pico da segunda onda.
“Atualmente estamos com trajetória fortemente crescente”, diz DGS
A primeira apresentação cabe a André Peralta Santos, responsável pelo departamento de estatística da Direção-Geral da Saúde, que alerta para o risco da situação atual. “Atualmente estamos com trajetória fortemente crescente, com máximo histórico de incidência cumulativa”, afirma. No gráfico que apresentou, o país surge nesta altura com 871 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias, acima dos 765 registados no pico de novembro.
“Várias áreas do país mais do que duplicaram a incidência entre 23 de dezembro e 9 de janeiro e há muitas com aumento muito acentuado. São raras as áreas onde houve um decréscimo”, sublinha. André Peralta Santos refere ainda uma subida da incidência da covid-19 em todos os grupos etários.
A nível geográfico, o responsável da DGS fala de um “agravamento generalizado” e explica que a incidência de todas as as regiões do país está a subir, com valores próximos, ainda que os Açores e a Madeira se mantenham com um nível mais baixo do que no Continente.
Quanto ao impacto do aumento de casos nos internamentos, Peralta Santos refere uma “inversão da tendência no início do ano com aumento de hospitalizações e de casos em cuidados intensivos”. Por região, afirma, “o Norte tem mostrado uma tendência decrescente de hospitalizações, veremos se se mantém”. Todas as restantes regiões mantêm tendências crescentes.
Também os óbitos seguem a mesma tendência de subida. “Vinham a decrescer, mas houve uma inversão no início do ano”, apontou o responsável, sublinhando que estão agora a ser batidos “máximos históricos”.
Reunião no Infarmed avalia encerramento das escolas com Marcelo e candidatos à distância
O primeiro-ministro, o Presidente da República, os candidatos a Belém e os líderes partidários reúnem-se esta terça-feira com especialistas, na sede do Infarmed, para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal.
Devido a um teste positivo, Marcelo Rebelo de Sousa encontra-se em isolamento e participará por videoconferência na reunião que irá avaliar as medidas no quadro do novo confinamento, como o eventual encerramento das escolas, à semelhança de outros candidatos a Belém.
Entretanto, um segundo teste à covid-19 deu negativo, pelo que o Chefe do Governo aguarda a realização de um terceiro teste para confirmar se está ou não infetado com o novo coronavírus.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso