Em Portimão, onde André Ventura foi o segundo candidato mais votado nas Presidenciais, o líder do Chega sente-se em casa. Foi nesta cidade algarvia que arrancou o 11.º dia de campanha com um comício na Praça da República, onde Ventura centrou o discurso nos problemas da região e lançou farpas ao Governo. Mas também ao BE e ao PCP.
“O Algarve é o símbolo da incompetência socialista. Houve um momento em que servia para pagar impostos para o país todo. Mas quando precisou de ajuda o Governo virou-lhes as costas”, começou por afirmar Ventura perante meia centena de apoiantes, a média dos restantes comícios.
Foto D.R. Ana Baião
Num apelo ao voto, o líder do Chega dirigiu-se aos portimonenses que votaram em si em janeiro e no Chega nas legislativas, afirmando que “cada voto contará” para a consolidação do partido. “Saiam de casa e votem. Não deixem ninguém decidir por vós”, insistiu.
A cinco dias do sufrágio, André Ventura mostra-se de novo menos confiante quanto aos resultados, mas já tem definido o contexto ideal a 27 de setembro: “Prefiro ser realista, afinal, é a primeira vez que vamos a votos em autárquicas”, afirma o líder do Chega que admite que o objetivo do partido é tornar-se na terceira força política. No entanto, um quarto lugar já seria positivo. “Durante muitos anos, o sistema político teve quatro partidos. O PS, a CDU, o PSD e o CDS. Isso seria entrarmos no clube dos grandes. Mas nós queremos mais do que isso, queremos entrar no clube dos muito grandes e ser a terceira força política”, reforçou.
Ventura já faz as contas e traça três cenários: vitória, meia-vitória a derrota. Ficar à frente do BE e da CDU em número de votos seria uma “vitória”, à frente do BE uma “meia vitória”, enquanto nenhuma dessas hipóteses seria uma “derrota”. “Se ficamos em 5.º ou 6.º lugar é uma derrota. Há que assumi-lo como tal, e se tal acontecer começo no dia a seguir já a pensar nas legislativas”, vincou.
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ATAQUES À ESQUERDA: “PS METEU NO BOLSO O BE E O PCP”
Questionado sobre um eventual mau resultado para o PSD, Ventura considerou que isso se justificaria face à política de “ziguezague” de Rui Rio e significaria também que o Chega tinha roubado votos aos sociais-democratas. Captar votos ao PSD e ao CDS também seria de alguma forma uma “vitória” para o Chega.
À margem do comício em Portimão, André Ventura ainda lançou ataques à esquerda, acusando BE e PCP de serem as “muletas do PS”, numa altura em que o Parlamento se prepara para dar início ao processo orçamental. “Todos os meses tenho que ouvir Catarina Martins e Jerónimo de Sousa no Parlamento a dizer que faltam hospitais, escolas e a reclamar melhores pensões e salários, mas quando é a vez de votar o Orçamento, votam a favor. O PS meteu no bolso o BE e o PCP. Hoje não há três partidos, mas um com a liderança de António Costa”’, acusou.
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CRÍTICAS A TEMIDO E GAFE SOBRE OS HOSPITAIS ALGARVIOS
Depois de uma arruada em Loulé – onde distribui abraços e beijos mesmo em tempos de pandemia –, Ventura terminou hoje o dia de campanha com um comício em Faro. E foi então que, entre lamentos à falta de investimento na saúde na região, voltou a atacar a ministra por ter usado um carro do Estado para apoiar a campanha do PS. No meio das críticas, um erro – a região tem três hospitais públicos e não dois – “para meio milhão de pessoas” – como diria no discurso.
No final, Ventura voltou a exigir explicações por parte da ministra e do primeiro-ministro sobre a situação. “António Costa esteve no Algarve e foi-se embora sem explicar como é que a sua ministra foi no carro pago pelos contribuintes, violando o próprio código de conduta do Governo. A isto chama-se uma coisa: impunidade socialista, a impunidade dos que acham que podem fazer aquilo que quiserem em Portugal”, criticou.
Além do sector da Saúde, Ventura criticou a cobrança de portagens na região, considerando que deviam ter sido “suspensas” ou pelo menos “reduzidas” face à pandemia, alertando ainda para a diferença quando se cruza a fronteira com Espanha.
Reafirmando que o Chega defendeu um Plano Especial para o Algarve, uma vez que a região foi uma das mais afetadas pela pandemia, Ventura prosseguiu com críticas cerradas ao Executivo. “Os dois concelhos com maior desemprego este ano foram Faro e Odivelas e nenhum foi tão fustigado como este. Pedimos um plano para o Algarve não por ser privilegiado, mas porque foi um dos mais atingidos pela quebra do turismo”, alegou. Com a batalha eleitoral pela frente, no sprint final para domingo a campanha do Chega começa agora a subir de tom.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso