A taxa de poupança das famílias é a percentagem do rendimento disponível que não é gasto em bens de consumo.
As famílias fazem poupança de uma parte do seu rendimento, ainda que o rendimento seja muito baixo. Há países cujas famílias têm altos rendimentos, mas não têm uma taxa de poupança muito elevada porque não precisam preocupar-se muito com o futuro. Em contrapartida, segundo as estatísticas publicadas pela OCDE, o México tem uma taxa de poupança sempre superior a 10% apesar de ter salários baixos.
Na tabela abaixo, verifica-se que em Portugal, nos últimos dez anos, foi exactamente nos dois anos piores da crise económica que houve uma maior poupança das famílias. Apesar dos rendimentos terem aumentado nos anos seguintes a taxa de poupança baixou, o que revela uma mentalidade de consumo imediato descurando os possíveis problemas económicos no futuro. É por isso que a DECO recebe, todos os anos, milhares de pedidos de ajuda ao sobre-endividamento por parte das famílias.
Em relação ao ano de 2019, é notória a diferença entre a taxa de poupança em Portugal e a média dos países da zona euro e também em relação aos Estados Unidos.
A poupança é extremamente importante num país porque é a partir das poupanças arrecadadas, na forma de depósitos, que os bancos podem financiar a actividade económica sem terem que recorrer ao mercado interbancário internacional.
Em Portugal, para além da taxa de poupança ser muito baixa, o endividamento das famílias é demasiado elevado. Segundo o boletim mensal do Banco de Portugal deste mês, a divida das famílias era, em Fevereiro último, de 97.132 milhões de euros na habitação e de 28.951 milhões de crédito ao consumo.
Por um lado, as famílias não poupam e por outro há muitas famílias que recorrem ao crédito ao consumo, por vezes para coisas tão pouco necessárias e de ostentação como sejam as viagens de férias ao estrangeiro para pagar posteriormente em prestações. Pura irracionalidade. É o consumismo acima das reais possibilidades económicas no presente, que têm que ser pagas, com juros altos, no futuro.
É necessário o Estado ter uma política de taxas de juro reais bastante atrativas para as pequenas poupanças familiares.
Um país sem poupança, por parte do conjunto das famílias, tem mais dificuldade no apoio financeiro ao tecido empresarial.