Com valores tão distintos como a liberdade, a inclusão, a tolerância, a justiça, a solidariedade, a igualdade, a não discriminação e a dignidade do ser humano, a UE afirmou-se como um território exemplar na promoção da democracia e do estado de direito, que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz em 2012. De forma transversal, foram estes os valores com que cresci e procuro respeitar, numa Europa que me acompanha desde tenra idade, do ponto de vista pessoal, académico e profissional.
O momento da assinatura de adesão de Portugal à CEE pelo Primeiro Ministro Mário Soares, em junho de 1985, foi acompanhado na televisão, com o entusiamo bacoco de um miúdo de 7 anos, que poucos dias antes, tinha assistido a um casamento no Mosteiro Jerónimos, palco do momento histórico que se vivia. Esta coincidência, assim como o ar roliço, valeram-me a minha primeira alcunha, que perdura na memória de alguns moradores do Bairro do Bom João em Faro: Bochechas.
Em janeiro de 1986 na escola primária do Bom João, após as férias do Natal, recordo-me de celebrar de forma entusiasta, a entrada na CEE. Na verdade, não sabia muito bem o que significava, mas confiando nos noticiários e nas conversas de café, o clima era de esperança e confiança num futuro melhor, reforçado pela ambição de “termos tudo aquilo que desejamos”, em linha com a icónica música do GNR, “Portugal na CEE”, cujo disco singletocava vezes sem conta na mala gira-discos que havia lá por casa, mas que por vezes fazia “uma perninha” na escola, para deleite de todos. Recordo-me de recortar notícias dos jornais e de fazermos um jornal de parede, que não mais parou de crescer. A Europa passou a fazer parte das nossas vidas.
Aos 12 anos ingressei no Clube Europeuda Escola Preparatória Dr. Joaquim Magalhães (então EP N.º 2 de Faro) e posteriormente no Clube Europeudo Liceu João de Deus, coordenados respetivamente pela Professora de Ciências Margarida Grifo e pela Professora de História Irene Pires. Foram anos fantásticos de aprendizagens e de formação pessoal e de construção de uma identidade e cidadania europeia, da qual me orgulho.
O 9 de maio, Dia da Europaera uma festa e o ponto alto das atividades anuais. Organizámos exposições, visitas de estudo, concertos, debates, almoços temáticos e sobretudo fortalecemos amizades. Entusiasticamente concorríamos todos os anos às diferentes iniciativas que nos chegavam por via do então Instituto Português da Juventude (IPJ), da EuroEscola ao Parlamento Europeu dos Jovens, na esperança de ganhar uma visita às instituições europeias, que no meu caso, nunca ocorreu.
Aos 16 anos, escrevi em coautoria um artigo para o jornal escolar Preto no Branco, sobre a identidade e o sentimento de pertença à Europa, intitulado “Ser Europeu”. Uma reflexão breve sobre os valores e oportunidades propiciadas pela Europa, num contexto territorial alargado e diverso, baseado nos resultados de um inquérito aplicado a um grupo de colegas e professores, que confirmava uma forte interação escalar numa identidade local, regional, nacional e europeia.
Já na faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tive o privilégio de aprender a Geografia da CEEcom a Professora Carminda Cavaco, que resistia em atualizar o nome da cadeira para Geografia da CE, nos termos do Tratado de Maastricht.
Foi também neste período que a “minha Europa” escalou e passou os Pirenéus, deixando para trás 21 anos de “solidão” ibérica. O mote foi um encontro europeu de estudantes das áreas do ambiente e do ordenamento do território, em Estrasburgo, no ano 1999, numa Europa que se alargava e que contava à data com 15 Estados Membros. Enquanto Portugal se debatia com a resposta a problemas elementares de acesso e cobertura de redes, ainda hoje não totalmente concretizados, Estrasburgo deu-me uma lição de urbanismo e funcionalidade. Da articulação modal de transportes, às vias dedicadas às bicicletas, às vastas áreas pedonais, à valorização e interpretação do património, à sobriedade e cuidado com o paisagismo, num planeamento urbano integrado focado nas pessoas, encontrei racionais, que timidamente se foram replicando, mais na retórica, que na prática, na maioria das cidades portuguesas.
A Europa tem sido uma constante na minha vida profissional. Quando não vinha ter comigo eu procurava-a. Assim foi enquanto professor de Geografia na Escola Secundária Pinheiro e Rosa em Faro, onde, com um espetacular grupo de alunos, conquistámos a representação regional na final nacional do Parlamento Europeu dos Jovens, que se realizou na Guarda, ou na minha exclusão ao concurso de seleção de um técnico superior para o Eurogabinete Algarve em 2001, por falta de experiência profissional. Nesse mesmo ano comecei a trabalhar diretamente com Fundos Europeus, primeiro com o Fundo Social Europeu (FSE) e depois com o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). São já duas décadas bem recheadas, desde o Quadro Comunitário de Apoio (QCA III), quer na ótica do beneficiário, quer na ótica da gestão ou do planeamento e programação estratégica.
Numa Europa que se confronta com novos desafios societais, que ameaçam a “união na diversidade” com vozes dissonantes, extremistas e abandono, procuro revisitar os valores que conduziram à construção europeia, sem perder o foco territorial e identitário que nos molda, e caracteriza. Nela deposito a esperança nos objetivos de coesão e inclusão, promotores duma qualidade de vida, que nem sempre valorizamos, porque a temos e damos por garantida, simplesmente porque somos europeus. Nela confio para, com conhecimento, investigação e trabalho colaborativo e em rede, se minimizem vulnerabilidades com amplo impacte ambiental, social e económico, simplesmente porque estamos juntos. Nela acredito, para mitigar desigualdades e atuar contra todas as formas de privação, de forma cooperativa, simplesmente porque somos humanistas e lideramos pelo exemplo. Uma Europa onde me revejo, simplesmente porque é a “minha casa” e é nela que me sinto bem!
O Centro Europe Direct Algarve é um serviço público que tem como principal missão difundir e disponibilizar uma informação generalista sobre a União Europeia, as suas políticas e os seus programas, aos cidadãos, instituições, comunidade escolar, entre outros. Está hospedado na CCDR Algarve e faz parte de uma Rede de Informação da Direcção-Geral da Comunicação da Comissão Europeia, constituída por cerca de 500 centros espalhados pelos 28 Estados Membro da União Europeia.
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