Após um período de vários meses em que não foi possível visitar museus ou exposições de forma presencial, tendo sido desenvolvidas iniciativas que permitiam visitas online a museus de todo o mundo e a visualização virtual de obras de arte, foi levantado o estado de emergência, começando a ser organizadas exposições presenciais.
É o caso da exposição coletiva intitulada “Regresso ao Futuro”, inaugurada no dia 13 de junho, na sede da Associação 289 (Solar das Pontes de Marchil, em Faro), procurando prosseguir o caminho da criatividade, do conhecimento e da cultura, depois do período de confinamento forçado e de alguma incerteza em relação ao futuro.
A Associação 289 é um coletivo de arte contemporânea, criado há três anos, em Faro. Segundo esta Associação, durante o período de confinamento, a atividade de planeamento e de execução artística não pararam, sendo agora tempo de regressar ao diálogo com a sociedade, através duma exposição coletiva em que participam 57 artistas sediados na região algarvia, mas também integrando alguns convidados nacionais. Desde nomes conhecidos no meio artístico, como Pedro Cabral Santo, Pedro Cabrita Reis, Rui Sanches ou Xana, até nomes de quem está a expor pela primeira vez, em particular alguns estudantes de Artes Visuais da Universidade do Algarve.
As Artes Visuais na UAlg têm desenvolvido um percurso em que tem sido desde sempre muito valorizada a relação com a comunidade no processo de formação dos estudantes, sendo todos os anos feita uma mostra dos trabalhos que estes produzem em diversos locais, em particular em Faro e Loulé. Além disso, têm procurado contribuir para o desenvolvimento da perceção, da reflexão e do potencial criativo, dentro da especificidade do pensamento visual, num processo que requer um elevado grau de interdisciplinaridade e de integração entre os diversos meios de produção artística. Com um corpo docente constituído sobretudo por artistas, os alunos têm oportunidade de vivenciar de perto o mundo da arte na sua complexidade. Tudo isto suportado pela investigação desenvolvida no Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC), avaliado com “Muito Bom” pela FCT, permitindo uma oferta formativa que vai da licenciatura, ao mestrado e ao doutoramento.
Mas voltando à exposição, o título desta remete para uma perspetiva defuturo com otimismo relativamente à possibilidade da arte ser vista ao vivo e para o regresso à interação social, não ficando inibida com a pandemia e o confinamento.
Curiosamente, “Regresso ao futuro” foi também a designação do evento solidário de música, realizado no passado dia 20 de junho, que integrou a realização simultânea de 24 concertos, em vários locais do país. As receitas de bilheteira, geridas pelo Fundo de Solidariedade para a Cultura, pretendem apoiar financeiramente profissionais do setor cultural.
Este apoio revela-se imprescindível para que muitos profissionais do setor artístico consigam fazer face a este período, na expetativa de que, num futuro que se deseja próximo, as atividades artísticas possam voltar a ser realizadas como dantes.
No entanto, há quem diga que nada será como dantes e, pelo menos a curto prazo, as exposições terão que respeitar um conjunto de regras de saúde pública, para garantir a segurança de todos.
No caso desta, no dia da inauguração foi necessário ser feita marcação antecipadamente, para horários previamente definidos, sendo admitidos 10 visitantes de cada vez no interior do espaço de exposição e 20 no exterior. Além disso, o uso de máscara e a higienização das mãos são práticas obrigatórias, havendo gel desinfetante para as mãos à entrada do espaço.
Algumas das obras dizem respeito ao período em que vivemos, até pelos títulos que apresentam, como é o caso do trabalho “Experiência de quarentena” de Rúben Gonçalves, outras referem-se a temas bastante atuais na sociedade, como é o caso da obra “George Floyd”, de Raymond Dumas, mas é bastante vasto o conjunto de temas e de técnicas de produção artística usadas nesta exposição de arte contemporânea, a qual estará patente até 26 de Julho de 2020, com o horário de sexta-feira a domingo, das 15 horas até às 19 horas.
Vale a pena…
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de julho)