Fala-se muito da importância de atrair grandes empresas para Portugal – porque pagam melhores salários, inovam mais, são mais produtivas e têm um efeito multiplicador positivo no resto da economia. Portugal não é um país de grandes empresas e as grandes empresas que existem no nosso país têm uma dimensão reduzida quando comparadas com as grandes empresas dos outros países da Europa Ocidental.
Vamos ver o que dizem os números. A capitalização média das dez maiores empresas portuguesas cotadas em bolsa era de 6 mil milhões € em Outubro de 2024, apenas superando, na Europa Ocidental, a Grécia (5 mil milhões €) e a Islândia (mil milhões €).
Em França, as dez maiores empresas cotadas em bolsa têm uma capitalização média de 157 mil milhões €, um número cerca de 26 vezes superior ao que se verifica em Portugal.
A dimensão do país terá alguma influência na dimensão das empresas, mas a Irlanda e a Dinamarca têm cerca de metade da população portuguesa e as suas dez maiores empresas valem, em média, 75 mil milhões € e 68 mil milhões €, respetivamente, muito mais que em Portugal. Por outro lado, na Itália, apesar de ser um dos países mais populosos da Europa Ocidental, a capitalização média das 10 maiores empresas é quase 40% inferior às 10 maiores empresas francesas.
Ou seja, o parágrafo anterior demonstra que o tamanho dos países ajuda a potenciar o crescimento das empresas, graças à existência de um mercado doméstico maior, mas não parece ser o fator crucial. Como tal, a dimensão do nosso país, apesar de muito inferior à Alemanha, França ou Reino Unido, por exemplo, não é um impedimento para conseguirmos ter mais e maiores grandes empresas nem deve hipotecar a ambição de Portugal ser mais competitivo entre os grandes players empresariais mundiais.
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