Nunca te entenderei nessa parte. Jamais conseguirei perceber porque é que não gostas plenamente de ti!
Até posso compreender os medos que te assolam e ler-te nos olhos os sonhos e aspirações.
Posso encontrar as fracas razões que se escondem por detrás das tuas infundadas angústias.
Posso captar as tristezas que calas e as memórias que nunca partilharás com ninguém.
Mas jamais saberei entender porque é que, em vez de te amares, te toleras!
Sim, eu sei: é frequente as pessoas gostarem pouco de si mesmas; é comum sentirem-se fracas, imperfeitas, inferiores. Mas será isso normal? Será esse o rumo certo?
É que do desamor por nós mesmos nascem grandes males: dá-se a catástrofe de vidas inteiras que se perdem em sequências de imperfeitos momentos.
Porquê?
Porque gostam tantas pessoas assim tão pouco de si? Será porque acham que não correspondem aos padrões estipulados?
Porque se vêem desinteressantes?
Porque se crêem menores e menos capazes do que na verdade são?
Porque foram ensinadas assim, talvez.
Mas será assim tão importante obedecer a medidas e formatos, físicos e comportamentais?
Haverá mesmo que buscar a beleza, a qualquer custo, a qualquer preço?
Será mesmo crucial querer manter a juventude para sempre, nem que seja a toque de tinta, químicos e bisturi?
Será que não entendes mesmo ou que nunca pensaste nisto?
A beleza e sensualidade de um corpo nunca vêm do corpo; elas nascem na aura de quem naturalmente se cuida, inteiramente se aceita e coerentemente se ama.
O brilho da juventude não está na rijeza das carnes nem em faces engomadas; não está no topo do jogo nem na ausência de cãs; está nas auras daqueles que, sem nunca desistirem de se tentar melhorar, se aceitam numa sábia e global gargalhada.
(CM)