Olho para ele muitas vezes e pergunto-me para que servem, afinal, os gatos. Dormem o dia todo, apenas com eventuais interrupções para se fazerem passar por infernais máquinas de plutónica energia que correm pela casa inteira e saltam por todo o lado como se estivessem loucos.
Aninham-se onde bem lhes apetece, até no nosso sítio preferido do sofá, e fazem-no com a soberba superioridade de quem sabe que não será incomodado. Deve ser por isso que às vezes os chamamos sem que apareçam e, procurando cada recanto, só por acaso os encontramos no cimo de algum móvel ou no armário dos tachos.
Também perseguem moscas como se a sobrevivência do mundo dependesse dessa caçada mas, em resumo, parecem apenas servir para comer, dormir, usar as suas casas de banho e esperar pelo nosso colo, ao fim do dia, para se virem banquetear de mimos…
É isso: os gatos são puras máquinas de levar mimos, são o epítome da mimalhada (tanto que até se discute, cá por casa, se o gato não será mais mimado que eu!)
Posto isto, e depois de tanto observar o Nilo, posso resumir com convicção para que servem os gatos: é para nos derreter por completo e fazer de nós seres levemente melhores.