Os Professores foram muito maltratados durante duas décadas, desde 2005 até ao ano passado, 2023. Foram, e são, mal pagos, até foram acusados de serem os culpados da má situação da economia e do país, os espertos (porque não quero chamar-lhes outra coisa) ainda se pavoneiam em alguns antros de oportunistas.
Aos Professores foi-lhes tirada a autoridade na sala de aula e na sociedade, começou-se a assistir aos encarregados de deseducação irem bater nos professores dentro da escola e da própria sala de aula. Quando se rebaixa uma classe profissional desta forma como é que se consegue motivar os jovens a seguirem esta nobilíssima profissão?
Aqueles alunos (muito poucos) que entraram agora para a Universidade para cursos de ensino só serão professores daqui a cinco anos (pelo menos), entretanto reformar-se-ão mais uns 10.000 professores, (só este ano são quase 5000) para além daqueles que mudarão de profissão, se agora não há professores suficientes, como será daqui a cinco anos?
A culpa não é deste governo, a culpa é de toda uma chusma de incompetentes que andaram a protelar todas as soluções, que não fizeram qualquer planeamento e muito menos uma programação das necessidades de professores no futuro, limitaram-se a arranjar tachos para os amigos do partido.
Quiseram fazer crer que a qualidade do ensino era apenas devido à falta de formação contínua dos professores, por isso estes são obrigados a frequentar ações de formação pagas muitas vezes pelos próprios professores, mas a responsabilização dos políticos essa é intocável.
Os professores não aparecem de um momento para o outro por decreto lei. Quem disser ao contrário está a tentar ludibriar alguém.
Não acredito que existam professores reformados que voltem a dar aulas, o problema não é só de dinheiro trata-se de cansaço e saturação psicológica motivada pela carga de trabalho burocrático e também pelo choque de gerações, foi todo um enorme vexame de uma classe profissional que tem por missão formar intelectualmente as gerações que governarão este país no futuro. É esse o problema, povo que sabe pensar sabe reclamar e isso não interessa aos incompetentes e gananciosos.
Não foi por mero acaso que o governo do “filósofo” foi copiar o sistema de avaliação dos professores ao Chile onde tal sistema já tinha dado muitos problemas, não se “lembraram” de copiar o sistema de avaliação dos professores dos países mais desenvolvidos do norte da Europa que têm os melhores sistemas de ensino do mundo. Nesses países um professor atinge o topo da carreira ao fim de 15, 18 ou 20 anos, conforme o país, em Portugal são necessários 40 anos de serviço e é preciso que o governo abra vagas nos escalões para poder haver progressão na carreira.
Um professor/a pode ser o melhor professor da escola, mas não pode progredir na carreira porque não tem vaga, simplesmente anacrónico. Se as empresas adoptassem um sistema de avaliação, dos seus trabalhadores, equivalente ao sistema de avaliação dos professores iam à falência em apenas um ano. Mas ainda há quem acredite naqueles imbecis.
Ao longo destes vinte anos não foi feito o investimento necessário no sistema de ensino no seu todo: alunos, professores, funcionários das escolas, currículos, tecnologia e instalações. Apenas se fizeram remendos em algumas escolas e alterações nos currículos quase todos os anos, por vezes sem sentido. Agora é todo o sistema que está carenciado de investimento, para resolver a situação é necessário planeamento e coordenação.
Não investir num sistema de ensino de qualidade é pôr em causa o desenvolvimento futuro do país.
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