Peço desculpa aos artistas palhaços, que trabalham honestamente no circo, porque há vários anos que não vou aos espetáculos.
Esta ausência deve-se ao facto de ter espetáculo de palhaços da política que apesar de parecer gratuito sai-me muito caro e com a desvantagem de eles não perceberem nada de artes performativas.
Estava eu, há alguns dias, muito entretido a ver o que não se deve ver, quando surgiu um palhaço não profissional, mas a ganhar muito bem, imitando uma pessoa, disse que se “não há água não é preciso fazer barragens”, fez-me revoltar o estômago devido ao preço que pago pelo bilhete para assistir ao espetáculo. Recordei-me do Campo Pequeno em 1975.
Há palhaçadas fabulosas que só se consegue imaginá-las nas fábulas. Imaginem uma palhaça ‘loira’, transbordando de felicidade por ser palhaça, num cais de comboios a dizer qualquer coisa parecida com ‘é impossível o comboio chegar cá’ não tardou até que o comboio passasse sem esperar por ela, como é ‘loira’ leva mais tempo a ver a realidade.
Neste mundo com grilhetas, os palhaços da política são reis sem ascendência real, apesar disso, não podemos chamá-los por ‘Ó senhor palhaço’, mas no circo podemos faze-lo.
Segundo me consta, os palhaços artistas profissionais têm uma escola de artes performativas, os palhaços da política também têm uma escola, mas é enorme e com muitas delegações em todo o país. Reconhece-se facilmente os palhacinhos aprendizes a aprenderem a ganhar dinheiro com essa vocação e aspirando a serem marionetas ao serviço dos grandes interesses deste circo e de além-fronteiras.
Imaginem um qualquer palhaço que não se sente bem e ameaça os vizinhos com uma zanga qualquer, mas depois descobre que ficaria pior e deixa de querer crises como a asma ou alergia a tachos distantes, a $aúde está primeiro.
Os palhaços no circo apenas pretendem ganhar alguma coisa para viverem, os seus números giram à volta da representação do palhaço pobre e palhaço rico, na vida quotidiana os palhaços que representam para nós todos os dias são pobres, mas imitam e querem ser palhaços ricos, “é a vida”.
Coitados dos palhaços do circo, são comparados com uma qualquer coisa.
Esta é uma crónica do nosso tempo, mas podia ter sido escrita há um século ou daqui a um século, infelizmente continua tudo igual.
Está na hora de eu não escrever mais, “não me apetece”.