Aparecem notícias, com demasiada frequência, sobre a invasão de salas de aula por pais de crianças para guerrearem e baterem nos professores.
Os professores, apesar de todas as carências materiais das escolas, existem para ajudarem na educação e para ensinarem utilidades científicas para a vida futura das crianças enquanto cidadãos responsáveis, por isso é intolerável a invasão de salas de aula com o propósito de atacar fisicamente aqueles que lutam diariamente para ajudar na formação das crianças para serem cidadãos válidos. Na prática, esses pais energúmenos mostram às crianças o que não se deve fazer, as crianças percebem.
Tal como eu não posso aceitar que alguém entre num tribunal, durante uma audiência, a gritar, a querer bater e a dizer ao juiz como deve proceder, também não posso admitir que existam invasões de sala de aula.
Existem pais que não acreditam no sistema de ensino, ou por outro qualquer motivo, assumem a escolarização dos seus filhos, é legal, está previsto na lei, qualquer pessoa pode faze-lo. Nunca me constou que um médico ou um engenheiro invadisse a sala de aula dos filhos para guerrearem com o professor, isso só acontece com pessoas malformadas, este facto representa a reprodução das classes sociais tal como as conhecemos.
Os professores são aquelas pessoas que tentam formar o melhor possível todos os jovens para que eles consigam ultrapassar as barreiras de classe social, mas o reconhecimento por parte de alguns pais, não existe, pelo contrário, são vilipendiados no desempenho da sua nobre profissão, contra os interesses dos próprios alunos.
Este tipo de atitudes acontecem contra os professores, contra os médicos e enfermeiros, e contra a policia, é uma pouca vergonha que o Estado teime em não defender os seus pilares face à sociedade. Só a incompetência e incúria dos órgãos legislativos pode justificar esta situação aberrante.
Num país onde a percepção popular da incompetência, do tráfico de influências e da corrupção, é alarmante, não se pode esperar muito mais da parte do legislador.
Os autores dessas atitudes sabem que podem estar à vontade porque as escolas não têm segurança e que nunca lhes acontece nada, não pagam qualquer multa e se forem condenados em tribunal é com pena suspensa, o que equivale a coisa nenhuma.
Durante todo o século passado, a profissão de professor era muito bem considerada na sociedade, cabe ao Estado reconstruir essa consideração social sob pena de a sociedade regredir.