Ao longo da história houve sempre a utilização de mercenários para fazerem o trabalho sujo da guerra. Foram e são utilizados nas guerras em todos os continentes, é possível que Portugal também os tenha utilizado em África.
Os mercenários são homens que gostam da guerra de aventuras e que em troca recebem umas coroas e uma imaginária posição social, são instruídos militar e mentalmente para fazerem o que lhes mandam retirando-lhes a capacidade de raciocinar sobre aquilo que fazem, se a tivessem não faziam. São pessoas sem ideais e sem fidelidade a um Povo. Aqueles que os mandam fazer as piores atrocidades elogiam-nos na praça pública, serve-lhes a si próprios como autoelogio de grandes comandantes que gostariam de ser, sentindo-se orgulhosos de os terem comandado.
Os mercenários não são orientados por ideais e pela bravura, mas sim pela loucura e pelo dinheiro. Quando a guerra acaba os mais graduados fogem como ratos para um país aprazível, vivendo à sombra da ‘bananeira’, mas deixam os seus subordinados entregues à sua sorte. Quando vejo rasgados elogios a mercenários e afirmações de que o Povo ama essas personagens, pergunto porque é que com o fim da guerra não ficam com esse Povo que dizem que os adoram, eu penso que um grande comandante não renega o seu Povo nem mata os seus compatriotas, por muito que se lave não tira o sangue das mãos. Também não faz sentido ser condecorado por um exército estrangeiro que lutou contra o seu Povo, mas há quem acredite que essas condecorações e promoções são verdadeiras e genuínas no reconhecimento de actos valorosos em prol de uma pátria.
É natural que existam, por todo o mundo, pessoas agradecidas a mercenários que os tiraram de situações ‘apertadas’ na guerra, o ordenado tem que ser justificado por acções a favor de quem lhes paga, as boas e as más acções dependem da perspectiva que se tem de cada acontecimento, o que é bom para uns é mau para outros, a razão raramente é absoluta.
Os mercenários são defensores de interesses que não conhecem, limitam-se a obedecer com a ilusão de que têm razão. São apenas executores das instruções vindas das altas chefias políticas e militares, através de pessoas ou grupos de ligação, alguns deles conhecem o ‘terreno’ que pisam, mas não levantam ‘ondas’, vivem na penumbra.
Há mercenários em outras áreas, em Economia basta pesquisar por “assassinos económicos”, aqueles que queiram pesquisar vão ficar de boca aberta e entender muito do que se passou em Portugal nos últimos vinte anos.
Fico triste quando vejo uma multidão de apoiantes de ex-militares mercenários, não pelo simples facto de apoiarem, mas porque vejo que apesar da proventa idade não conseguem meditar sobre a realidade concreta das suas vivências e da sociedade.