Um senhor Deputado do Partido Social-Democrata acaba de ter o seu momento de fama na política, da forma mais rasteira do que poderia esperar-se de uma pessoa aparentemente respeitável e moralmente bem formada.
Por razões que talvez nunca venhamos a saber em que nível se enquadram as suas reservas, o que talvez até não deixe de ser conveniente, o senhor acaba de anunciar o fim da sua militância no Partido, por não se rever na acção política da actual direcção. Não se revê na acção política, mas, que conste, nada fez para ajudar a alterá-la, nem renunciou ao seu lugar de Deputado. Sem representar nada nem ninguém, não teve a hombridade de sair da Assembleia, continuando a receber o salário sem nada produzir.
Sendo uma atitude perfeitamente aceitável de qualquer cidadão e seja de que Partido for pedir a sua desvinculação quando chegou à conclusão de que estava enganado em relacção à sua ideologia e eventual desvio da prática política seguida, já não parece razoável que o abandono seja precedido pelo vómito da sua inconsequente e tardia discordância.
Embora empertigado naquilo que considera ser a sua importância no seio do Partido, não me parece que o PSD fique muito incomodado com a sua desvinculação, tendo em conta o baixo nível de carácter que demonstrou pelo veneno da narrativa que debitou para a comunicação social, com a única intenção de denegrir o Partido onde militou durante décadas.
Que se saiba, o PSD não alterou a sua ideologia, com a qual parece, agora, não concordar. Assim sendo e segundo o que já foi aflorado na comunicação social, estará perfeitamente livre para se inscrever no Chega, pois talvez encontre aí a sua natural área de conforto e entender, assim, que terá andado equivocado durante décadas, o que não abonará muito a sua capacidade de análise.
Em meu entender, o PSD não precisa de militantes que cuspam no seu próprio prato da sopa e que, quando discordam, em vez de procurarem ajudar a procurar o caminho que consideram mais certo e justo, acabam por fugir ao salutar confronto de ideias e vir para a praça pública debitar toda a sua maledicência, aproveitando momentos que sabem poder vir a provocar danos.
Sigam então o vosso caminho, mas nunca se esqueçam que os dirigentes podem mudar e mudam com frequência, mas o Partido fica e continua em frente, na busca do seu melhor desempenho.
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