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Opinião

Onde anda a estrela…?

Opinião de Carla Fernandes, psicóloga clínica

18:42 10 Janeiro, 2022 18:43 10 Janeiro, 2022 | SIC Notícias

Diz a história que a Estrela conduziu os Reis Magos até Cristo, penso que andamos nestes tempos conturbados de forma consciente ou inconsciente à procura da nossa Estrela. O tempo tem estado bastante nublado, e a Estrela teima em estar ofuscada e difícil de ver.

Temos formas interessantes de nos organizarmos mentalmente, passamos grande parte do tempo a definir planos, a sonhar com o que queremos fazer e, no entanto, na maior parte das situações, boicotamo-nos. Porque será que o auto boicote está tão presente no nosso dia a dia, nomeadamente nas nossas relações? Será por medo do desconhecido, do medo de falhar, por insegurança em arriscar no novo?

As razões são várias, as formas do fazer também, mas parece ser uma estratégia cada vez mais adotada. Mecanismos de defesa como a racionalização, as negações, entre outros, justificam todas as nossas atitudes, sem questionarmos a verdadeira razão do nosso boicote. Vivemos momentos de grande instabilidade, insegurança e confusão e colocamos quase tudo em dúvida, será que estou a pensar bem, será que faço bem em fazer isto? A tranquilidade que nos acalma à alma, está nublada. Quando recentemente ouvimos falar de autovigilância e bom senso na mesma frase, a desconfiança fica alerta. Como podemos pedir às pessoas comportamentos e atitudes, sem informação, conhecimento e sobretudo sem serenidade. Talvez o auto boicote até ganhe sentido.

Ao ouvir as notícias da última semana, e se fosse um ET a aterrar na terra diria que estes seres que por aqui andam e falam, andam todos muito confusos e parece que andam a jogar ao mentiroso, só que não usam cartas, usam pessoas. Como ET que acabou de chegar, tento encontrar o paradeiro da Estrela, preciso de orientação, de um guia, preciso de saber afinal para onde vou. Acredito que neste momento a maioria das pessoas, faça a mesma questão, para onde vou?

No dia de hoje, todos talvez digam, a caminho de 2022, cheios de planos, desejos, sonhos que sabemos à partida não se irão realizar. Quantas vezes já os desejámos e nada aconteceu? A responsabilidade não é do Ano Novo, o problema é nosso, que depositamos numa data, todas as nossas expectativas e pouco fazemos de forma séria para as alcançar. Quantos não desejam para o novo ano, começar uma dieta, fazer mais exercício físico, deixar um vício, terminar uma relação disfuncional, estar mais tempo em família, e quantos fazem votos para mudar de padrão? Deixar de ser teimoso, ser humilde, tolerante, paciente, estar mais presente, nem que para isso tenha de abdicar de algo que goste muito, os sonhos estarão sempre lá, nós e os nossos padrões de comportamento também, a mudança essa ficará sempre pendente de uma data do calendário.

Aprendemos nestes últimos dois anos, a muito custo, que o melhor é viver o dia a dia, pois não sabemos se o auto teste irá dar positivo e os próximos dias em vez de realizarmos o planeado, teremos de ficar em isolamento. Isolamento que poderia ser bem aproveitado e gerido se tivéssemos a nossa saúde mental equilibrada. Penso que não é para a maioria das pessoas o caso. Tornámo-nos todos experts em COVID, já fazemos autotestes como quem bebe um copo de água, fazemos autodiagnósticos, diferenciamos sintomas ligeiros de graves e prescrevemos isolamentos e altas. Quem diria que não iriamos ter uma pós-graduação, mas sim, um mestrado em COVID.

Ao passarmos de um vírus muito grave que causa muitas mortes para uma variante semelhante a uma constipação, aligeira a gravidade das situações e leva-nos a continuar a baixar a guarda. O que ainda nos afeta são as restrições que mais ou menos compreensíveis se apresentam como limitações ao nosso dia a dia. O mesmo se passa como as nossas atitudes de auto boicote, embora saibamos que as temos, como são ligeiras e até defensivas, mantemo-las. A questão de fundo é, se assim é porque nos queixamos? Queixamo-nos para sermos ouvidos, acredito que neste momento precisamos muito de falar. Dou por mim a estar num grupo de pessoas, em que a maioria quer ser a protagonista da conversa, tem sempre assunto, novidades, opinião sobre tudo, e nem sequer tem consciência que monopoliza a conversa. As pessoas precisam de atenção. Quando alguém as interrompe no seu discurso, apresentado um ponto de vista diferente, não escutam, tal é a convicção das suas certezas. Sem autoquestionamento e mesmo com ele, o auto boicote está presente, “Síndrome de Gabriela: Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim…”.

Antes da COVID, a saúde mental dos portugueses não se encontrava bem, a COVID intensificou e trouxe à superfície outro tipo de patologias, que até à data passavam despercebidas no dia a dia das pessoas. Interessante perceber que a saúde mental é sempre um tema que surge como preocupante e a ser levado em conta como prioridade, mas depois nada se implementa, nem tão pouco se concretiza. Parece que estamos todos à espera que o problema de saúde mental passe como a sintomatologia ligeira de uma constipação. Diria que a sociedade boicota o tratamento dos problemas de saúde mental. Temos medo, receio do desconhecido e se assim é, o melhor é lidarmos com a questão como temos sempre feito, mesmo que não resulte. É o padrão das políticas preventivas da saúde.

Esperamos que o nevoeiro passe depressa, que venha a primavera, para que a Estrela se torne visível, precisamos mesmo de ver, de acreditar que existe um caminho, e que as resoluções possam não estar na folha de um calendário, mas dentro de nós!

  • Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL
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