Foi com um sentimento de grande tristeza que tomei conhecimento do falecimento de uma figura importantíssima da cultura do Algarve, essencialmente no que respeita à cultura cinematográfica, a Graça Lobo.
Conheci a Graça logo nos primeiros dias em que assumi funções como Delegado Regional de Educação do Algarve quando, com o seu jeito apaixonado por tudo o que fazia associado ao cinema, me quis apresentar o Projeto “Juventude, Cinema, Escola”. Foram momentos de extrema euforia que levaram a que, ao longo de todo o período em que ocupei o cargo, tivesse lutado, mesmo que por vezes isso não tenha sido notado, para que o entusiasmo da Graça não se perdesse e, ano após ano, pudesse surgir mais uma “fornada” de formandos, sensibilizados para a arte maravilhosa que ela defendia, o cinema.
Mas a Graça não tinha só uma paixão pela 7.ª arte, ela falava dela com tal fervor e conhecimento que nos envolvia de uma forma tal que, por vezes, até parecia que fazíamos parte do elenco do próprio filme. Assisti a algumas ações de formação que faziam parte do Projeto e facilmente percebi que aquilo que ela sentia quando falava dos filmes era quase que vivido pelos colegas professores, naquelas horas que dedicavam a partilhar com ela a sua paixão.
Pela grandiosidade e importância do trabalho que conseguiu realizar ao longo de toda a sua vida, penso que se pode afirmar sem qualquer sombra de dúvida que, com esta perda, todo o Algarve ficou mais pobre, e refiro o Algarve porque, também graças a ela, era apenas na região que o Projeto “Juventude, Cinema, Escola” estava implementado.
A toda a família e amigos apresento as minhas sinceras condolências.
Francisco Manuel Marques, ex-Delegado Regional de Educação do Algarve