Há muitas mulheres que andam profundamente enganadas. Essa história de idealizar o príncipe encantado e esperar que ele lhes apareça é uma das maiores falácias da humanidade. Esperar por alguém romântico, belo, altruísta, corajoso, presente, responsável, aventureiro, surpreendente e envolvente… é apenas uma deliciosa (mas perigosa!) quimera.
E, enquanto andam perdidas nestes devaneios impossíveis, elas esquecem-se da coisa mais fantástica que lhes pode acontecer: tratarem de, consciente e paulatinamente, se ir transformando a si mesmas no herói da sua história.
E é assim, no mar desse esquecimento e nos cinzentos contextos da rotina, que elas se deixam prender em vidas banais, muitas vezes também junto a homens banais, olvidando a alquimia de se construírem como príncipes.
“O verdadeiro Capitão nesta história és tu…” dizia-me, há dias, o Capitão.
A voz dele, nestas palavras, soa-me sempre doce, impregnada de verdade; numa constatação resignada mas não sofrida.
E sempre que o diz volto a maravilhar-me com o que tenho feito com o barro de essência e corpo que esta vida me deu; volto a orgulhar-me das opções, da visão épica sobre as pequenas coisas, do emocionante filme em que transformo os banais momentos. Sempre que o diz regresso à certeza de estar a trilhar bem o caminho, a escrever bem esta história que me faz apaixonar-me de novo, a cada dia, um pouco mais, tanto pelo príncipe encantado que tenho potenciado ao meu lado, como pelo príncipe encantado em que eu própria me tenho tornado.
(CM)