Frequentemente, a propósito da pretensão de construção de um acesso pedonal à praia de Cabanas, alguns cidadãos referem, nas redes sociais, que com a construção de um passadiço para a praia, Cabanas perde o seu encanto.
Nessa perspetiva, o encanto de Cabanas é:
– os residentes de Cabanas terem acesso à praia da sua terra apenas no período de época alta, quando há mais turismo?
– para ir à praia e para voltar da praia termos que estar em fila para viagens de barco de apenas um minuto, ao sol e ao calor, com bagagens e/ou com crianças?
– termos uma praia que não é para todos porque as pessoas com mobilidade reduzida não conseguem frequentar os barcos?
– ter uma praia em frente das nossas casas e ter que pegar no carro e ir a outras praias?
– a vila de Cabanas ficar oito meses por ano sem o que de melhor tem – a sua praia -, com prejuízo para o desenvolvimento económico da vila e da vida dos seus residentes que assim têm invariavelmente trabalho apenas sazonal?
– permitir que continue a poluição que acontece numa estreita zona da Ria Formosa, transformada em canal de navegação, com um número exagerado de embarcações e de viagens, a verter gasolinas e óleos?
– recorrer às inevitáveis dragagens, única forma de manter o canal de navegação, numa ria caractetizada pela tendência ao assoreamento?
– persistir numa gritante ilegalidade, uma vez que a carreira de barcos se realiza numa zona da ria que, afinal, não é canal de navegação mas sim zona de proteção ambiental máxima?
– entregar a desnecessária exploração marítima, em exclusividade e por 25 anos a uma única empresa, como pretende a Câmara Municipal?
Pois para os cerca de 9300 cidadãos que subscreveram uma petição, o encanto de Cabanas será ter praia para todos, todo o ano e a qualquer hora, promovendo o desenvolvimento da terra, o nível económico das empresas locais e, consequentemente o nível de vida dos cidadãos, diminuindo a poluição na ria e melhorando o bem estar dos cidadãos. Isso consegue-se através da construção de apenas 200 metros de passadiço pedonal, que ligue o passadiço da marginal ao passadiço de apoio aos barcos, colocado na ilha pela Câmara Municipal há apenas três anos.
Que se priorize o interesse público, relativamente aos interesses privados, como deve ser norma num estado de direito democrático. A opção contrária constituirá um lamentável erro político para o presente e para o futuro.
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