As guerras são uma amálgama de tudo aquilo que não queremos que exista. Enquanto que antigamente, as guerras significavam, principalmente, morte de pessoas, hoje são fundamentalmente destruição de bens e haveres públicos e privados. A destruição gera, no futuro, a reconstrução do que foi destruído e, portanto, lucros acrescidos para alguém, para além das condecorações, medalhas e promoções. Mas a destruição maciça, e cirúrgica, não significa diminuição de mortos, pelo contrário, a quantidade de mortos cresceu muito devido à dimensão das guerras e à sofisticação das armas.
A acrescentar aos mortos diretos nas guerras, todos aqueles que morreram pela fome e pelas doenças em consequência dos conflitos.
Existe abundante literatura estatística acerca desta temática, mas como partem de pressupostos diferentes os números também são muito diferentes. Eu cingi-me aos valores publicados pelo PNUD porque talvez sejam mais confiáveis, embora não se tenha informação sobre os critérios de seleção da informação.
Os custos dos conflitos em vidas humanas crescem constantemente.
Ao mesmo tempo que as guerras evoluem em todas as suas dimensões, também o conceito de mortos em guerras evoluiu, assim temos: trespassados, mortos, baixas e baixas colaterais, estas querendo significar os mortos civis que são quase sempre mais do que os mortos militares.
Antigamente as guerras eram provocadas maioritariamente para alargamento das fronteiras, hoje é para aumentar o domínio político-económico, nas denominadas áreas de influência.
Se por um lado a guerra não é um sítio bom para se viver, por outro desenvolvem-se algumas tecnologias que mais tarde são utilizadas utilmente pela sociedade.
Para além das causas específicas de cada guerra, existem teorias que tentam explicar a existência das guerras, tais como a teoria da autodestruição da espécie humana ou a teoria da guerra justa. Todas elas juntam a moral, a religião, a paz e o direito, numa análise à posteriori sem que tenham em atenção ou aprofundem a análise do egoísmo humano. A ostentação e a sede de poder são progenitoras de muitas guerras.
Não me parece que, nos próximos séculos, se corrijam os erros do passado. Digo isto porque continuam a existir, por parte dos Estados, despesas militares muito superiores às despesas com a educação ou em investimento produtivo socialmente necessário.
Se os Estados mais desenvolvidos fizessem um investimento em ciência e tecnologia proporcionalmente equivalente ao esforço que Portugal fez na época dos descobrimentos, é natural que a humanidade já vislumbrasse novos mundos longe da Terra.
A partir da segunda tabela, podemos constatar algumas contradições nas prioridades na utilização dos recursos dos governos de alguns países. Os países pobres têm despesas militares superiores às despesas com a educação e com a saúde, e são também esses países que ‘exportam’ mais refugiados. Por outro lado, verifica-se que quando há conflitos armados num país são os países limítrofes que recebem os refugiados independentemente da sua capacidade para os receber.
Note-se que apesar destes dados terem quinze anos, a situação global não se alterou significativamente, de ano para ano os países são outros, mas as consequências são sempre as mesmas.
A riqueza e a pobreza reproduzem-se continuamente ao longo da história, é um terreno fértil para provocar guerras.