Corria o ano de 2016, quando o Primeiro-Ministro António Costa, prometia que no ano seguinte todos os utentes do SNS passariam a ter acesso a médico de família. Desde que António Costa fez esta promessa, decorreram quase 7 anos e pela pasta da saúde já passaram 3 ministros.
É curioso ver, que hoje, o número de utentes do SNS sem médico de família é bem superior ao valor de quando este PM tomou posse em 2015, havendo hoje mais de 1,6 Milhões de pessoas sem médico de família.
Esta realidade é particularmente gravosa no Algarve, onde em março, 21,9% dos inscritos no SNS não tinha médico de família, segundo os dados do Portal da Transparência do SNS. Nesta “liga dos últimos”, apenas fica à frente do Algarve, a região de Lisboa e Vale do Tejo. Esta é, infelizmente, uma realidade que nos deve preocupar a todos, devendo a sociedade civil exigir mais do governo. Não se trata apenas de exigir o cumprimento de uma promessa, trata-se de satisfazer uma necessidade elementar da nossa região.
Os médicos de família são os médicos de primeira linha na cadeia de contacto com a maioria dos doentes, por isso são essenciais ao bom funcionamento do SNS. São também eles que rastreiam e fazem um acompanhamento de perto. Por isso, não apostar na medicina geral e familiar, é votar toda uma região aos diagnósticos tardios, às doenças crónicas descompensadas e à falta de promoção da saúde. E se quisermos, gastar mais recursos para salvar menos vidas.
Este é o paradigma que temos de mudar: é necessário apostar na prevenção, porque fazê-lo, não é gastar dinheiro, mas sim investi-lo, poupando no futuro, e trazendo melhor saúde e qualidade de vida às pessoas. Não obstante, parece que temos um governo muito pouco preocupado em reformar e reformular o SNS para mudar este paradigma e que prefere ir fazendo promessas aqui e ali, acabando por nunca cumprir nenhuma. A eterna e nunca concretizada promessa do Hospital Central do Algarve, que tão necessário é, é prova disso mesmo.
Se queremos fixar mais profissionais de saúde na região, um dos primeiros passos é dar-lhes condições de trabalho para poderem exercer uma medicina de excelência. Nos últimos anos, o que se tem feito, tem sido uma desvalorização completa dos cuidados de saúde primários, tornando a Medicina Geral e Familiar uma especialidade pouco atrativa para novos jovens médicos. Prova disso é que no último ano, ficaram 50 vagas da especialidade por preencher, entre elas Medicina Geral e Familiar, havendo médicos a preferir ficar sem especialidade.
A pergunta que se impõe é: tomando consciência disto, como acreditar que o PS se preocupa com a saúde dos Algarvios? Não é possível! Ora, e se não se preocupa com a saúde, uma das vertentes mais importantes de um Estado de Direito, não preocupa com mais nada.
E quem não se preocupa com os algarvios, não é digno do seu voto.