Quando perguntado se era um génio, Einstein respondeu assim a um jornalista: Querem um génio, falem com o Linus Pauling.
Eu sou química de formação e, obviamente à data, estudei Linus Pauling e o papel que teve ao revolucionar a química no início do século XX, com a sua teoria sobre a ligação covalente, que é uma ideia mesmo muito gira e útil, onde dois átomos, iguais ou diferentes, partilham um mesmo eletrão ou mais, sem se zangar.
Um exemplo: a água, H2O para os amigos, tem uma estrutura onde um átomo de oxigénio, muito carente, pede emprestados dois eletrões a dois átomos de hidrogénio vizinhos, criando uma estrutura geométrica, H-O-H, não linear, mas em V. E com essa grande partilha, fazem vapor, gelo e o líquido onde quase tudo se dilui.
A propósito, Linus Pauling fez uma previsão:
Creio que podemos antecipar que o químico do futuro que estiver interessado na estrutura das proteínas, ácidos nucleicos, polissacarídeos e outras substâncias complexas com elevado peso molecular passará a confiar numa nova química estrutural, envolvendo relações geométricas precisas entre os átomos nas moléculas e a aplicação rigorosa dos novos princípios estruturais, e que se farão grandes progressos, através desta técnica, no ataque, por métodos químicos, aos problemas da biologia e da medicina.
E este ano de 2024, dois prémios nobel, um da Química e outro da Física, foram atribuídos a pessoas que inventaram como resolver a complexidade da estrutura das proteínas através de métodos de cálculo usando Inteligência Artificial, que envolvem medidas precisas das relações geométricas, tal como previsto por Linus Pauling. Esperam-se os benefícios antecipados para a biologia e para a medicina.
Pela teoria sobre a Estrutura das Ligações Químicas, Linus Pauling foi agraciado com um premio Nobel da Química em 1954; e novamente agraciado com um outro Premio Nobel, desta vez da Paz, em 1962, pela sua contribuição ímpar no movimento de académicos, Comité Emergencial de Cientistas Atómicos, fundado por Einstein, para acabar com os testes nucleares no espaço, para o qual se reuniu 68 assinaturas para entregar ao Congresso dos EUA, na época em que a comunicação entre investigadores ainda obrigava a colar selos em envelopes. Contribuição que a Humanidade não poderá considerar menor.
E porque, entretanto, viveu 93 anos, [1901-1994], e sabia o impacte que uma sua opinião ou presença tinha num evento ou na imprensa, Linus Pauling entreteve-se a estudar e a aclamar as virtudes da Vitamina C.
A sério, Vitamina C? Aquela coisa efervescente que as nossas mães nos obrigavam a beber diariamente supostamente com sabor a laranja?
(continua na próxima semana)
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