Daniel Mendelsohn (Nova Iorque, 1960) é doutorado em Estudos Clássicos pela Universidade de Princeton, professor de literatura clássica no Bard College, tradutor de poesia, ensaísta e crítico literário. Quando o autor, e que escreve naturalmente esta obra na primeira pessoa, se prepara para leccionar um seminário a estudantes pré-universitários no Bard College sobre a Odisseia, é surpreendido com a decisão do seu pai de 81 anos, Jay Mendelsohn, se decidir inscrever também. Escrito anos depois, o autor revisita o clássico homérico, com todo o rigor e erudição, em linguagem escorreita, enquanto disserta sobre as suas próprias memórias, especialmente em torno do pai, começando pela viagem em que o acompanhou ainda criança, quando o seu pai vai visitar, por seu lado, o seu próprio pai (o avô paterno de Daniel, portanto).
Da mesma forma que a Odisseia narra a história de um homem que passa duas décadas fora, mas que se centra, quando Ulisses regressa a Ítaca, particularmente no encontro com o seu filho, que mal o conhece, esta obra narra o reencontro com um pai que é bastante diferente do autor mas em relação ao qual reconhece a sua dívida. Terminado o curso, Daniel e Jay, pai e filho, embarcam ainda num cruzeiro educativo, «Recordar a Odisseia», que revisita os lugares narrados na epopeia homérica. É também nesta viagem exploratória da obra homérica que Daniel tenta afinal colmatar a insanável distância entre pais e filhos…
Esta obra, publicada pela Elsinore, foi finalista do Baillie Gifford Prize para não-ficção e vencedor do Prémio Médicis, do National Book Critics Circle Award, do Prémio Méditerranée 2018 e conduz-nos a este novo género que parece estar tão em voga actualmente que cruza ensaio com autoficção.