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O livro Talento Rebelde – com o subtítulo Porque vale a pena quebrar as regras no trabalho e na vida –, de Francesca Gino, professora na Harvard Business School, uma investigadora premiada e consultora de várias empresas, como a Disney ou a Goldman Sachs, é uma súmula de um estudo feito durante mais de uma década, publicado pela Temas e Debates.
São cinco os elementos nucleares do talento rebelde: «O primeiro é a novidade, procurar o desafio e o que é novo. O segundo é a curiosidade, o impulso que todos temos, em crianças, para perguntar constantemente «porquê?». O terceiro é a perspetiva, a capacidade de que os rebeldes dispõem de expandir constantemente a visão que têm do mundo e de vê-lo como os outros. O quarto é a diversidade, a tendência para pôr em causa papéis sociais predeterminados e procurar quem possa parecer diferente. E o quinto é a autenticidade, algo que os rebeldes abraçam em tudo o que fazem, mantendo-se abertos e vulneráveis, de modo a estabelecer ligações com os outros e aprender com eles.» (p. 18)
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e consultora de várias empresas (Fotos D.R.)
Em tempos conturbados, a nível económico e de valores morais, em que a competitividade pode ser brutal, a autora defende que a rebeldia não é necessariamente fonte de conflitos mas sim uma necessidade premente para a inovação e o sucesso das empresas, e dos profissionais, desafiando a convenção e a rotina de processos muitas vezes obsoletos. A rebeldia é aliás sinónimo de empenho.
«A maioria dos negócios segue regras, sem as quebrar. Nas organizações encontramos regras um pouco por toda a parte, sejam elas os procedimentos normais para desempenhar uma tarefa, uma hierarquia pormenorizada ou até o código de vestuário. Se ignorarmos as regras vai haver problemas. O caos. Os rebeldes são tolerados com relutância. Caso se tornem demasiado incómodos, são convidados a sair.» (p. 15)
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Francesca Gino apresenta casos retirados da Pixar, da Disney, do melhor restaurante italiano ou mesmo do mundo, de companhias aéreas e de uma cadeia de fast food em ascensão. Em vez de incorrer numa prosa fastidiosa e técnica, a autora perde-se aliás nestes casos de estudo, apresentando exaustivamente, provalmente pelo seu entusiasmo, as histórias de como estas empresas vingaram, apostando no diferente, e das pessoas que as levaram ao sucesso.
(CM)