O Homem Que Passeava Livros, de Carsten Henn, publicado pela LeYa / Lua de Papel, traduzido do alemão por Helena Araújo, é um extraordinário romance para todos os amantes da leitura. Um livro cheio de ternura e humor que tocará especialmente aqueles que fazem da leitura uma parte das suas vidas ou mesmo os mais reticentes em ler.
Todos os dias, ao fim da tarde, Carl carrega a sua mochila com uma série de livros embrulhados com esmero. Fecha a porta da livraria e começa a sua ronda pelos clientes habituais, que uma ou mais vezes por semana esperam a sua encomenda. Entrega as obras porta a porta ao milionário recluso, a uma bela jovem sempre alegre que apenas gosta de livros com final triste, à última freira de um convento, a um jovem halterofilista que prefere os clássicos. A encomenda é normalmente um livro que o próprio Carl escolheu, uma vez que conhece muito bem os gostos dos clientes, embora muitas vezes se esqueça dos seus verdadeiros nomes, pois a todos eles Carl apelidou com nomes de personagens (Mr. Darcy, Hércules, etc.).
Sempre foi esta a rotina solitária de um homem permanentemente acompanhado pelos livros. Até que certo dia uma miúda tagarela e inquisitiva de nove anos lhe salta ao caminho e não lhe dá escolha, acompanhando-o nas suas entregas ao domicílio…
Apesar das perguntas impertinentes de Schascha e das suas entradas intempestivas na casa das pessoas, Carl dá por si a estreitar uma inesperada relação com esta criança, órfã de mãe, que passa os dias sozinha e aborrecida. Carl aprenderá inclusivamente a redescobrir o mundo pelos olhos de Schascha, uma criança com uma capacidade extraordinária de ler as pessoas e que tenta mostrar ao velho livreiro como deve mudar o seu método. Entretanto, Carl também tem de aceitar que, no ocaso da vida, o seu trabalho como livreiro ao domicílio encontra-se ameaçado por uma nova era em que a tecnologia torna o seu modo de vida cada vez mais obsoleto, e coloca em crise o próprio mundo dos livros, com cada vez menos adeptos.
Cheio de referências literárias, a começar pelos títulos dos capítulos, este romance lê-se como uma fábula, tocando temas tão atuais quanto universais relativamente à leitura, de forma ligeira e divertida. Desde o escritor de gaveta, ao leitor de voz sedutora numa fábrica de charutos, esta história consegue entretecer o fascínio pela literatura com a magia da palavra numa série de personagens e episódios memoráveis e afetuosos.
O Homem Que Passeava Livros, tornou-se o bestseller n.º 1 na Alemanha, onde vendeu mais de 200 mil exemplares, e está a ser traduzido em 25 países. Carsten Henn trabalha como jornalista freelance e escreve para revistas alemãs e internacionais. Publicou livros policiais, comédias românticas, peças de teatro e um livro infantil.