Roger Scruton é filósofo, escritor e crítico cultural, com uma vasta e multifacetada obra, é um intelectual com presença assídua e um contributo importante na discussão pública de ideias, nos vários campos da filosofia ou mesmo na metafísica. A obra agora publicada pela Gradiva é a versão revista de três conferências proferidas na Universidade de Princeton em 2013.
O autor começa por considerar as teorias geneticistas para depois se demarcar delas com vista a sustentar a sua defesa, a partir de diversas leituras sempre referenciadas, de que a natureza humana não é simplesmente um outro estádio evolutivo da natureza animal. Isto é, o riso, a moral, a produção de uma cultura, a arte, e as várias formas de prazer que o ser humano pode experienciar, seja na sexualidade (que vai muito além da simples necessidade da espécie em se reproduzir, consistindo mais numa entrega ao outro) seja no usufruto estético da arte ou no saborear a comida, são condições que distinguem o Homem dos outros animais.
Diz o autor que «Tudo o que é mais importante para a condição humana foi construído sobre estes factos: responsabilidade, moral, direito, instituições, religião, amor e arte.» (p. 65)
O livro divide-se em quatro partes. Começa por fazer uma análise da espécie humana, dos seus traços distintivos, para passar às relações humanas, na linha do postulado de que o eu só se define face a um outro, o tu, e disserta depois sobre a vida moral e as obrigações sagradas.